O Palácio das Artes e seus frutos do amanhã

22/9/2008

Foto Indisponivel

Por Nádia Almeida

Praia Grande está em festa e nada poderá tirar seu brilho, impresso nas contas de cristal do Palácio das Artes e no olhar de cada morador que se reflete ali. Nós, um município tão novo em relação aos seus centenários irmãos. Nós, um povo miscigenado, fruto de diferentes naturalidades. Nós, a vila de pescadores que hoje é referência em projetos de vanguarda, como a Creche do Idoso e a Central de Monitoramento.

Durante décadas, sofremos com velhos estigmas, problemas crônicos e a baixa estima. Mas hoje, aos 41 anos de emancipação político-administrativa, olhamos para trás e conseguimos dimensionar o quanto avançamos. O Palácio das Artes, que também poderia se chamar Palácio do Povo, pois foi criado para ele, que reina absoluto em todas as manifestações populares, coroa um processo gradual de desenvolvimento.

Na entrada do Foyer Graziella Diaz Sterque cruzamos com pessoas vindas de cidades vizinhas, inclusive Santos, famosa por ícones culturais como Pagu e Plínio Marcos. Nossa memória também guarda ícones, igualmente importantes no contexto municipal, agora pulsando, viva, num lugar especial: o Museu da Cidade. A Praia Grande futurista mais uma vez surpreende a região com o primeiro museu deste tipo, onde a tecnologia brinca com a antigüidade. O melhor é ver que o povo interage ali, através do lúdico que encanta diferentes gerações.

Mergulhando no Museu da Cidade, senti a euforia típica dos adolescentes, quase infantil. Fiquei deslumbrada com a camisolinha de batismo da família Sanchez Toschi, lembrando da querida dona Circe e de nossas longas entrevistas sobre a luta da emancipação, embaladas por fumegantes cafés. Entre álbuns de fotografias branco e preto e deliciosas histórias publicadas em um livro, aprendi muito sobre a Cidade.

Também recebi muitas lições de outras duas cidadãs muito especiais: Graziella Diaz Sterque e Silvia Lemos Smith. Três mulheres, três histórias, o mesmo amor por Praia Grande. Lições de história e vida.

Tive o prazer de participar do almoço do que seria o último aniversário de Graziella, com a presença de Silvia, incansável poeta e sua grande amiga. Muitos dos textos que a professora assinava, divulgando relatos surpreendentes desta Cidade que, ao contrário das centenárias ao lado, não se expandiu a partir de uma igreja, mas de uma fortaleza militar, subsidiaram minhas matérias. Graziella, Circe e Silvia são exemplos de pessoas revolucionárias e dinâmicas e, juntas, sintetizam a essência de Praia Grande: singular, destemida e pioneira.

Se o futuro são as crianças de hoje, que já estão usufruindo um complexo tão rico (e aqui vão meus parabéns a todos os envolvidos nesta bela empreitada, em especial à Secult e à Coordenadoria de Projetos Especiais), que belo futuro nos aguarda! Com orgulho recebemos artistas conhecidos nacionalmente, como Tomie Ohtake, mas um dia esse sentimento será amplificado ao sediarmos exposições de talentosos cidadãos, cultivados em solo praiagrandense. As sementes desta safra estão sendo plantadas e, não por acaso, aos pés do Morro do Xixová.

Espero que tenhamos, no futuro, muitas Graziellas, Circes e Silvias para ajudar a construir uma sociedade ainda mais consciente. E que o nosso passado, com seus percalços e desafios, presente nos monóculos do Museu da Cidade e na memória coletiva deste bravo povo, nos conduza rumo à superação e nos inspire a fazer sempre o melhor.