PIC Melvi mostra seus “artistas”

Por Tatiana Giulietti | 23/8/2004

Os jovens alunos do Curso de Artes Plásticas do PIC – Programa de Integração e Cidadania, do Bairro Melvi, estão expondo seus trabalhos, fruto do que aprenderam nas aulas ministradas no 1º semestre. Utilizando a arte “rupestre”, com pinturas em cavernas que se fazia no período paleolítico da história, os alunos mostram todo seu talento através de várias técnicas.
Esses alunos que recebem o curso gratuitamente são, em sua maioria, integrantes do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, coordenado pela Secretaria de Promoção Social – Sepros. Sob um suporte de papel e argila trabalhados, que lembram mesmo as paredes de uma caverna, os jovens artistas de 7 a 12 anos fizeram desenhos em argilas, construindo mandalas e animais da época. No chão, muito papel amassado com pedras e serragem, que remete o visitante da exposição a tempos longínquos. Não faltam pinturas feitas com carvão e pigmentos naturais feitos com terra vermelha.
Isso tudo, de um lado. Do outro, os pequenos artistas surpreenderam as professoras de arte com a releitura que fizeram das obras da pintora Tarcila do Amaral (1886-1973). As principais, como o quadro “A negra” e o “Abaporu”, foram interpretadas com colagem sobre papel. O trabalho não se resumiu nas obras em si, mas na identidade da artista e os momentos políticos pelos quais passava o País. Mostra a era modernista e a antropofágica, como no caso do “Abaporu” que Tarcila pintou para seu então companheiro, o escritor Oswald de Andrade, outro dos expoentes da Semana de Arte Moderna, de 1922.
Quem visitar a exposição tem ainda a chance de assistir uma demonstração ao vivo de todas as oficinas promovidas no PIC. Em uma mesa, o visitante assiste técnicas de pintura em tecido, em madeira; serigrafia; oficina de bijuterias, etc. Vale a pena conferir. A exposição não tem prazo para terminar e pode ser visitada de 2ª a 6ª feira, das 9 às 17 horas, na Rua Heleny Rosa, 114, Bairro Melvi.