Fórum discute violência contra a criança dentro da família
“A violência é praticada no seio da família”, afirmou a secretária de Promoção Social de Praia Grande, durante o 1º Fórum Municipal para Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil
Por Alex Frutuoso | 25/8/2003

Várias autoridades estiveram reunidas na última sexta-feira, dia 22, na Câmara Municipal de Praia Grande, perante um grande público que lotou as dependências da casa, participando do 1º Fórum Municipal para Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil. Durante o evento foi destacada também a importância do Programa Sentinela, que dá atendimento às vítimas de abusos sexuais e seus parentes.
Logo na abertura do fórum, a secretária de Promoção Social de Praia Grande, Maria Del Carmen Padin Mourão, afirmou que a violência sexual é algo que está mais próximo das pessoas do que elas imaginam. “Segundo a nossa estatística, a maior parte da violência sexual é cometida no próprio seio da família. Às vezes pelo próprio pai. E normalmente a família não denuncia”.
Sobre o Programa Sentinela, a secretária explicou as diretrizes da iniciativa. “O projeto tem como finalidade o atendimento especializado a crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. Nos casos que vêm acontecendo em Praia Grande, detectamos que em primeiro lugar o abuso é feito pelo próprio pai, seguido pelo padrasto. Isso é muito triste”, revela.
Após a exibição do trecho de um filme mostrando a dura realidade do abuso sexual, foi a vez da coordenadora do Programa Sentinela, Kátia Rocha, falar sobre o trabalho desenvolvido, apresentando estatísticas. Os números foram apresentados em fluxogramas pela pedagoga Cristianine Batista. A cada 100 casos registrados na Cidade, entre crianças de 10 a 12 anos, 69% das vítimas eram meninas, enquanto 31% eram meninos. “Mas esses números podem ser muito maiores, principalmente entre os meninos, já que essa estatística se baseia nos nossos atendimentos. Muitas famílias não denunciam, especialmente quando envolve os meninos”, conta Cristianine. Além disso, o Bairro Vila Mirim III teve o maior número de casos computados. Outro número apresentado foi relativo ao perfil do agressor: em 66% das ocorrências, o abusador é membro da família, contra 34% de outras pessoas. “Tal realidade é preocupante e deve mobilizar toda a sociedade. A violência sexual influencia na vida futura e nas próprias relações sociais da criança”, avalia Kátia.
CONVIDADOS – Uma série de autoridades convidadas também falou sobre o tema. Irina Soares, membro do Conselho Tutelar de Praia Grande abordou a importância da parceria entre as instituições. “O Programa Sentinela minimiza o sofrimento das crianças vitimizadas. É nesse ponto que o Conselho Tutelar busca uma parceria com o programa. Quando nós recebemos uma denúncia vamos ao local, averiguamos e, mesmo caso tenhamos alguma dúvida sobre a veracidade do fato, encaminhamos ao Sentinela, que vai verificar o que houve e auxilia a família”.
Na seqüência, foi a vez da diretora regional da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Almerinda Lopes Medeiros, mostrar sua indignação diante de um caso que chocou a opinião pública. “Todos acompanharam recentemente pela mídia que uma casa (Câmara Municipal) como essa, aqui mesmo no Estado de São Paulo, estava comercializando crianças na exploração sexual. Isso é muito triste. Dentro das classes média e alta, a coisa é mais camuflada”, acredita.
Em seguida, a titular da Delegacia da Mulher de Praia Grande, Edna Pacheco, falou sobre o trabalho da polícia na investigação dos casos de abuso sexual. “Atualmente, a Delegacia da Mulher pode agir com maior capacidade em relação às vítimas de violência sexual. A delegacia foi criada para dar uma assistência à mulher. Com o passar do tempo nós começamos a atender crianças e adolescentes, de ambos os sexos. Infelizmente, os dados divulgados sobre pais abusadores são reais. E muitas vezes a família esconde o fato por não querer se expor. Outro dado alarmante é que, com o passar dos anos, o número de denúncias aumentou muito. E uma coisa que me marcou muito em todos esses anos é que você tem que saber escutar. Uma vítima de violência sexual é obrigada a sofrer várias vezes, por ter de relembrar a história cada vez que passa por um órgão público diferente. Por isso é muito importante, nesse encontro, conseguir minimizar esse tipo de situação”.
