Luckesi fala sobre avaliação para 1.800 educadores em PG
Mestre em ciências sociais abre a 12ª Semana de Educação do Município
Por Ana Flávia Scarelli | 11/4/2006

Qual a média de um aluno que na primeira prova obtém a nota 4 e na segunda 10? A resposta do professor tradicional seria 7. Mas na visão do mestre em ciências sociais, Cipriano Carlos Luckesi, esse estudante mereceria 10, já que apresentou uma evolução no aprendizado. Para uma platéia formada por 1.800 educadores, Luckesi falou sobre a “Avaliação da Aprendizagem a Serviço de uma Prática Pedagógica Bem Sucedida” na palestra de abertura da 12ª Semana de Educação de Praia Grande. O evento ocorreu no centro de convenções do Litoral Plaza Shopping, na tarde de segunda-feira (10).
Licenciado em filosofia pela Universidade Católica de Salvador, Luckesi é um dos mais importantes autores sobre o tema avaliação. Em sua palestra, mostrou a evolução desse processo desde o século XVI, “quando o modelo foi sistematizado pelos padres jesuítas e expandido pelo mundo”, até hoje, quando estamos “construindo um novo modelo, onde o ato de avaliar tem por intenção produzir o melhor resultado”.
Regras – Ao fazer um exame, os alunos devem: sentar distantes uns dos outros, de forma a evitar a cópia das respostas; respeitar o tempo máximo estipulado, lembrando que não será concedido período extra; portar o material necessário, não solicitando nada emprestado; e pegar seus pertences e sair da sala ao final. As regras, ainda hoje empregadas por muitos educadores em milhares de escolas brasileiras, foram criadas em 1599 pelos padres jesuítas.
“O que praticamos hoje na escola é uma herança de mais de 400 anos”, afirmou Luckesi. “Temos de mudar a ‘prática de exames’ e partir para a avaliação diagnóstica. Mas a alteração de um hábito de séculos é muito difícil”, disse, frisando que só em 1930, nos Estados Unidos, teve início uma nova abordagem sobre esse processo. No Brasil, o questionamento da cultura dos exames só começou no final dos 60.
“A função da avaliação é construir resultados. Quando o ensino e a aprendizagem são bons, não existe a reprovação”, afirma Luckesi. “A mentalidade que está por trás da história da educação é firmada no castigo. Se o estudante não vai bem, supostamente ele é o único responsável. O elevado nível de fracasso escolar no País, uma média de 35% de retenção, ocorre por causa dessa crença e também da falta de condições materiais. A responsabilidade é ainda do sistema de ensino, da instituição escolar, dos pais...”, explica.
Acerto – Para o professor, uma forma de superar o fracasso escolar, do ponto de vista do educador, é ensinar o melhor que se pode. “Tomando o estudante como ele é, na condição que está, e trabalhar para que ele aprenda, não pela média, nem pelo mais ou menos, mas pelo melhor”.
O educador, segundo Luckesi, deve avaliar voltado para o futuro do aluno. “Os exames avaliam o passado. Essa é a sua principal característica. O ideal é avaliar para conhecer a realidade, estabelecer um diagnóstico e buscar a solução do problema detectado. Para isso, além do diálogo, é preciso insistir, incluir. Até que o aluno aprenda”.
Luckesi conta que a idéia de avaliação como recurso para uma educação de qualidade é nova. “Estamos construindo este novo modelo. Já temos muitas pessoas atraídas pela temática da avaliação de qualidade. Acredito que vamos trabalhar mais uns 30, 40 anos para que essa modalidade de examinar ganhe outra forma”.
Reflexão – Para a secretária de educação de Praia Grande, Maura Lígia Costa Russo, a palestra de Luckesi apontou para uma reflexão. “Acredito que as condições para um bom trabalho vêm sendo oferecidas, mas os dados de 2005 são preocupantes. Registramos índice de 11% em retenção: quase 2.800 alunos. São 60 salas de aula, o que significa um investimento de R$ 4 milhões. Sem evolução da escolaridade, esses alunos permanecem na mesma série”.
A secretária afirmou que os professores têm conhecimento destes números. “Queremos que eles pensem na sua proposta, naquilo que precisam melhorar, na escola e na política educacional do Município, onde ele é protagonista”.
