Palestra esclarece sobre balneabilidade das praias da cidade

Por | 16/1/2004

A balneabilidade das praias do Município melhorou a partir de 1997, em consequência da implantação dos emissários submarinos do Forte e da Tupi, bem como dos interceptores construídos ao longo das praias pela Administração Municipal de Praia Grande. A afirmação é da gerente do Setor de Águas Litorâneas da Cetesb, a bióloga Cláudia Condé Lamperelli, que apresentou fartas estatísticas das medições feitas pela empresa nos últimos anos comprovando a evolução na qualidade das águas do mar, em palestra sobre o Programa de Balneabilidade das Praias Paulistas da Cetesb, proferida na manhã de ontem (15/1), no Salão Nobre do Paço Municipal.
Ela reconheceu, porém, que existem problemas de balneabilidade decorrentes, principalmente, dos esgotos predominantes nos cursos d’água que cortam as praias em direção ao mar. Esses esgotos são provenientes de ligações clandestinas à rede de águas pluviais que desembocam nas praias. Para combater o problema, a Prefeitura já realiza, há dois anos, a Operação Caça-Esgotos, identificando as ligações clandestinas, falta de caixas de gordura e outras irregularidades, intimando os proprietários dos imóveis a providenciarem a regularização.
A palestra buscou esclarecer como é feito o trabalho de medição dos índices de balneabilidade pela Cetesb, a metodologia e os fatores que mais influenciam nos resultados, com destaque para o trabalho desenvolvido em Praia Grande, onde, durante este verão, são monitoradas oito praias com três coletas de amostras por semana. A Cetesb identifica as condições de cada praia como própria ou imprópria para o banho de mar e sinaliza os locais com bandeirolas verdes (próprias) ou vermelhas (impróprias), conforme a condição da respectiva praia.
FATORES - De acordo com a bióloga, os principais fatores que influem na balneabilidade são as chuvas, as correntes marítimas, as fontes de poluição fecal, a maré e o formato da praia. No caso de Praia Grande, deve-se considerar ainda o crescimento populacional elevado, especialmente nos meses de temporada, quanto a população chega a triplicar.
O vereador Felipe Avelino Moraes, Felipão, chamou a atenção para caminhões de limpa-fossa que já foram flagrados descarregando os dejetos de forma clandestina em bueiros da cidade, a fim de livrar-se das taxas cobradas para a deposição desse material em condições regulares. O gerente divisional da Sabesp no município, Francisco Correia, admitiu a ocorrência do problema e disse que providências foram tomadas, em conjunto com a Vigilância Sanitária do município, para intensificar a fiscalização desses casos. O secretário de Serviços Públicos e Trânsito, Antonio Freire de Carvalho Filho, propôs também o reforço da Operação Caça-Esgotos para eliminar os focos de poluição existentes.
OBRAS COMPLEMENTARES - Para Correia, a situação tende a melhorar ainda mais nos próximos anos, com as obras do Subsistema III, que envolvem a construção de mais um emissário submarino, na altura da Vila Caiçara, e a execução de mais de 190 Km de rede de esgotos, na região entre a Vila Mirim e Solemar, na divisa com Mongaguá, cujas praias permaneceram impróprias na maioria das medições feitas em 2003. Os recursos já estão assegurados e o processo licitatório acontece este ano. As obras devem estar concluídas até 2008, resultando no saneamento de 95% da cidade. A Prefeitura também está concluindo a rede de interceptores que levará os esgotos para os emissários, possibilitando a eliminação dos canais que ainda cortam as praias nesse trecho.
Cláudia Condé explicou ainda que o esgoto contém bactérias, parasitas e vírus responsáveis pela transmissão de várias doenças, como cólera, hepatite A, febre tifóide e gastroenterite, esta a mais comum, tendo febre, diarréia e o vômito como principais sintomas. Crianças de até 7 anos e pessoas que se expõem por longos períodos em praias impróprias, como surfistas, predominam entre as vítimas.
Ao final da exposição, o secretário de Obras, Luiz Fernando Lopes, sugeriu o estreitamento dos contatos entre os representantes da Cetesb, Sabesp e Prefeitura, para discutir ações conjuntas em casos que necessitem de intervenção do Poder Público, como o ocorrido em agosto de 2003, quando misteriosamente as praias da cidade permaneceram impróprias sem uma razão aparente que justificasse o fato. A idéia foi prontamente acatada pelos gerentes da Cetesb e Sabesp, que colocaram-se à disposição para futuros contatos ou esclarecimentos. “Quanto mais estreitarmos o diálogo, melhor para o público e para o meio ambiente”, observou a palestrante.
A situação da balneabilidade das praias é divulgada pela imprensa em geral e através do site da Cetesb (www.cetesb.sp.gov.br), que dá acesso a outras informações complementares sobre as condições de aproximadamente 130 praias do litoral paulista.
Também participaram do evento o vereador Antonio Carlos Rezende, técnicos e funcionários públicos.