Querô – Uma Reportagem Maldita é selecionado para Festival Rio In Cena

Espetáculo é o único a representar o Estado de São Paulo no Festiva

18/5/2017

O grupo de teatro Insuporsanos, da Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), formado através das oficinas do Núcleo de Complementação Educacional Palácio das Artes, comemora mais uma conquista. Além da turnê que vem sendo realizada pela Baixada Santista, o grupo foi selecionado para apresentação do espetáculo Querô – Uma Reportagem Maldita no Festival Rio In Cena, um dos festivais de teatro mais conceituados do país.

O espetáculo, adaptado e dirigido por Alan Queiróz, é o único selecionado no Estado de São Paulo, e está entre os 13 melhores do país. O Rio In Cena apresenta 13 peças adultas e 13 infantis, e acontece no mês de julho no Rio de Janeiro.

O diretor Alan Queiróz conta como surgiu a montagem do espetáculo. “A partir de nossas oficinas de teatro, com alunos extremamente comprometidos e dedicados, iniciamos a produção da peça, baseada na obra de Plínio Marcos. Rapidamente, já estávamos nos apresentando no Fescete (Festival de Cenas Teatrais), pioneiro no gênero de apresentação de cenas, que presta homenagens a grandes nomes do teatro do Brasil”.

A partir daí, o grupo Insuporsanos iniciou uma rotina de ensaios e estudos para dar ainda mais brilho ao espetáculo, que conta a história do menino Querô, um menor abandonado que luta para sobreviver em meio à prostituição, drogas e miséria nas ruas do Centro de Santos. “Construímos personagens extremamente fortes, que criam um impacto grande no público que assiste à peça. O submundo da cidade de Santos em 1976 é retratado de uma maneira bem real, promovendo uma reflexão sobre toda a problemática social ainda muito presente nos dias de hoje”, afirma Alan.

Elenco – Querô é formado por 15 atores amadores, todos participantes das oficinas de teatro oferecidas pela Sectur. Cada ator tem uma história diferente em relação ao teatro. A jornalista Aline Jozala, de 33 anos, que interpreta uma prostituta no espetáculo, conta que sempre gostou do segmento e já havia trabalhado em divulgações de peças. “Pela atração que sentia pelo teatro, resolvi me matricular na oficina, e em seguida fui escalada para o elenco de Querô. De repente estávamos nos apresentando para o grande público e o sucesso chegou na mesma velocidade. Quebrei muitas barreiras pessoais, aprendi a entrar no personagem, descartar preconceitos”.

A aposentada Doraci Cerrato, de 63 anos, que interpreta a proprietária do cabaré, diz que não possuía nenhum conhecimento sobre a arte até se matricular na oficina. “Resolvi participar para me manter ativa, ter um hobbie. E acabei me apaixonando pelo teatro, sendo convidada para o elenco da peça. Estar em um projeto como esse acrescentou muitas coisas positivas em minha vida. Desenvolvi habilidades que não tinha antes”.

Para o bailarino Leandro Gomes, de 20 anos, que vive um travesti no espetáculo, a experiência de estar em uma peça reconhecida regionalmente e agora, nacionalmente, fez com que o gosto pelo teatro só aumentasse. “Já coreografava algumas peças do Núcleo, e agora, vivendo um personagem tão forte e marcante, percebo que todo o impacto causado pela peça mexe com os ideais de preconceito da sociedade atual”.
Allaf Lira, de 23 anos, ganhou não somente um papel de destaque na peça como um grande incentivo de vida. “Faço o papel do vilão da história e estudo muito para separar o personagem do Allaf da vida real. Venho de uma comunidade onde o teatro é discriminado e tenho conseguido superar essa barreira através dessa oportunidade de viver um personagem impactante, forte, que gera dúvidas e reflexões na platéia”.

Vivendo o protagonista da peça, Kauan Malacrida, de 21 anos, explica que foi surpreendido ao receber a notícia de que viveria Querô no espetáculo. “Meu único contato com interpretação foi em uma agência de modelos da qual eu fazia parte. Mas era tudo muito superficial. Decidi me matricular na oficina de teatro da Sectur sem qualquer planejamento, de forma impetuosa, e entrei de cabeça no projeto. Precisei raspar o cabelo para viver o personagem, estudar muito. São sacrifícios que fazemos em nome da arte, em nome de um ideal, e agora estamos colhendo os frutos de toda essa dedicação. A sensação de fazer parte desse projeto maravilhoso é incrível!”.

O diretor Alan Queiróz destaca o apoio e incentivo da Sectur ao projeto. É uma sensação incrível levar a arte para públicos diferentes. Temos muito a agradecer a toda a Administração Municipal, Secretaria de Cultura e Turismo de Praia Grande (Sectur) e a nossa diretora Isabel Samegima, que sempre acreditou em nosso potencial”

Querô – Uma Reportagem Maldita - Escrita e publicada por Plínio Marcos em 1976, a obra é um retrato do que acontecia no submundo da cidade de Santos naquela época. Com ferocidade nas palavras e violência na descrição, o autor faz com que todos se apaixonem e odeiem o menino Querô, ao mesmo tempo.

Adaptado e dirigido por Alan Queiroz, o espetáculo faz com que vida e morte, desespero e esperança, agressividade e delicadeza se toquem, demonstrando que a alma humana vivencia todos esses sentimentos, muitas vezes simultaneamente.

Núcleo de Complementação – Desde o dia 15 de maio está aberto cadastro para todas as oficinas culturais gratuitas existentes no Palácio das Artes. O chamamento para início das oficinas acontece no mês de julho, em caráter de lista de espera.

As modalidades culturais oferecidas pela Sectur são: violão, flauta, musicalização, percussão, bateria, canto e coral, teatro, performance corporal, dança e artes visuais. Não é preciso experiência prévia e as aulas acontecem no Palácio das Artes, com grade a ser divulgada também no mês de julho.

Informações podem ser obtidas pelo telefone 3496-5707. O Núcleo fica no Palácio das Artes, na Avenida Pres. Costa e Silva, 1.600, e atende das 9 às 17h30.