A Semana – Promovida pela Secretaria de Educação (Seduc), a edição de 2005 da Semana de Educação de 2005 traz o título “Temas e Trilhas para uma Educação de Qualidade”. Até quarta-feira (12), mais de 2.500 profissionais, entre docentes, diretores e coordenadores de escolas públicas e particulares, estarão distribuídos em três pólos – Casa de Portugal, Auditório Jornalista Roberto Marinho e Colônia de Férias dos Comerciários – totalizando nove palestras de grandes educadores.
A chefe do Departamento Pedagógico da Seduc, Ana Cristina Cunha, vê a Semana de Educação como um evento fundamental. “É uma parada para a reflexão. Uma socialização de conhecimentos, trazendo teorias e práticas interessantes, que estão por todo o Brasil e que podem ser usadas no dia a dia”.
Ana Cristina disse que a cada ano os professores vão mais em busca de qualidade. “A cada ano este evento se firma e observamos a maturidade dos educadores, que já entenderam o objetivo. A própria abertura superou nossa expectativa. Esperávamos cerca de 600 profissionais. Contabilizamos 1.800. É sinal de que eles estão aproveitando as oportunidades que a Seduc oferece”.
Programação – Hoje (11), a Casa de Portugal recebe o doutor em educação pela PUC/SP, Nilbo Ribeiro Nogueira. Autor e organizador de livros sobre interdisciplinaridade, educação emocional e pedagogia de projetos, Nogueira ministra a palestra “Pedagogia dos Projetos - Etapas, Papéis e Atores”, em dois horários: 8h30 e 15 horas.
No Auditório Roberto Marinho, o professor e pesquisador da USP, Marcos Garcia Neira fala sobre “A Construção do Conhecimento – uma Concepção de Aprendizagem para a Escola de Todos”, às 8h30 e 15 horas. Neira é consultor do Ministério de Educação para elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais e autor de “Por Dentro da Sala de Aula: Conversando sobre a Prática” e “Repensando a Prática Pedagógica”.
Ainda hoje (11), mas na Colônia de Férias dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo, a coordenadora pedagógica da Fundação Vitor Civita, Regina Scarpa, mostra “Contextos de Alfabetização na Educação Infantil e Séries Iniciais”, às 8h30. Scarpa é graduada em psicologia pela PUC/SP e pós-graduada pela USP.
“Por que as Crianças Erram Quando Escrevem. O que São Erros Ortográficos?” será o tema do fonoaudiólogo clínico e professor da PUC, Jaime Zorzi, às 15 horas. Doutorado em Educação pela Unicamp, é especialista em Linguagem pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. Já a professora de psicologia, Maria de Lourdes Ferreira Machado, fecha a programação com “Palestra Motivacional – Neurolingüística”, às 20 horas.
Na quarta-feira (12), o educador, biólogo e pedagogo, Marco Antonio Ferraz, apresenta na Casa de Portugal “O Professor e o Compromisso com o Projeto Pedagógico”, às 8h30 e 15 horas. Habilitado em Pedagogia na área de Administração Escolar, tem atuado como docente em vários cursos e realizado palestras em congressos de educação por todo o Brasil, com destaque na área de gestão pedagógica.
O Auditório Jornalista Roberto Marinho recebe a palestra “Desafios e Perspectivas Atuais da Educação - O Educador e o ‘Ser’ Integral”, do mestre em educação, Marcelo Karam Guerra, às 8h30. Guerra é responsável pelo Programa de Motivação e Desenvolvimento de Equipe da Seleção Brasileira de Canoagem até o Pré Olímpico e tem ministrado cursos e pronunciado conferências por todo o País; às 15 horas, a doutora em educação pela Universidade Federal de São Carlos, Ordália Alves de Almeida, apresenta “A Educação da Criança de 0 a 10 anos: Políticas Públicas - Propostas Educativas”. Ordália é membro do Fórum Permanente de Educação Infantil de Mato Grosso do Sul, e co-autora dos livros “Registros de Educação”, “Educação Infantil: Construído o Presente”, “Trabalho Docente: os Professores e sua Formação”, e “Educação Infantil: Política, Formação e Prática Docente”.
Nilbo Nogueira se apresenta novamente quarta-feira, na Colônia de Férias dos Empregados no Comércio, às 8h30 e 15 horas, com o tema “A Pedagogia dos Projetos: Novos Desafios em Novos Ambientes”; às 20 horas, a mestre de psicologia escolar, Carmem Silva Carvalho, fecha a semana com o tema “Divulgação do Texto: Interpretar Perguntas”.
