Universitários redescobrem o Forte Jurubatuba

Estudantes de Turismo da Fals conhecem o potencial turístico da fortaleza

Por | 25/9/2007

A caminhada pode ser cansativa, principalmente para os pouco habituados. Mas a oportunidade de conhecer as ruínas do Forte Jurubatuba, que compõem o cenário alvo de bombardeio por parte de esquadrilha de hidroaviões das tropas governistas há 75 anos, na Revolução Constitucionalista de 1932, compensa o esforço. Ainda mais quando se sabe que tal bombardeio entrou para a história como o episódio que teria motivado o suicídio do Pai da Aviação, Alberto Santos Dumont, no auge de uma crise depressão, depois de testemunhar, do hotel onde se encontrava hospedado, no Guarujá, seu mais notório invento servindo para fins bélicos contra seus próprios conterrâneos.

Pelos menos essa foi a impressão transmitida pelo grupo de alunos do 2º e 4º semestres do curso de Turismo da Faculdade do Litoral Paulista (Fals) que teve essa oportunidade, na ensolarada manhã do último domingo (23). Durante cerca de três horas, o grupo percorreu a pé o trajeto sinuoso, revestido por escória. O caminho leva o nome do Capitão Galileu Ramos, que serviu por mais de 40 anos na unidade.

Encravado numa área preservada de Mata Atlântica – são 2,4 milhões de metros quadrados -, o Jurubatuba ficou inacessível durante muito tempo, até que recentemente um convênio entre a Administração Municipal e a Fortaleza de Itaipu permitiu a recuperação da estrada de acesso. Do local se tem uma linda vista da baía de Santos, destacando em primeiro plano a Ilha Porchat, em São Vicente, a orla marítima santista, além de parte da Ilha de Santo Amaro (Guarujá).

Organizador da visita técnica, o professor da Fals e secretário municipal de Turismo, José Alonso Júnior, disse que considera importante que seus alunos se familiarizem com os atrativos turísticos da Fortaleza de Itaipu, ainda pouco conhecidos, até mesmo por moradores da Cidade.

Projeto - Em recente encontro, Alonso, que além de oficial reformado do Exército conhece profundamente a fortaleza, onde residiu, apresentou à ministra do Turismo, Marta Suplicy, projeto turístico elaborado através de parceria entre a Administração Municipal e o comando da fortaleza, que inclui a restauração das fortificações, a construção de museu e de píer junto à prainha do Comandante. O Município reivindica R$ 6 milhões para concretizar o empreendimento.

Uma das mais animadas do grupo era a aluna do 4º semestre de Turismo, Salete Piçarra Paulos. Bolsista da Fals, ela relembrou a época da adolescência, quando ia com os colegas de classe participar das disputas escolares que aconteciam nas instalações esportivas da fortaleza. “Nunca tinha vindo ao Jurubatuba. Foi ótimo. A estrada está em boas condições e a vista é linda. Adorei. Vale a pena conhecer”, exclamou a universitária, acrescentando que espera ver as instalações restauradas para a exploração do local como ponto turístico.

O diretor Cultural e de Eventos do Diretório Acadêmico de Turismo, Wilson Luiz Costa, o Lica, cursa o 2º semestre de Turismo e conta com orgulho que serviu nesta unidade militar, anos atrás. “Como soldado, você olha e não vê nada de mais; agora, como estudante de Turismo, a gente vê com outros olhos”.

Para Lica, depois da praia, a fortaleza é o maior atrativo turístico da Cidade, não só pela riqueza da fauna e flora, mas também por sua história, pelo que representa para o Estado e o País. “Temos uma pérola que precisa ser trabalhada. Fico feliz de ver que a Fals despertou para isso. Espero que em conjunto com a Prefeitura e o Exército encontremos um meio de tornar este espaço mais coletivo, onde as pessoas possam vivenciar o meio ambiente e conhecer melhor nossa história”.

Entre as frondosas e imponentes árvores que sombreavam o caminho, o grupo avistou vários lagartos, borboletas multicoloridas e até uma cobra coral, além de muitas bromélias e palmeiras. Sob os aparentes escombros do Forte Jurubatuba, instalações subterrâneas revestidas por grossas paredes de concreto se mantêm intactas, como esconderijos bem protegidos. Os alunos puderam visitar cada dependência, observando as marcas deixadas pelo passado, como afrescos com motivos florais que foram descobertos com o descascar da camada de tinta que os revestiam.

Alonso disse que anteriormente já havia levado seus alunos para fazer um city tour e que pretende promover outras atividades extra-classe, que considera essenciais para a boa formação dos futuros bacharéis de Turismo.