Brincadeiras, jogos, bate-papo e regras, muitas regras

Apesar da rigidez, atletas encaram rotina do alojamento com descontração

19/11/2008

Érika Pereira sob supervisão de Melchior de Castro Junior - Mtb 15.702

No lugar de carteiras, giz e apagador, as salas de aula da Escola Estadual Professor Augusto Saes, em Piracicaba, foram tomadas por colchões, mochilas e pares de tênis dos atletas, técnicos e dirigentes da delegação de Praia Grande nos Jogos Abertos do Interior. A “decoração” estilo acampamento é o refúgio dos esportistas a cada disputa.

Para manter a ordem em meio à bagunça organizada, o chefe do alojamento, Ed Carlos Correia de Lima assume o posto de general. E lá vêm regras: “Não pode fazer bagunça, deve-se manter silêncio absoluto após as 23 horas, menina não entra em quarto de menino e vice-versa, não pode sair do alojamento sem a companhia do técnico e todos precisam respeitar os horários de alimentação”.

“Já fui atleta e sei que fazer bagunça no quarto é gostoso. Mas precisamos manter a disciplina, pois tem gente que vem pra cá com muito profissionalismo”, justifica Lima.

Enquanto caminha pelos longos corredores conferindo se está tudo dentro do previsto, Lima argumenta que há atletas que precisam acordar às 6 horas em dia de competição, por isso a razão do “toque de recolher”. “Cada um deve respeitar o espaço do outro”.

No meio de tantas regras, engana-se quem pensa que no local não há espaço para a diversão. Há música, jogo de dominó e cartas, além de muito bate-papo. O pátio da escola não demorou para se transformar em “praça de alimentação” e, consequentemente, ponto de encontro.

Xadrez – Ed Carlos Lima não titubeia para afirmar que a equipe de xadrez ganha de todas as demais no quesito bagunça. “Em outra edição, os garotos colocaram até purgante no refrigerante de uma atleta que tinha jogo no dia seguinte. Na volta ao alojamento, com uma medalha no peito, ela se vingou: colocou pasta de dente na roupa dos garotos”.

Hoje, Lima compreende o motivo de tanta algazarra. “Quando estão competindo, os atletas do xadrez não podem comemorar os pontos conquistados. Mesmo com a vitória, devem ficar sempre quietos. Aí quando retornam ao alojamento, soltam toda a energia aqui”.

As meninas do xadrez reconhecem que possuem a fama das que mais aprontam. “Antes de vir para o alojamento, eles até fazem reunião com a gente pedindo para se comportar”, diz Israella Moraes, de 13 anos. Muitas vezes, elas não podem nem sair da concentração. “Não tivemos permissão nem mesmo para assistir à abertura dos jogos”, diverte-se Emile Casasco, de 16 anos. Mas isso não abalou o inquieto espírito de cada atleta. “O importante é não ficar parada um só instante”, completou Emile.

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