O próximo a dar uma opinião sobre a discussão foi o promotor da Vara da Infância e da Juventude de Praia Grande, Carlos Cabral Cabrera. “O abuso sexual não se resume ao estupro ou ao atentado violento ao pudor. Acabar com a inocência de uma criança, exibindo a ela filmes pornográficos e revistas também é uma forma de violência. Criança tem de ser criança. Todo esse tipo de violência tem de ser discutido e combatido”.
A representante da Secretaria de Saúde Pública de Praia Grande, Maria Cecília Nogueira, fez uma explanação sobre quais os procedimentos médicos em caso de violência sexual. “A vítima passa por uma equipe multidisciplinar e recebe a medicação preventiva. Depois, ela faz exames laboratoriais e há um acompanhamento de seis meses. Após esse período, se a pessoa estiver bem psicologicamente e sem qualquer tipo de doença, como Aids ou hepatite, ela tem alta”.
A vereadora Alina Soares destacou em sua fala a importância da família no combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes. “Como é triste esse assunto. Para minha surpresa, o pai biológico é o principal abusador nesses casos. Por isso, se não resgatarmos os valores da família não teremos uma solução. A sociedade precisa se mobilizar em torno disso”.
O fórum prosseguiu com a palavra da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Nanci Solano Tavares de Almeida. “O assunto é muito complexo e antigo. É por isso que o Programa Sentinela é de suma importância, mostrando a esses agressores que no Município de Praia Grande nós estamos em alerta. E que eles podem ser punidos por seus atos”.
Fechando os debates, Maria de Lurdes Antônio, co-diretorora do Núcleo de Estudos e Terapia da Família, destacou a qualidade do evento. “Tenho participado de algumas mesas há algum tempo e fiquei muito surpresa e alegre com tantas pessoas interessadas nesse assunto em Praia Grande. A violência sexual é uma realidade muito dura. E nos perguntamos porque as famílias permitem que a situação chegue nesse ponto”.
A programação terminou com o público fazendo perguntas aos participantes e com a entrega do novo material institucional do Programa Sentinela, pela secretária Maria Del Carmen Padin Mourão, aos membros que compuseram a mesa de debates.
A secretária finalizou fazendo uma avaliação positiva do fórum. “Esse encontro foi bom para passar o projeto para a sociedade. E para que as pessoas nos ajudem a identificar os agressores. A partir do momento que o agressor sabe que Praia Grande está tomando suas providências, isso inibe um pouco qualquer tipo de ação”.
Logo na abertura do fórum, a secretária de Promoção Social de Praia Grande, Maria Del Carmen Padin Mourão, afirmou que a violência sexual é algo que está mais próximo das pessoas do que elas imaginam. “Segundo a nossa estatística, a maior parte da violência sexual é cometida no próprio seio da família. Às vezes pelo próprio pai. E normalmente a família não denuncia”.
Sobre o Programa Sentinela, a secretária explicou as diretrizes da iniciativa. “O projeto tem como finalidade o atendimento especializado a crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. Nos casos que vêm acontecendo em Praia Grande, detectamos que em primeiro lugar o abuso é feito pelo próprio pai, seguido pelo padrasto. Isso é muito triste”, revela.
Após a exibição do trecho de um filme mostrando a dura realidade do abuso sexual, foi a vez da coordenadora do Programa Sentinela, Kátia Rocha, falar sobre o trabalho desenvolvido, apresentando estatísticas. Os números foram apresentados em fluxogramas pela pedagoga Cristianine Batista. A cada 100 casos registrados na Cidade, entre crianças de 10 a 12 anos, 69% das vítimas eram meninas, enquanto 31% eram meninos. “Mas esses números podem ser muito maiores, principalmente entre os meninos, já que essa estatística se baseia nos nossos atendimentos. Muitas famílias não denunciam, especialmente quando envolve os meninos”, conta Cristianine. Além disso, o Bairro Vila Mirim III teve o maior número de casos computados. Outro número apresentado foi relativo ao perfil do agressor: em 66% das ocorrências, o abusador é membro da família, contra 34% de outras pessoas. “Tal realidade é preocupante e deve mobilizar toda a sociedade. A violência sexual influencia na vida futura e nas próprias relações sociais da criança”, avalia Kátia.
