Saiba o que comer para ter uma vida mais saudável
Recurso criado pelo governo norte-americano é utilizado em Usafa de PG
Por Pablo Solano | 14/11/2006

Quando atende hipertensos na Unidade de Saúde da Família (Usafa) Guaramar, a médica generalista Paula Alessandra Ferreira sempre destaca que existem duas coisas mais importantes do que reduzir o sal na alimentação: a perda de peso e a adoção de uma alimentação balanceada. Como referência, ela adota o programa Minha Pirâmide, recurso digital criado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos para promover hábitos saudáveis e que pode ser acessado por qualquer pessoa pela internet.
Segundo a médica, o programa se encaixa na busca por regras menos rígidas para a alimentação e mais diálogo com os pacientes, o que inclui o incentivo à prática de exercícios físicos. O recurso substitui a pirâmide alimentar criada em 1992 também pelo Departamento de Agricultura Norte-Americano e pode ser acessado em www.mypyramid.gov. A página conta com versões em inglês e espanhol.
Vale lembrar que, diferentemente do novo programa, a pirâmide alimentar de 92 estabelecia medidas fixas de grãos, carboidratos, frutas, vegetais, proteínas e laticínios, não levando em conta a prática física das pessoas e nem a idade.
“Aplico o programa no público que não tem nenhuma doença crônica. Para hipertensos ou diabéticos, a dieta deve contar com algumas alterações dependendo da situação de quem atendo”, explica a médica, que promove aconselhamento intensivo de hipertensos no bairro Sítio do Campo.
Para Paula Alessandra, os médicos necessitam tratar como prioridade a busca por qualidade de vida, o que pode reduzir a quantidade de medicamentos que doentes crônicos necessitam utilizar. “Nós tradicionalmente relegamos o que a ciência oferece fora do tratamento farmacológico”.
Lanche - A Pesquisa de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Turismo (IBGE), aponta que de 1987 a 2003 os brasileiros passaram a gastar mais com bebidas alcoólicas, refrigerantes e sucos engarrafados do que com a compra de frutas.
A piora na qualidade da alimentação no Brasil é um reflexo das pessoas realizarem mais refeições fora de casa. Para cada quatro reais gastos com alimentos, um vai para restaurantes, lanchonetes e afins.
Com o programa Minha Pirâmide, busca-se ter uma vida mais equilibrada e saudável, mesmo enfrentando os novos desafios do dia-a-dia. Ao acessar o site, o internauta informa a quantidade de atividade física semanal, sexo e idade para obter a sugestão de dieta que deve seguir para atender as necessidades de seu organismo e não prejudicar a saúde.
Por exemplo, um homem de 48 anos que não pratica atividades físicas deve ingerir diariamente 2.200 calorias segundo o programa. Para uma alimentação equilibrada, ele demanda consumir 198,4 gramas de grãos, sendo metade disso integral; 170 gramas de carnes, três taças de verduras, duas de frutas e três de produtos lácteos. Já o consumo de doces e outros alimentos ricos em gordura deve se limitar a 290 calorias.
Um jovem de 25 anos que diariamente pratica mais do que meia hora de exercícios físicos pode consumir 2.800 calorias: 283,4 gramas de grãos, 198,4 de carnes, 3,5 taças de verduras, 2,5 de frutas e 3 de produtos lácteos. Já o consumo de doces e outros alimentos ricos em outras gorduras deve se limitar a 425 calorias.
As especificações sobre o que significa a medida de uma taça estão na página. Por exemplo, um copo de leite ou iogurte, 4,25 gramas de queijo natural ou 5,66 de queijo industrializado podem ser considerados como uma taça de laticínios. A página norte-americana utiliza onça como unidade de medida. Para fazer a conversão à unidade usada no Brasil, o grama, é necessário multiplicar por 28,349.
Hipertensão – Conforme o último levantamento do Sistema de Acompanhamento da Atenção Básica, do Ministério da Saúde, as Usafas e multiclínicas de Praia Grande atendem 14.869 hipertensos. Os dados são de outubro último. Dentro do Programa Saúde da Família, essas pessoas contam com o apoio de grupos organizados para o aconselhamento e prática de exercício físico.