É importante ressaltar que os locais das palestras estarão abertos com uma hora de antecedência para credenciamento.
Endereços – A Casa de Portugal fica na Avenida Paris, 1.500, Boqueirão; o Auditório Jornalista Roberto Marinho na Rua José Borges Neto, 50, Mirim; e a colônia de férias na Avenida Guilhermina, 240, Guilhermina. Outras informações pelo telefone da Seduc, 3496-2350.
Licenciado em filosofia pela Universidade Católica de Salvador, Luckesi é um dos mais importantes autores sobre o tema avaliação. Em sua palestra, mostrou a evolução desse processo desde o século XVI, “quando o modelo foi sistematizado pelos padres jesuítas e expandido pelo mundo”, até hoje, quando estamos “construindo um novo modelo, onde o ato de avaliar tem por intenção produzir o melhor resultado”.
Regras – Ao fazer um exame, os alunos devem: sentar distantes uns dos outros, de forma a evitar a cópia das respostas; respeitar o tempo máximo estipulado, lembrando que não será concedido período extra; portar o material necessário, não solicitando nada emprestado; e pegar seus pertences e sair da sala ao final. As regras, ainda hoje empregadas por muitos educadores em milhares de escolas brasileiras, foram criadas em 1599 pelos padres jesuítas.
“O que praticamos hoje na escola é uma herança de mais de 400 anos”, afirmou Luckesi. “Temos de mudar a ‘prática de exames’ e partir para a avaliação diagnóstica. Mas a alteração de um hábito de séculos é muito difícil”, disse, frisando que só em 1930, nos Estados Unidos, teve início uma nova abordagem sobre esse processo. No Brasil, o questionamento da cultura dos exames só começou no final dos 60.
“A função da avaliação é construir resultados. Quando o ensino e a aprendizagem são bons, não existe a reprovação”, afirma Luckesi. “A mentalidade que está por trás da história da educação é firmada no castigo. Se o estudante não vai bem, supostamente ele é o único responsável. O elevado nível de fracasso escolar no País, uma média de 35% de retenção, ocorre por causa dessa crença e também da falta de condições materiais. A responsabilidade é ainda do sistema de ensino, da instituição escolar, dos pais...”, explica.
Acerto – Para o professor, uma forma de superar o fracasso escolar, do ponto de vista do educador, é ensinar o melhor que se pode. “Tomando o estudante como ele é, na condição que está, e trabalhar para que ele aprenda, não pela média, nem pelo mais ou menos, mas pelo melhor”.
O educador, segundo Luckesi, deve avaliar voltado para o futuro do aluno. “Os exames avaliam o passado. Essa é a sua principal característica. O ideal é avaliar para conhecer a realidade, estabelecer um diagnóstico e buscar a solução do problema detectado. Para isso, além do diálogo, é preciso insistir, incluir. Até que o aluno aprenda”.
Luckesi conta que a idéia de avaliação como recurso para uma educação de qualidade é nova. “Estamos construindo este novo modelo. Já temos muitas pessoas atraídas pela temática da avaliação de qualidade. Acredito que vamos trabalhar mais uns 30, 40 anos para que essa modalidade de examinar ganhe outra forma”.
Reflexão – Para a secretária de educação de Praia Grande, Maura Lígia Costa Russo, a palestra de Luckesi apontou para uma reflexão. “Acredito que as condições para um bom trabalho vêm sendo oferecidas, mas os dados de 2005 são preocupantes. Registramos índice de 11% em retenção: quase 2.800 alunos. São 60 salas de aula, o que significa um investimento de R$ 4 milhões. Sem evolução da escolaridade, esses alunos permanecem na mesma série”.
A secretária afirmou que os professores têm conhecimento destes números. “Queremos que eles pensem na sua proposta, naquilo que precisam melhorar, na escola e na política educacional do Município, onde ele é protagonista”.
A Semana – Promovida pela Secretaria de Educação (Seduc), a edição de 2005 da Semana de Educação de 2005 traz o título “Temas e Trilhas para uma Educação de Qualidade”. Até quarta-feira (12), mais de 2.500 profissionais, entre docentes, diretores e coordenadores de escolas públicas e particulares, estarão distribuídos em três pólos – Casa de Portugal, Auditório Jornalista Roberto Marinho e Colônia de Férias dos Comerciários – totalizando nove palestras de grandes educadores.
