Morcegos exigem cuidados dobrados contra raiva

Não se deve tocar em morcegos nem deixar de vacinar cães e gatos

Por Nádia Almeida | 26/11/2008

A notícia de que o Brasil obteve a cura de uma pessoa infectada pelo vírus da raiva, divulgada este mês pelo Ministério da Saúde, não deve servir para que a população negligencie cuidados para evitar essa doença letal. O alerta é do veterinário Osório Gonçalves Júnior, chefe da Divisão de Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde Pública (Sesap). “Nesta época do ano, os morcegos se reproduzem e há aumento do fluxo de alimentação, o que os atrai para as cidades”, explica. “Na nossa fauna, predominam os insetívoros (que se alimentam de insetos) e os frugívoros (de frutas).”

O mais básico dos cuidados para evitar a raiva em animais e humanos é vacinar cães e gatos. Entre julho e setembro deste ano foram imunizados 22.083 cães (79,5% da meta de 27.771, considerando uma população mínima de 34.714 animais desta espécie) e 3.343 gatos (61,9% da meta de 5.400, para uma população mínima de 6.750 gatos). Quem perdeu a última campanha anti-rábica deve procurar o Centro de Controle de Zoonoses. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas, na esquina das ruas Ali Daychoum e Antonio Cândido da Silva, Vila Sônia, telefone 3596.1882.

Naturalmente agitados e brincalhões, os gatos ficam mais suscetíveis à raiva do que os cães porque caçam morcegos. Segundo o Ministério da Saúde, esses pequenos mamíferos voadores passaram a ser os principais transmissores da doença viral desde 2004, no lugar dos cães domésticos.

Distância - Como após a primavera a movimentação de morcegos aumenta em espaços urbanos, a orientação de Gonçalves é nunca tocar num destes animais, vivo ou morto. “As pessoas não devem pegá-los. O correto é jogar um balde em cima e ligar para o Controle de Zoonoses para que façamos a captura. Todo morcego que recolhemos enviamos ao Instituto Pasteur, para a pesquisa do vírus.”

A raiva mata em pouco mais de uma semana, após gerar um quadro de dor de cabeça, salivação excessiva, convulsões e mudanças de comportamento. Qualquer pessoa que for mordida por um morcego ou animal doméstico com raiva ou suspeita deve lavar o ferimento imediatamente e procurar o serviço de saúde para ser vacinada ou receber o soro anti-rábico. Vale lembrar que o vírus pode ser transmitido pelo animal contaminado ao ser humano não apenas por mordida, mas também por arranhões ou lambeduras.

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