CONVIDADOS – Uma série de autoridades convidadas também falou sobre o tema. Irina Soares, membro do Conselho Tutelar de Praia Grande abordou a importância da parceria entre as instituições. “O Programa Sentinela minimiza o sofrimento das crianças vitimizadas. É nesse ponto que o Conselho Tutelar busca uma parceria com o programa. Quando nós recebemos uma denúncia vamos ao local, averiguamos e, mesmo caso tenhamos alguma dúvida sobre a veracidade do fato, encaminhamos ao Sentinela, que vai verificar o que houve e auxilia a família”.
Na seqüência, foi a vez da diretora regional da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Almerinda Lopes Medeiros, mostrar sua indignação diante de um caso que chocou a opinião pública. “Todos acompanharam recentemente pela mídia que uma casa (Câmara Municipal) como essa, aqui mesmo no Estado de São Paulo, estava comercializando crianças na exploração sexual. Isso é muito triste. Dentro das classes média e alta, a coisa é mais camuflada”, acredita.
Em seguida, a titular da Delegacia da Mulher de Praia Grande, Edna Pacheco, falou sobre o trabalho da polícia na investigação dos casos de abuso sexual. “Atualmente, a Delegacia da Mulher pode agir com maior capacidade em relação às vítimas de violência sexual. A delegacia foi criada para dar uma assistência à mulher. Com o passar do tempo nós começamos a atender crianças e adolescentes, de ambos os sexos. Infelizmente, os dados divulgados sobre pais abusadores são reais. E muitas vezes a família esconde o fato por não querer se expor. Outro dado alarmante é que, com o passar dos anos, o número de denúncias aumentou muito. E uma coisa que me marcou muito em todos esses anos é que você tem que saber escutar. Uma vítima de violência sexual é obrigada a sofrer várias vezes, por ter de relembrar a história cada vez que passa por um órgão público diferente. Por isso é muito importante, nesse encontro, conseguir minimizar esse tipo de situação”.
O próximo a dar uma opinião sobre a discussão foi o promotor da Vara da Infância e da Juventude de Praia Grande, Carlos Cabral Cabrera. “O abuso sexual não se resume ao estupro ou ao atentado violento ao pudor. Acabar com a inocência de uma criança, exibindo a ela filmes pornográficos e revistas também é uma forma de violência. Criança tem de ser criança. Todo esse tipo de violência tem de ser discutido e combatido”.
A representante da Secretaria de Saúde Pública de Praia Grande, Maria Cecília Nogueira, fez uma explanação sobre quais os procedimentos médicos em caso de violência sexual. “A vítima passa por uma equipe multidisciplinar e recebe a medicação preventiva. Depois, ela faz exames laboratoriais e há um acompanhamento de seis meses. Após esse período, se a pessoa estiver bem psicologicamente e sem qualquer tipo de doença, como Aids ou hepatite, ela tem alta”.
A vereadora Alina Soares destacou em sua fala a importância da família no combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes. “Como é triste esse assunto. Para minha surpresa, o pai biológico é o principal abusador nesses casos. Por isso, se não resgatarmos os valores da família não teremos uma solução. A sociedade precisa se mobilizar em torno disso”.
O fórum prosseguiu com a palavra da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Nanci Solano Tavares de Almeida. “O assunto é muito complexo e antigo. É por isso que o Programa Sentinela é de suma importância, mostrando a esses agressores que no Município de Praia Grande nós estamos em alerta. E que eles podem ser punidos por seus atos”.
Fechando os debates, Maria de Lurdes Antônio, co-diretorora do Núcleo de Estudos e Terapia da Família, destacou a qualidade do evento. “Tenho participado de algumas mesas há algum tempo e fiquei muito surpresa e alegre com tantas pessoas interessadas nesse assunto em Praia Grande. A violência sexual é uma realidade muito dura. E nos perguntamos porque as famílias permitem que a situação chegue nesse ponto”.
A programação terminou com o público fazendo perguntas aos participantes e com a entrega do novo material institucional do Programa Sentinela, pela secretária Maria Del Carmen Padin Mourão, aos membros que compuseram a mesa de debates.
A secretária finalizou fazendo uma avaliação positiva do fórum. “Esse encontro foi bom para passar o projeto para a sociedade. E para que as pessoas nos ajudem a identificar os agressores. A partir do momento que o agressor sabe que Praia Grande está tomando suas providências, isso inibe um pouco qualquer tipo de ação”.