Modo de vida caiçara é discutido em Ciclo de Cultura

Série de atividades sobre a cultura caiçara contou com palestras e apresentações folclóricas

Por Aline Rollo | 28/8/2015

A valorização da cultura caiçara e o desenvolvimento de atividades desse povo ao longo dos anos foram os principais temas abordados durante o Ciclo de Cultura Tradicional e Contemporaneidade, que aconteceu durante toda a quinta-feira (27) no Palácio das Artes.

A programação teve início com uma visita monitorada à Exposição Ingredientes do Brasil, em cartaz na Galeria Nilton Zanotti até o dia 5 de setembro. Após a visitação, Márcio Barreto, idealizador da Semana da Cultura Caiçara em Santos, músico e produtor audiovisual, realizou uma oficina de sensibilização com instrumentos musicais utilizados pelos povos caiçaras.

No período da tarde, as atividades continuaram com a performance Identidade, apresentada pelos alunos do professor Osmário Barreto. Logo após, tiveram início as palestras de Christina Amorim, jornalista especializada em culinária caiçara e Pedro Henrique Moya, participante da Semana da Cultura Caiçara de Santos e representante do turismo social do Sesc-Santos.

Christina apresentou ao público participante as diversas formas de preparo de pratos tipicamente caiçara, e a evolução da utilização dos ingredientes ao longo do tempo. As plantas medicinais também foram abordadas pela jornalista. “Como as comunidades caiçaras eram originalmente isoladas, o uso de plantas medicinais era muito comum e até hoje faz parte da cultura desse povo. A culinária e a utilização das plantas medicinais têm uma forte relação com a cultura indígena, e em muitos vilarejos litorâneos os alimentos ainda são preparados de forma rudimentar, o que preserva a cultura caiçara em sua forma mais pura”.

Como vivia e o desenvolvimento do povo caiçara, acompanhando as mudanças sofridas pela sociedade em geral, foram os pontos principais da palestra ministrada por Pedro Henrique Moya. “O caiçara está em todo o litoral brasileiro, e a mistura entre os povos indígenas e portugueses originou essas comunidades, que trabalham diretamente ligados ao mar, tendo como principal forma de alimentação e sustento a pesca artesanal. A agricultura familiar também é forma de subsistência”.

De acordo com Pedro, os sambaquis, depósitos construídos pelo homem caiçara com materiais orgânicos e calcários, é a prova de que a luta pela preservação da cultura caiçara deve ser mantida. “Muitos sambaquis do nosso litoral brasileiro foram destruídos, restando apenas em algumas regiões no Rio de Janeiro e Santa Catarina. Os sambaquis eram locais onde o povo caiçara vivia e a preservação é falha”.

Para finalizar, o palestrante contou um pouco sobre uma comunidade caiçara de Ubatuba, que se organizara em uma cooperativa para a produção da polpa do fruto do palmito juçara. “Esse fruto é muito parecido com o açaí e tem enorme valor nutricional. Para a extração do fruto, não é necessário destruir a palmeira, evitando a extinção da espécie. Essa comunidade em Ubatuba produz a polpa do fruto, se organizando em uma cooperativa e obtendo o certificado de agricultura familiar. Hoje, as escolas da cidade utilizam o juçara na merenda escolar, provando que a agricultura caiçara, quando bem organizada, pode preservar suas raízes e se adaptar à realidade econômica atual do país”.

Apresentações – O Ciclo de Cultura Tradicional e Contemporaneidade teve as atividades finalizadas com a apresentação dos alunos do Porto das Artes, sob a coordenação da professora Fernanda Yannuzi e da diretora Luciana Rocha, que mostraram representações de danças caiçaras como o fandango e a dança de fitas.

Projeto Identidade na Diversidade - Visa colher histórias, depoimentos e receitas caiçaras, formando também grupos folclóricos que representem a Cidade. Além disso, através do Inquérito Caiçara, o projeto pretende promover palestras, rodas de conversa e apresentações sobre a cultura caiçara.


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