A chefe do Departamento Pedagógico da Seduc, Ana Cristina Cunha, vê a Semana de Educação como um evento fundamental. “É uma parada para a reflexão. Uma socialização de conhecimentos, trazendo teorias e práticas interessantes, que estão por todo o Brasil e que podem ser usadas no dia a dia”.
Ana Cristina disse que a cada ano os professores vão mais em busca de qualidade. “A cada ano este evento se firma e observamos a maturidade dos educadores, que já entenderam o objetivo. A própria abertura superou nossa expectativa. Esperávamos cerca de 600 profissionais. Contabilizamos 1.800. É sinal de que eles estão aproveitando as oportunidades que a Seduc oferece”.
Programação – Hoje (11), a Casa de Portugal recebe o doutor em educação pela PUC/SP, Nilbo Ribeiro Nogueira. Autor e organizador de livros sobre interdisciplinaridade, educação emocional e pedagogia de projetos, Nogueira ministra a palestra “Pedagogia dos Projetos - Etapas, Papéis e Atores”, em dois horários: 8h30 e 15 horas.
No Auditório Roberto Marinho, o professor e pesquisador da USP, Marcos Garcia Neira fala sobre “A Construção do Conhecimento – uma Concepção de Aprendizagem para a Escola de Todos”, às 8h30 e 15 horas. Neira é consultor do Ministério de Educação para elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais e autor de “Por Dentro da Sala de Aula: Conversando sobre a Prática” e “Repensando a Prática Pedagógica”.
Ainda hoje (11), mas na Colônia de Férias dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo, a coordenadora pedagógica da Fundação Vitor Civita, Regina Scarpa, mostra “Contextos de Alfabetização na Educação Infantil e Séries Iniciais”, às 8h30. Scarpa é graduada em psicologia pela PUC/SP e pós-graduada pela USP.
“Por que as Crianças Erram Quando Escrevem. O que São Erros Ortográficos?” será o tema do fonoaudiólogo clínico e professor da PUC, Jaime Zorzi, às 15 horas. Doutorado em Educação pela Unicamp, é especialista em Linguagem pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. Já a professora de psicologia, Maria de Lourdes Ferreira Machado, fecha a programação com “Palestra Motivacional – Neurolingüística”, às 20 horas.
Na quarta-feira (12), o educador, biólogo e pedagogo, Marco Antonio Ferraz, apresenta na Casa de Portugal “O Professor e o Compromisso com o Projeto Pedagógico”, às 8h30 e 15 horas. Habilitado em Pedagogia na área de Administração Escolar, tem atuado como docente em vários cursos e realizado palestras em congressos de educação por todo o Brasil, com destaque na área de gestão pedagógica.
O Auditório Jornalista Roberto Marinho recebe a palestra “Desafios e Perspectivas Atuais da Educação - O Educador e o ‘Ser’ Integral”, do mestre em educação, Marcelo Karam Guerra, às 8h30. Guerra é responsável pelo Programa de Motivação e Desenvolvimento de Equipe da Seleção Brasileira de Canoagem até o Pré Olímpico e tem ministrado cursos e pronunciado conferências por todo o País; às 15 horas, a doutora em educação pela Universidade Federal de São Carlos, Ordália Alves de Almeida, apresenta “A Educação da Criança de 0 a 10 anos: Políticas Públicas - Propostas Educativas”. Ordália é membro do Fórum Permanente de Educação Infantil de Mato Grosso do Sul, e co-autora dos livros “Registros de Educação”, “Educação Infantil: Construído o Presente”, “Trabalho Docente: os Professores e sua Formação”, e “Educação Infantil: Política, Formação e Prática Docente”.
Nilbo Nogueira se apresenta novamente quarta-feira, na Colônia de Férias dos Empregados no Comércio, às 8h30 e 15 horas, com o tema “A Pedagogia dos Projetos: Novos Desafios em Novos Ambientes”; às 20 horas, a mestre de psicologia escolar, Carmem Silva Carvalho, fecha a semana com o tema “Divulgação do Texto: Interpretar Perguntas”.
É importante ressaltar que os locais das palestras estarão abertos com uma hora de antecedência para credenciamento.
Endereços – A Casa de Portugal fica na Avenida Paris, 1.500, Boqueirão; o Auditório Jornalista Roberto Marinho na Rua José Borges Neto, 50, Mirim; e a colônia de férias na Avenida Guilhermina, 240, Guilhermina. Outras informações pelo telefone da Seduc, 3496-2350.