Cresce número de gestantes que fazem pré-natal

Ampliação da rede municipal facilita e incentiva o acesso

1/11/2005

O número de mulheres que iniciam o pré-natal nos primeiros quatro meses de gestação aumentou 53,65% no período de quatro anos em Praia Grande. Pesquisa realizada com gestantes no Hospital Municipal em 2001 aponta que 1.204 mulheres começaram o acompanhamento médico no primeiro quadrimestre. Nova enquete feita em 2004 revela o aumento na conscientização das futuras mães: 1.850 passaram a se enquadrar neste grupo.

O avanço é atribuído à ampliação do sistema de saúde, que prioriza o atendimento preventivo e a humanização da relação paciente-profissional. Nesse período foram inauguradas 12 Unidades de Saúde da Famílias (Usafas), nos bairros São Jorge, Mirim, Ribeirópolis, Samambaia, Tupiry, Vila Sônia, Quietude, Anhangüera, Sítio do Campo, Guaramar, Jardim Real e Jardim Alice, além de três Unidades Básicas de Saúde (UBS), no Caiçara, Ocian e Aviação. Hoje o Município conta com 14 Usafas e 6 UBSs.

“Nas Usafas, temos a atuação dos agentes comunitários. Mulheres com atraso menstrual são orientadas a ir a uma unidade de saúde. Nas UBSs, elas têm prioridade, tanto as encaminhadas como as que nos procuram espontaneamente”, explica a responsável pelo Apoio Técnico de Saúde da Mulher, Marivel Gómez Barreiro. “Nas Usafas, as agentes fazem acompanhamento das grávidas que não compareceram à consulta pré-natal e vão à sua residência para checar o que aconteceu.”

Benefícios - Para Leila Prieto, responsável pela Divisão de Vigilância Epidemiológica, quanto antes a gestante iniciar o pré-natal, melhor. “É muito importante que procure a unidade e seja acompanhada, para que se saiba quais são as condições de saúde da futura mãe, se é portadora de alguma patologia, solucionando possíveis problemas o mais cedo possível”.

Leila afirma que outro benefício é o incentivo à amamentação. No decorrer da gestação, as pacientes aprendem técnicas e desfazem mitos, como o do leite fraco. “O aleitamento materno previne doenças e garante uma boa saúde”, acentua Leila.

Conscientização – Na Usafa Mirim, a maior parte das gestantes em pré-natal tem mais de um filho. E todas destacam a importância do acompanhamento médico no início da gestação.

Grávida do segundo filho, Andréia Avelino da Silva, 29 anos, considera interessante não só ver como está se desenvolvendo a criança, mas também a oportunidade de obter informações: “A gente aprende muita coisa”. Com quatro filhos, Wadja Felix dos Santos, 29 anos, concorda com Andréia. Ela iniciou o pré-natal no segundo mês. “Acho fundamental”.

Márcia Mendes, ginecologista e obstetra, destaca: “Até a 16ª semana, conseguimos detectar e tratar certas doenças, como sífilis, sem que sejam passadas para o feto”.

A médica acha que melhorou a conscientização entre as mães, mas está convicta de que as Usafas têm papel fundamental. “Eu atribuo esse aumento aos agentes comunitários, que fazem visitas domiciliares. Mas também acho que a Prefeitura contribui bastante quando agiliza os exames.”

Rapidez - Os esforços para incentivar o pré-natal começam tão logo a mulher chega à unidade, já na solicitação do exame de urina.

Segundo Márcia, em dez dias sai o resultado. “Gravidez confirmada, a paciente passa pela primeira consulta em sete dias. A enfermeira solicita todos os exames. Na segunda consulta mensal já são agendadas as demais até a 30ª semana, quando passam a ser quinzenais e depois da 36ª, semanais”, explica.

São pedidos exames para conhecer o tipo sangüíneo, VDRL (sífilis), anti-HIV, urina, glicemia, hemograma, fezes, toxoplasmose e hepatite B. “Também pode ser prescrito sulfato ferroso e ácido fólico, quando necessários”, acrescenta Márcia. “Para quem não fez, pede-se o preventivo do câncer de colo de útero. Esse exame costuma provocar certa resistência. Há gestantes que acham que pode causar algum tipo de problema ao feto, o que não é verdade. Pelo contrário, é uma proteção para a mulher.”

Se o pré-natal é essencial em uma gravidez normal, em situações de risco pode ser uma questão de vida ou morte. “Tenho pacientes de 13 a 42 anos, em média”, cita Márcia Mendes. “Entre as adolescentes, a incidência de bebês prematuros é maior.” É uma gravidez de risco, tanto quanto a de uma mulher com mais de 40 anos, exigindo acompanhamento especial.