Para o aconselhamento intensivo de hipertensos, Paula utiliza o método Dash, sigla em inglês para Abordagem Dietética para Parar a Hipertensão e que visa a redução de carne vermelha, doces, açúcar e bebidas como refrigerantes e sucos enlatados e uma alimentação rica em carne branca, carboidratos integrais e sementes oleaginosas como nozes e castanhas. Com isso, pretende-se a redução do colesterol e riscos de complicações cardiovasculares.
Outra dica da médica é que os hipertensos fiquem de olho na quantidade de sódio presente nos alimentos industrializados. “Deve-se dar preferência para os produtos que contenham menos de 5% das necessidades diárias de sódio”, explica. “Os que possuem 20% ou mais são considerados de altos teores.”
Para a eficiência do aconselhamento intensivo, Paula adota os cinco A´s: 1) Avaliar as práticas alimentares e fatores de risco associados; 2) Aconselhar mudanças; 3) Acordar metas a serem cumpridas; 4) Auxiliar nas mudanças das práticas e 5) Arranjar um seguimento regular.
A eficiência do aconselhamento também depende do médico conseguir adaptar as necessidades alimentares do atendido com as condições em que ele vive. Ela exemplifica: “Falamos que as pessoas devem evitar o consumo de ovos. Mas muitas vezes são os ovos que garantem a carga diária de proteína, já que muitas pessoas não contam com dinheiro para comprar carne. Então podemos orientá-las para fazerem uma omelete com dois ovos, mas somente com uma gema.”
Apesar da ênfase necessária para melhorar a alimentação, a médica também afirma ser fundamental estimular ao menos 30 minutos de atividades física diária aos hipertensos. “O exercício possui efeito protetor contra doenças do coração, osteoporose, câncer de cólon e até contra a ansiedade e depressão. Realizada a partir do início da meia-idade, a atividade física pode ter como efeito maior expectativa de vida.”
Gorduras – Paula Alessandra aponta que simplificações e generalizações sobre alimentação não atendem adequadamente quem necessita emagrecer. “Desde os anos 70 é dito para quem pretende perder peso que é necessário diminuir o índice de gordura na alimentação, só que muita gente continua engordando, isso porque se esquece da importância de determinados produtos com carboidratos”.
E não só com a quantidade de gordura que as pessoas devem se preocupar, defende a médica. É fundamental para a saúde que os consumidores sempre chequem a existência de gorduras trans nos produtos industrializados que compram. “Um estudo nos EUA constatou que um entre quatro casos de infarto naquele país ocorreu devido a essas gorduras”, alerta. “Também é necessário ter cuidado com gordura hidrogenada, que geralmente também possui gordura trans”.
Segundo a médica, o programa se encaixa na busca por regras menos rígidas para a alimentação e mais diálogo com os pacientes, o que inclui o incentivo à prática de exercícios físicos. O recurso substitui a pirâmide alimentar criada em 1992 também pelo Departamento de Agricultura Norte-Americano e pode ser acessado em www.mypyramid.gov. A página conta com versões em inglês e espanhol.
Vale lembrar que, diferentemente do novo programa, a pirâmide alimentar de 92 estabelecia medidas fixas de grãos, carboidratos, frutas, vegetais, proteínas e laticínios, não levando em conta a prática física das pessoas e nem a idade.
“Aplico o programa no público que não tem nenhuma doença crônica. Para hipertensos ou diabéticos, a dieta deve contar com algumas alterações dependendo da situação de quem atendo”, explica a médica, que promove aconselhamento intensivo de hipertensos no bairro Sítio do Campo.
Para Paula Alessandra, os médicos necessitam tratar como prioridade a busca por qualidade de vida, o que pode reduzir a quantidade de medicamentos que doentes crônicos necessitam utilizar. “Nós tradicionalmente relegamos o que a ciência oferece fora do tratamento farmacológico”.
Lanche - A Pesquisa de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Turismo (IBGE), aponta que de 1987 a 2003 os brasileiros passaram a gastar mais com bebidas alcoólicas, refrigerantes e sucos engarrafados do que com a compra de frutas.
A piora na qualidade da alimentação no Brasil é um reflexo das pessoas realizarem mais refeições fora de casa. Para cada quatro reais gastos com alimentos, um vai para restaurantes, lanchonetes e afins.
Com o programa Minha Pirâmide, busca-se ter uma vida mais equilibrada e saudável, mesmo enfrentando os novos desafios do dia-a-dia. Ao acessar o site, o internauta informa a quantidade de atividade física semanal, sexo e idade para obter a sugestão de dieta que deve seguir para atender as necessidades de seu organismo e não prejudicar a saúde.
