Mercado de peixe deve impulsionar turismo em PG

Por Antonio Cassimiro | 14/7/2008

Com a inauguração do novo Mercado de Peixes, no bairro Ocian, em Praia Grande, a pesca artesanal pode se transformar em um novo motivo para o turismo na Cidade. É que além de encontrar melhores pescados e frutos do mar, o turista pode apreciar a exuberante arquitetura do prédio, que tem formato de barco, sendo ladeado por espelhos d’água. Para desfrutar da paisagem à beira-mar, binóculos de longo alcance também serão instalados no terraço da edificação.

A obra foi entregue pelo prefeito Alberto Mourão na tarde da última sexta-feira (11) e reuniu centenas de moradores e turistas em férias no Município. O Mercado de Peixes, réplica de um pesqueiro, está encravado no calçadão da praia, entre as ruas Carlos Gomes e Paula Ney. O formato transmite a impressão de estar ancorado.

Para o aposentado Waldemar Esquerdo, o empreendimento mudou “radicalmente” a aparência local. “Venho com freqüência à Praia Grande e acompanhei o desenvolvimento dessa obra. Não dá nem para comparar o que era e como ficou”, disse.

O operário Zinaldo de Souza Bastos trabalhou desde o início da obra, iniciada em novembro do ano passado, até poucas horas antes de sua inauguração. Fez questão de participar da solenidade de entrega. “Praia Grande está de parabéns. Trabalhei aqui desde a construção da primeira sapata e terminei meu serviço hoje. Fui em casa, tomei banho e voltei para dar um abraço no prefeito Mourão e para agradecer pelas obras que tem feito em Praia Grande”.

Nos 700 metros quadrados do prédio existem sete boxes para a venda de pescado, espaço de convivência com bancos e mesas em alvenaria e um mirante. Com auxílio de binóculos fixos, será possível avistar desde o Forte de Itaipu até o Bairro Solemar, além de um trecho da cidade de Mongaguá. O subsolo possui sete depósitos para armazenagem do material de trabalho dos pescadores, como rede e motores.

De acordo com a autora do projeto, a arquiteta Roseli Feijó, a concepção da obra, segundo recomendações do prefeito Mourão, buscou resgatar a história da pesca artesanal de Praia Grande. “Se voltarmos a 1993, o governo Mourão tinha esse objetivo de mudar a orla da praia e também elevar a auto-estima do cidadão local. Hoje, as pessoas têm orgulho de morar aqui e isso se deve ao trabalho de 15 anos realizado pela Administração”, comentou. Roseli projetou praticamente toda a orla marítima (calçadão, jardins e quiosques) e, por isso, considera que a história de Praia Grande se mistura à sua trajetória profissional.

O novo Mercado de Peixes traz inúmeras vantagens aos pescadores, já que a expectativa é que as vendas de pescado e de frutos do mar aumentem consideravelmente. Isso é o que prevê o mais antigo pescador em atividade no bairro Ocian (desde 1968), Raimundo Alves Neto. “Não é só a venda que aumentará. Para se ter uma idéia, assim como aconteceu com os quiosques, uma barraca de peixe antes podia ser vendida por R$ 15 mil ou R$ 20 mil. Hoje um box passa a valer mais de R$ 100 mil. Como profissional, hoje é um dos dias mais felizes de minha vida”.

Alphaville - O pescador comparou a entrega do Mercado como a saída de uma favela para uma moradia em um condomínio de luxo como Alphavile. Outro destaque, segundo Neto, é a qualidade dos produtos. Para ele, os pescadores terão de se adaptar às novas condições de higiene do pescado, que passa a ser melhor armazenados.

Quem comprar peixes no Bairro Ocian também poderá conhecer um pouco da história da pesca artesanal em Praia Grande. Imagens antigas, fornecidas pela Seção de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura e Eventos (Secult), estão expostas em quadros que retratam o trabalho dos pescadores em um período em que a Cidade ainda era bairro de São Vicente.

Naquela época, década de 60, o atual prefeito Alberto Mourão, então com 7 anos, lembra que observava os pescadores entrando no mar para jogar suas redes. “Era uma forma arriscada de pescar, mas que marcou minha infância. Ao entregar essa obra, lembro daquele tempo. Mas, assisti também à degradação dessa pesca artesanal, porque aqui se edificaram barracos na areia da praia e isso criou uma situação constrangedora para quem trabalha e para quem consome. Era preciso mudar isso, dentro do aspecto de urbanização que estávamos implantando”, destacou.

Além da condição mais salubre de trabalho e da segurança dos equipamentos dos pescadores, Mourão enfatiza a valorização imobiliária que passa a ser realidade com a retirada das barracas e construção do novo mercado. “Promovemos uma interferência que atende os interesses da coletividade em todos aspectos. Agora, não só moradores estão livres do mau cheiro e das condições precárias de higiene com que o pescado era vendido, como nesse entorno imóveis deixam de ser depreciados por causa da situação das barracas. A partir dessa construção, isso virou um ponto turístico que valoriza muito a região”.

Poesia - Para atender outra área da Cidade com a venda de pescados, a Prefeitura está readaptando a Boutique de Peixes, no bairro Boqueirão. A obra de revitalização consiste na readaptação dos boxes e das condições de segurança do prédio para proteção dos equipamentos dos pescadores. Assim como o desenho em formato de barco na arquitetura do Mercado do Ocian, o prédio do Boqueirão conservará a forma do peixe raia.

A pesca artesanal, por sua história, e os novos prédios públicos devem impulsionar o turismo no Município. Para pessoas mais românticas, podem também servir como inspiração, como foi o caso da professora aposentada Lita Moniz. Durante a inauguração, ela entregou poesia que ressalta a atividade pesqueira. “...Como é linda a minha terra! Passa um barco à minha frente, passa tão de repente. São os pescadores do lugar. Vão longe os peixes buscar...”