Fernando Meligeni acredita em futuro promissor do tênis

Ex-tenista profissional esteve em Praia Grande e visitou 11ª edição da Festa da Tainha

Por Fabricio Tinêo | 28/7/2008

Por mais de duas horas, o ex-tenista Fernando Meligeni atendeu fãs, tirou fotografias e distribuiu cerca de 800 autógrafos em bolinhas de tênis no estande da construtora Eztec, da qual é garoto-propaganda, na 11ª edição da Festa da Tainha em Praia Grande, no último sábado (26). Mesmo com a maratona do contato com o público, não perdeu a animação que o caracteriza e chegou a divertir quem esperava na fila ao imitar movimentos de uma partida.

Como um dos grandes nomes da história da modalidade no Brasil, Meligeni está aposentado desde 2003, mas ainda desfila sua técnica e garra, marcas de seu estilo de jogar, pelas quadras do mundo no Circuito de Master. O evento organizado pela Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) reúne astros por todo planeta com jogadas e partidas geniais.

Em entrevista ao jornal eletrônico PG Notícias, Fininho, apelido dado pelos próprios rivais, que conquistou três títulos da ATP, analisou o atual momento do tênis brasileiro e projetou um futuro bem melhor e mais vitorioso do que apresenta o quadro atual: “O Brasil se acostumou a grandes conquistas. Devemos ter calma, mas acredito que atingiremos outra vez este patamar”.

Confira a entrevista:

PG Notícias– Você foi tenista profissional e participou do circuito por 15 anos. Em 2003 se aposentou. Mesmo assim, participa de algumas etapas ao longo do ano do circuito master. Como está sua vida atualmente?
Meligeni – Me acharam de volta. Estava tranqüilo em casa e fizeram com que voltasse a jogar alguns campeonatos (risos). Nada muito estressante. Apenas poucas semanas por ano. Fui para Turquia e nos próximos dias estarei em Portugal para participar de mais um evento desses. Estou curtindo. A intenção principal é trazer os grandes atletas de volta e apresentá-los ao público em um novo momento de suas vidas. Trata-se de grande oportunidade porque só atuamos com estrelas, jogadores que estiveram no topo. Fora isso, escrevo no meu blog sobre tênis (www.blogdofininho.blog.uol.com.br), além do trabalho como garoto-propaganda da Eztec e da Nossa Caixa. Realmente minha parada não foi tão normal como de costume.

PG Notícias– Já conhecia Praia Grande ou alguma cidade da região?
Meligeni –As vezes que estive em Praia Grande foram devido a Eztec, em eventos promocionais. Aproveito esses momentos e passeio um pouco, curto a praia e também descanso. Tenho amigos aqui na região, principalmente em Santos. A família da minha esposa tem casa em Mongaguá e isto faz com que visite constantemente as cidades vizinhas. É um prazer ficar por esses lados.

PG Notícias– Quando você pára e pensa na sua carreira, em tudo que passou, qual a principal recordação? Tem saudade do que envolve o mundo do tênis?
Meligeni – Tenho, sim. Guardo dois momentos com carinho quando lembro da minha carreira. Fiz muitas coisas legais ao longo desses anos, ganhei títulos, partidas difíceis, quarto lugar na Olimpíada de Atlanta. Mas não dá para negar que o ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003, em Santo Domingo, República Dominicana, está gravado na memória e no coração. Não como resultado tenístico, posso falar dessa forma (risos), mas como imagem e por ter sido o último jogo da minha carreira. Ganhar do Peter Sampras em Roma e a semifinal de Roland Garros (torneio na França considerado Grand Slam, um dos quatro mais importantes do circuito profissional) foram momentos marcantes também. Vencer esse mito naquele momento fez com que percebesse que joguei meu melhor tênis.

PG Notícias– Após se afastar das quadras, tem acompanhado de alguma forma essa nova geração do Brasil? Como analisa os últimos resultados obtidos por tenistas brasileiros?
Meligeni – Estamos no melhor momento dos últimos anos. O País tem outra vez dois tenistas entre os cem melhores do mundo. O Thomas Belucci é jovem e promissor, além do Marcos Daniel, que já provou em determinados momentos sua qualidade técnica. O importante não é olhar o Thomas agora, mas perceber seu potencial e deixar que as coisas aconteçam naturalmente. Ele está disputando grandes eventos e adquirindo cada vez mais experiência para atingir seu melhor e duelar em condições normais com os grandes tenistas. Tenho boas expectativas quanto ao futuro do tênis nacional. Não é fácil voltar para o Brasil atingir os resultados anteriores. As referências ficaram altas e devemos ter paciência.

PG Notícias– Qual seria a receita ideal para que o Brasil revelasse tenistas de alto nível técnico de forma mais constante?
Meligeni –Agora estamos entrando em momento importante para o tênis nacional. Pela primeira vez, a Confederação Brasileira (CBT) conta com patrocinadores específicos. A idéia é criar uma base para aperfeiçoamento dos grandes destaques e revelações. O trabalho deve girar em função dos mais jovens. Os jogadores que temos já estão estabilizados e conhecemos suas qualidades. Para pensarmos em revelação de atletas devemos oferecer estrutura, como centros de treinamentos, projetos especiais aos novatos. A hora é agora. Os dirigentes terão a oportunidade de mostrar o quanto são bons. Devemos tirar proveito dessa oportunidade, porque às vezes ela passa apenas uma vez em nossa porta.

PG Notícias– Após encerrar a carreira, teve rápida passagem pela seleção brasileira como capitão do time da Copa Davis. Tem intenção de voltar a atuar como dirigente, técnico ou ainda algo desta natureza ligado ao tênis?
Meligeni –Pergunta difícil (risos). Como dirigente, certeza que não. Meu perfil está totalmente fora dos padrões necessários para esta atividade. O esportista está do lado técnico da coisa e dificilmente tem cacuete para aturar algumas situações que aparecem nesse meio. Saí da capitania da Copa Davis por não concordar com imposições e fatores externos que me obrigavam a fazer o que não achava correto. Faço o que acredito ser correto e sempre de forma transparente, não o que me pedem. Desta forma, voltar a ser capitão da Davis está totalmente fora de cogitação, pelo menos por enquanto. Existem muitos fatores além do que treinar, quem convocar e como jogar que não consegui digerir. Enquanto for desta forma, é difícil voltar a atuar nesse meio. Ajudo muito mais do lado de fora, com idéias e informações relativas a treinamentos e jogos nos contatos com os tenistas.