Arte no Paço apresenta obra de Nísia Floresta

Textos da escritora feminista retratam luta por educação igualitária

9/5/2007

Foto Indisponivel

Eli Carlos Vieira, sob supervisão de Melchior de Castro Jr. Mtb 15.702

O espaço Arte no Paço recebe, até o próximo dia 25, o Projeto Memória, sobre a vida de uma escritora brasileira que buscava direitos iguais a homens e mulheres, nas primeiras décadas do século 19. “Nísia Floresta – uma mulher à frente de seu tempo” é o tema da exposição, que mostra fotos e textos da escritora feminista. O evento é promovido pela Fundação Cultural Banco do Brasil, em parceria com a Secretaria de Cultura de Praia Grande (Secult).

Considerada a precursora dos ideais feministas no Brasil, Dionísia Gonçalves Pinto nasceu em 1810, no Rio Grande do Norte. Viveu em uma época que mulheres não podiam ter educação no mesmo nível dos homens. Casou-se a primeira vez aos 13 anos, e desde cedo acreditou que o acesso a um nível elevado de ensino era o segredo para que elas saíssem dos bastidores, em um Brasil dominado pelo machismo.

Em sua primeira publicação, de 1832, intitulada “Diretos das mulheres e injustiça dos homens”, Nísia é reconhecida como responsável pelo primeiro texto do feminismo na América Latina. Na publicação, utiliza o pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta, sendo Nísia um diminutivo de Dionísia; Floresta, uma referência ao sítio onde nasceu; Brasileira, sua nacionalidade; e Augusta, homenagem ao marido morto precocemente.

Em trecho desse livro, ela fala sobre a emancipação feminina: “Eu espero, entretanto, que as mulheres de bom senso se empenharão em fazer conhecer que elas merecem um melhor tratamento e não se submeterão servilmente a um orgulho tão mal fundado”.

A luta em favor da minoria feminina se seguiria nas próximas obras da escritora, como em “Conselhos à minha filha”, em que Nísia escreve de presente uma carta em formato de livro a Augusta, sua filha. Nessa publicação a autora assina F. Augusta Brasileira. Em outros livros, ela defendeu também os índios e atuou contra a escravidão.

A feminista passou seus últimos 28 anos na Europa, onde escreveu livros em francês e em italiano, além de publicar traduções de suas primeiras obras, já consagradas no Brasil. Nísia morreu em 1885, aos 75 anos, em Bonsecours, França.

Exposição – Promovida pelo Banco do Brasil, a exposição Projeto Memória escolhe todos os anos um artista-tema através de sua fundação cultural. A iniciativa visa o resgate de personagens que defenderam a inclusão social no Brasil.

Para a programação deste ano, estão previstas visitas em 800 municípios. Cidades do Acre, Tocantins, Brasília, Mato Grosso e Santa Catarina já receberam a exposição.

Também faz parte do projeto itinerante a entrega de kits pedagógicos a 18 mil escolas e 6 mil bibliotecas públicas do País. Nos kits há vídeo documentário, livro foto-biográfico, almanaque histórico e guia do professor.

A exposição poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, até o dia 25, das 9 às 16 horas, no saguão do Paço Municipal. A entrada é gratuita. O endereço é Avenida Presidente Kennedy, 9.000, Bairro Mirim.