Anjos do Verão ajudam crianças perdidas na praia

Projeto segue todos os finais de semana até o carnaval, na praia do Bairro Ocian

Por Paola Vieira | 27/1/2010

“Bata palmas pra esta ideia”. Com este slogan que o projeto Anjos do Verão ajudou 18 crianças perdidas e distribuiu 300 pulseiras de identificação em Praia Grande, isso apenas no domingo e segunda-feira (24 e 25). O projeto segue durante todos os finais de semana, até o carnaval, quando ocorrerá todos os dias do feriado, na praia do Bairro Ocian, em frente ao Posto 7 dos Bombeiros.

Uma bandeira grande, suspensa a aproximadamente seis metros de altura, com a inscrição “Anjos do Verão” localiza onde o projeto acontece. Segundo o criador da iniciativa, Rui Silva, a ideia surgiu de sua própria experiência. “Hoje meu filho está com 10 anos, mas quando tinha apenas dois anos ele se perdeu na praia da Enseada, em Guarujá, e ficamos desesperados. Por conta disso, três anos depois decidi colocar em prática uma idéia que surgiu para evitar que as crianças ficassem tanto tempo longe dos pais, sem trauma, sem atrapalhar a vida dos bombeiros e da polícia, embora seja o papel deles. Tive a ideia de criar um ponto de encontro. Uso toda estrutura da praia: guarda sol e cadeira dos quiosques, barracas e trago vontade e criatividade”.

O trabalho voluntário é realizado por Rui, sua esposa Aparecida Rix e seus filhos Heloisa e Lucas. Para encontrar as crianças mais rápido a criatividade é colocada em prática. Quando uma criança está perdida, além de aguardar junto à sua família, eles começam a bater palmas dizendo o nome da criança. “Batemos palmas cantando o nome da criança perdida e a população em volta ajuda fazendo um barulhão que dá para ouvir tanto do calçadão como na orla da praia e rapidamente o responsável acha a criança”.

Silva explica que este é um trabalho humanitário que facilita a vida do guarda-vidas, dos pais e da criança. “Desde 2006 em Guarujá ajudamos 412 crianças e em Praia Grande, em dois dias, foram 18 crianças. Conseguimos entregar a criança aos pais em aproximadamente 10 minutos, quando se fosse de outra forma demoraria mais”.

O apoio que a Prefeitura de Praia Grande tem oferecido ao projeto é fundamental, segundo Silva. “A atitude do governo de Praia Grande foi ótima. Rapidamente a Administração nos apoiou. Fizemos uma reunião com a Policia Militar, Guarda-Vidas, Guarda Civil Municipal (GCM), secretarias de Trânsito e Transporte (Setransp) e Saúde (Sesap) e a Prefeitura se envolveu completamente por entender que o projeto é muito bom para a cidade. Isso é muito importante, nos ajuda muito”.

O Comandante do Subgrupamento de Salvamento Marítimo do Corpo de Bombeiros do Litoral Sul, capitão Maurício Meloti Machado Cunha, garante que o trabalho do Anjos do Verão ajuda não só no trabalho preventivo de orientação à família, quanto em encontrar crianças. “Seria bom que esse trabalho fosse expandido porque ajuda muito os guarda-vidas, que têm como função principal salvar pessoas que se afogam. Se temos uma organização conhecida, confiável como esta, sabemos que podemos deixar as crianças com eles. Somente em dois dias eles ajudaram 18 crianças. Se elas não estivessem com eles recorreriam aos guarda-vidas que, não deixariam de fazer um salvamento, mas, de certa forma, dificultaria o trabalho”.

Cunha garante, de experiências anteriores, que o trabalho é eficiente. “Já trabalhai no Guarujá e acompanhei o trabalho deles. Nos ajudou muito. Lá começou em um ponto só e com o tempo se expandiu. Aqui em Praia Grande seria bom que também expandisse em especial para pontos críticos como os bairro Ocian, Boqueirão, Aviação, entre outros”.

ONG – Segundo Silva este é o último ano que o Anjos do Verão atende como projeto. “Minha família ama praia. Somos educadores, na hora de folga juntamos diversão com lazer e com dever cidadão. Assim, nos sentimos útil e fortalecemos nossa auto estima. A nossa função é coordenar, avisar bombeiro policia, passar calma para crianças e pais. E este ano está sendo o último trabalho em ação familiar. Tanto os amigos insistiram que estamos transformando Anjos de Verão numa ONG para prosseguir esse projeto tão sério”.

Palmaço – O idealizador do projeto diz que no carnaval gostaria de fazer dez pontos de encontro com voluntários. “E quem sabe conseguimos fazer um ‘bate palmaço’, com 400 mil pessoas batendo palmas ao mesmo tempo para sinalizar que Praia Grande é uma cidade segura para população e turistas”.

Cuidados – Para não perder crianças na praia, o capitão explica que não há dicas. “O ideal é ficar atento o tempo todo. Na praia elas querem correr e brincam o tempo todo. Os pais têm que ficar atentos. Percebemos que a primeira reação dos responsáveis, quando encontram a criança, é o alivio, mas depois brigam com ela. Esquecem que a responsabilidade é do adulto”.

Muitas pessoas costumam dar referência de locais ou objetos para crianças. O capitão explica que este método é falho. “Alguns falam para elas prestarem atenção em determinado carrinho de lanche ou guarda-sol, mas esses objetos podem sair do local e a criança se perde da mesma forma”.

Praia Grande conta com 50 guarda-vidas zelando pela segurança da população e turistas. Para prevenir que as crianças se percam, os profissionais que ficam nos cadeirões estão munidos de pulseiras de identificação para colocar nos pulso delas. Nelas são escritos o nome e telefone para contato. Os voluntários do Anjos do Verão também contam com pulseiras de identificação.

Mais informações sobre o Anjos do verão podem ser obtidas www.anjosdoverao.com.br.