No Irmã Dulce, famílias se aproximam de pacientes da psiquiatria

No tratamento, bolo, guaraná e tantos outros ingredientes viram terapêuticos

Por André Aloi | 28/5/2009

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Para aproximar as famílias dos pacientes no período de internação psiquiátrica - medicina que se ocupa do diagnóstico, da terapia com remédios e da psicoterapia de pacientes que apresentam problemas mentais -, o Hospital Municipal Irmã Dulce promove eventos festivos com doces, salgados, música e muita descontração.

A unidade integra a rede da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande e é gerenciada pela Fundação do ABC (FuABC). “Para os pacientes da ala de Psiquiatria do Hospital, que dispõe de 15 leitos para casos emergenciais, esses ingredientes ganham importância terapêutica”, explicou o psiquiatra Edson Kazuo Matsumoto, responsável pelo setor. Segundo ele, esse envolvimento influencia no tratamento.

Apesar da curta permanência hospitalar, Matsumoto observa que a participação dos familiares no processo é muito importante. “O hospital, por obrigação, se restringiria ao momento da crise, mas trabalhamos também com a família, promovendo estas ações voluntariamente”, salienta. Sem o peso da imposição, as festas servem para fazer esse elo no período, ajudando na recuperação dos pacientes.

Matsumoto observa que os transtornos mentais podem ser passageiros ou reações agudas ao estresse. “A pessoa retoma por completo a condição de plenitude que tinha antes, então não podemos pensar que aquela internação é algo irreversível”, avalia. “Mas pacientes crônicos também devem ser tratados em liberdade, tão logo recebam alta hospitalar, sempre com a participação da família, que deve refletir sobre a situação”, finalizou.

Para atender familiares e pacientes em momentos de crise emocional, o Hospital Irmã Dulce conta com a atuação da psicóloga Vanessa Bizzo. A função da Psiquiatria do Hospital Municipal é atender o paciente somente no momento de crise. Uma vez contida a situação e estabilizado o quadro clínico, os responsáveis são chamados para que o paciente, já em alta médica, retorne ao lar e prossiga tratamento em liberdade no Centro de Atenção Psicossocial (Caps).

Antimanicomial — Praia Grande, que adota o modelo aberto no tratamento desses pacientes, mantém o Ambulatório de Saúde Mental e o Centro de Atenção Psicossocial (Caps II). O tratamento do paciente com transtorno mental é feito no Caps por uma equipe multidisciplinar e várias atividades, incluindo passeios e oficinas artesanais, cujo objetivo é unir acompanhamento médico à reinserção social.