Por exemplo, um homem de 48 anos que não pratica atividades físicas deve ingerir diariamente 2.200 calorias segundo o programa. Para uma alimentação equilibrada, ele demanda consumir 198,4 gramas de grãos, sendo metade disso integral; 170 gramas de carnes, três taças de verduras, duas de frutas e três de produtos lácteos. Já o consumo de doces e outros alimentos ricos em gordura deve se limitar a 290 calorias.
Um jovem de 25 anos que diariamente pratica mais do que meia hora de exercícios físicos pode consumir 2.800 calorias: 283,4 gramas de grãos, 198,4 de carnes, 3,5 taças de verduras, 2,5 de frutas e 3 de produtos lácteos. Já o consumo de doces e outros alimentos ricos em outras gorduras deve se limitar a 425 calorias.
As especificações sobre o que significa a medida de uma taça estão na página. Por exemplo, um copo de leite ou iogurte, 4,25 gramas de queijo natural ou 5,66 de queijo industrializado podem ser considerados como uma taça de laticínios. A página norte-americana utiliza onça como unidade de medida. Para fazer a conversão à unidade usada no Brasil, o grama, é necessário multiplicar por 28,349.
Hipertensão – Conforme o último levantamento do Sistema de Acompanhamento da Atenção Básica, do Ministério da Saúde, as Usafas e multiclínicas de Praia Grande atendem 14.869 hipertensos. Os dados são de outubro último. Dentro do Programa Saúde da Família, essas pessoas contam com o apoio de grupos organizados para o aconselhamento e prática de exercício físico.
Para o aconselhamento intensivo de hipertensos, Paula utiliza o método Dash, sigla em inglês para Abordagem Dietética para Parar a Hipertensão e que visa a redução de carne vermelha, doces, açúcar e bebidas como refrigerantes e sucos enlatados e uma alimentação rica em carne branca, carboidratos integrais e sementes oleaginosas como nozes e castanhas. Com isso, pretende-se a redução do colesterol e riscos de complicações cardiovasculares.
Outra dica da médica é que os hipertensos fiquem de olho na quantidade de sódio presente nos alimentos industrializados. “Deve-se dar preferência para os produtos que contenham menos de 5% das necessidades diárias de sódio”, explica. “Os que possuem 20% ou mais são considerados de altos teores.”
Para a eficiência do aconselhamento intensivo, Paula adota os cinco A´s: 1) Avaliar as práticas alimentares e fatores de risco associados; 2) Aconselhar mudanças; 3) Acordar metas a serem cumpridas; 4) Auxiliar nas mudanças das práticas e 5) Arranjar um seguimento regular.
A eficiência do aconselhamento também depende do médico conseguir adaptar as necessidades alimentares do atendido com as condições em que ele vive. Ela exemplifica: “Falamos que as pessoas devem evitar o consumo de ovos. Mas muitas vezes são os ovos que garantem a carga diária de proteína, já que muitas pessoas não contam com dinheiro para comprar carne. Então podemos orientá-las para fazerem uma omelete com dois ovos, mas somente com uma gema.”
Apesar da ênfase necessária para melhorar a alimentação, a médica também afirma ser fundamental estimular ao menos 30 minutos de atividades física diária aos hipertensos. “O exercício possui efeito protetor contra doenças do coração, osteoporose, câncer de cólon e até contra a ansiedade e depressão. Realizada a partir do início da meia-idade, a atividade física pode ter como efeito maior expectativa de vida.”
Gorduras – Paula Alessandra aponta que simplificações e generalizações sobre alimentação não atendem adequadamente quem necessita emagrecer. “Desde os anos 70 é dito para quem pretende perder peso que é necessário diminuir o índice de gordura na alimentação, só que muita gente continua engordando, isso porque se esquece da importância de determinados produtos com carboidratos”.
E não só com a quantidade de gordura que as pessoas devem se preocupar, defende a médica. É fundamental para a saúde que os consumidores sempre chequem a existência de gorduras trans nos produtos industrializados que compram. “Um estudo nos EUA constatou que um entre quatro casos de infarto naquele país ocorreu devido a essas gorduras”, alerta. “Também é necessário ter cuidado com gordura hidrogenada, que geralmente também possui gordura trans”.