Museu da Cidade torna descoberta da história mais divertida

Com ferramentas interativas e diferenciadas, museu é opção de passeio cultural

Por Lorena Flosi | 11/2/2009

Longe das salas de aulas e livros tradicionais, monóculos gigantes, estandes de história oral com vídeos da década de 40 ou 50. Fotografias dispostas em um painel gigante e mesas expositivas com documentos que por si só oferecem a oportunidade de ter um pedaço da história ao alcance dos olhos. O Museu da Cidade, único na Baixada Santista, oferece um conceito pouco conhecido do grande público e relativamente novo na museologia: o de interagir com o conteúdo expositivo.

Com cerca de 250 metros quadrados de área, o Museu da Cidade conta com o testemunho dos próprios moradores do Município, que participaram da construção da identidade local. As entrevistas serão disponibilizadas no estande de história oral, através de três televisores com tela de plasma de 32 polegadas, equipados com DVDs e fones de ouvido.

“Um museu de cidade surge com propósito diferente do convencional. Busca reconhecimento maior do munícipe com aquele espaço”, comenta a chefe do Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), Mônica Solange Rodrigues e Silva. “O museu mostra, a cada morador, que ele é parte ativa da história de sua cidade, e serve como um espelho para que reconheça sua identidade”.

Em outro terminal, quatro computadores disponibilizam a história e curiosidades sobre cada bairro do Município. “O Ocian, por exemplo, que muitos pensam ter sido batizado por sua relação com o mar, na verdade foi nomeado com a sigla da construtora que ergueu os primeiros prédios do lugar: Organização Construtora e Incorporadora Andraus (Ocian)”, destaca Mônica.

Quem entra no Museu, imediatamente se depara com uma série de 15 monóculos, dispostos em alturas diferentes, para que tanto adultos quanto crianças e cadeirantes possam ter acesso às imagens que eles trazem. E não há quem resista à curiosidade de espiar pela lupa das réplicas gigantes e se divertir com as fotografias que encontram, de banhistas se divertindo nas praias do Município em décadas passadas.

“O monóculo é um referencial histórico não só do turismo de um dia, mas também da época em que Praia Grande era um balneário”, esclarece Mônica. “A cultura do monóculo remonta ao início do século 20. Nas décadas de 1920 e 1930, o monóculo já fazia parte da cena turística de Praia Grande. Muitos fotógrafos, na época chamados de lambe-lambe, ganhavam a vida fotografando os banhistas e vendendo as imagens em monóculos. Acabou virando uma tradição, que teve seu auge na década de 1970”.

O Museu da Cidade conta ainda com quatro mesas expositivas, que apresentam fotografias e documentos históricos, selecionados entre os mais de 30 mil documentos doados por moradores da Cidade, e arquivados no Centro de Documentação e Memória (Cedom).

Outras atrações são os painéis gráficos: Um deles, de 13 metros, exibirá foto aérea da cidade. O segundo destina-se à exibição do patrimônio natural de Praia Grande, representado por dezenas de registros fotográficos do trecho de Mata Atlântica e área de mangue que margeia o Município.

Vida na Praia – Exposição especial, comemorativa aos 42 anos de emancipação político-administrativa de Praia Grande, “Vida na Praia” discute as relações de vida na praia de maneira abrangente. “Nem só a necessidade de proteção da vida marinha é abordada, mas toda a trajetória de desenvolvimento e urbanização das praias do Município. Do balneário, quase deserto das décadas de 20, passando pelo turismo desordenado dos anos 80 e pela urbanização nos idos de 90, nosso objetivo é buscar a reflexão sobre as conseqüências das transformações neste espaço, e qual nosso papel no futuro”, explica Mônica.

Agregada à exposição de longa duração, a mostra usa elementos visuais para ambientar os visitantes. Já na entrada do museu, uma instalação onde um tanque de areia com baldinhos, conchas, pipas, redes de pesca e até uma talamanca - espécie de flutuante muito usado para pesca - convida quem chega a um verdadeiro mergulho na história da relação humana com a praia.

A visitação ao Museu da Cidade é gratuita, e pode ser feita de terça-feira a sábado, das 14 às 18 horas. O museu está inserido no complexo cultural Palácio das Artes, na Avenida Presidente Costa e Silva, 1.600, Bairro Boqueirão. Há a possibilidade de agendamento para escolas e grupos em geral, que podem ser feitas através do telefone 3496-5708.