Cynthia Falabella declara amor ao teatro infantil

Atriz está em cartaz com o espetáculo O Jeca Voador

Por Lorena Flosi | 21/11/2008

A mineira Cynthia Falabella, 36 anos, há muito deixou de ser conhecida como a irmã mais velha da atriz Débora Falabella. Com uma carreira sólida em cinema e teatro, vencedora do prêmio Crystal Lens, do Miami Brazilian Film Festival 2008, pela atuação em 5 Frações de uma Quase História, Cynthia se dedica com amor ao teatro infantil. Atualmente em cartaz com O Jeca Voador, produção exibida aos alunos de Praia Grande, ela passa as tardes no camarim da Sala de Espetáculos Serafim Gonzalez, que, confessa, já é quase como um lar. Em entrevista ao PG Notícias, Cynthia fala da carreira, da ligação com o teatro e revela planos para o futuro.

PG Notícias – O Jeca Voador faz sucesso há três anos. Qual o segredo?
Cynthia Falabella - Acho que foi um encontro muito feliz entre atores, texto e direção, com produção muito bem cuidada. Gostamos muito de fazer essa peça. O universo da década de 20 no Brasil é muito rico e as ferramentas usadas pelo autor para passar as informações às crianças extremamente lúdicas. As crianças respondem muito bem, tanto as menores quanto as mais velhas. Claro que o entendimento varia de acordo com a idade, assim como o tipo de reação. Vejo que as menores se prendem mais às cores, à caricatura do Jeca, interpretado por Gustavo Haddad, aos efeitos de luz e som. Mas de um modo geral, o formato é muito bem recebido por todos.

PG – Quais as vantagens e desvantagens de interpretar os mesmos personagens durante anos?
Cynthia – Para mim não há desvantagens. À medida que o tempo passa, você se torna mais íntimo dos personagens, das falas. É um exercício diário. Ganha em tranqüilidade; mas se engana se acha que cai na mesmice. Cada espetáculo é único; sempre acontece algo fora do programa. E estar há tanto tempo com as mesmas pessoas é ótimo, acaba virando uma família mesmo. Neste último mês, por exemplo, venho para cá todos os dias. Já reconheço essas mesas e cadeiras do camarim como parte de minha casa. Vou sentir saudades!

PG – Qual a sua preferência, teatro infantil ou adulto?
Cynthia – Os dois, cada um com suas particularidades. Tenho um histórico de teatro infantil muito bacana em Belo Horizonte (Minas Gerais), onde comecei minha carreira. Já fiz bons personagens no teatro infantil; me deram muito prazer. Fui bailarina, e a dança me ajudou muito nas particularidades de interpretação do teatro infantil, onde os movimentos corporais são muito importantes. Primeiro fiz Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado. Depois vieram inúmeras produções felizes para mim, como Branca de Neve e O Mágico de Oz, um musical que também envolvia dança. Foi uma experiência enriquecedora. Sempre fui muito feliz em produções infantis.

PG – Você julga que o teatro infantil foi sua grande escola?
Cynthia – Na verdade não. Se formos contabilizar, fiz mais peças adultas que infantis. Mas é muito difícil fazer teatro para criança. O texto geralmente é muito cuidadoso. E esse público é sincero. Se as crianças não estão gostando, a resposta vem na hora. É um trabalho muito importante, de formação de espectadores, de proporcionar os primeiros contatos com a arte. É uma grande responsabilidade.

PG – Neste ano, você estreou sua primeira montagem de Nelson Rodrigues, A Serpente. Também foi a primeira vez que dividiu o palco com sua irmã, Débora. Como foi a experiência?
Cynthia – Muito legal. Talvez retorne com a peça em 2009; tenho muita vontade de viajar com a produção. Débora e eu nunca havíamos atuado juntas, e nossa cumplicidade ajudou muito na composição das personagens, que também são irmãs. O texto de Nélson, sempre forte, tem falas muito orgânicas; toda a trama é extremamente inteligente. É um prazer fazer Nelson Rodrigues, é sempre bom falar Nelson.

PG – Além de voltar com A Serpente, quais seus planos para 2009?
Cynthia – Na verdade, voltar com A Serpente, é um desejo. Mas sei que vamos continuar com O Jeca. Quero muito viajar com o espetáculo para outros estados. Tenho alguns planos em cinema também, mas tudo ainda no papel. Vamos ver o que acontece (risos).

PG – Recentemente você ganhou Crystal Lens, do Miami Brazilian Film Festival. Você julga que a premiação traz novas perspectivas, abre portas?
Cynthia – Vejo como um reconhecimento. Claro que uma premiação projeta seu nome, te coloca em contato com outras pessoas, divulga seu trabalho. Mas creio que bons convites, para boas produções, acabam vindo naturalmente. O trabalho é primordial; o reconhecimento, conseqüência.

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