Abandono de animais dificulta trabalho da Zoonoses

Atitude criminosa deve ser denunciada em uma das delegacias do Município

Por Pedro Sbravatti | 12/4/2016

Liliane Souza, sob supervisão de Pedro Sbravatti

Já diz a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada pela Unesco: o animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca abandonado. Mas a realidade difere do que, em tese, deveria ser entendido e praticado como princípio fundamental na relação entre humanos e animais. O abandono – conduta que tem tido aumento no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Praia Grande – abre portas para a superlotação e coloca em xeque o bem-estar dos pets, dificultando mais ainda a adoção.

Em pouco mais de um mês, aproximadamente 40 filhotes, entre cães e gatos, foram deixados no local. Isso vai além de mera falta de comprometimento: trata-se de atitude criminosa, prevista no artigo 164 do Decreto-Lei nº 2848/40: “Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo”.

A raiz do problema que leva à população de animais abandonados percorre a irresponsabilidade humana, que invariavelmente enxerga os bichinhos como seres dotados de finalidades específicas destinados à submissão. Animais domésticos necessitam de amparo, o que significa depender de alguém que proporcione os devidos cuidados, mas isso quer dizer que eles não devem ser tratados com dignidade.

Coordenadora da Zoonoses, Maria Fernanda Gonçalves explica que animais em confinamento estão mais propensos a contaminações, por isso, quanto maior o número de abandonos, maior a chance de ocorrer a proliferação de doenças. E quando algum bichinho adoece, a chance de ser adotado diminui drasticamente. “Animais domésticos não foram feitos para viver em ambientes fechados, isso só contribui para que eles adoeçam. É preciso refletir e arcar com as responsabilidades”.

Zoonoses são doenças que podem ser transmitidas dos animais para os humanos. Raiva, leptospirose e toxoplasmose estão entre elas. O CCZ trabalha no controle dessas doenças e na prevenção de epidemias. O setor atua também na proteção animal, apreendendo aqueles que vivem em situações de extremo risco e disponibilizando-os para adoção. Sua atribuição, segundo a coordenadora, não é abrigar animais abandonados.

Crias indesejadas são propensas à rejeição. Para evitar que isso aconteça, o Município incentiva a castração de animais, disponibilizando a cirurgia gratuitamente através da Unidade Móvel de Atendimento à Saúde Animal (UMASA). Para que o serviço tenha efetividade, no entanto, é preciso contar com o empenho da população. Nesta questão, a dificuldade tem sido quanto ao alto índice de faltas nas cirurgias agendadas. Desde sua inauguração, em julho de 2015, quase mil cirurgias foram desperdiçadas.

ADOÇÃO – É possível conhecer alguns animais disponíveis para adoção através do site www.zoonosespg.blogspot.com. Interessados em acolher um animal podem se dirigir ao local, que fica na Rua Antonio Candido da Silva, s/nº, no Bairro Vila Sônia. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 10 às 16 horas. Para fazer uma adoção é preciso ser maior de idade e estar munido de um documento de identidade e comprovante de residência. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (13) 3596-1882.

DENÚNCIAS – Abuso ou maus-tratos contra animais devem ser denunciados em uma das delegacias do Município.

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS: Acesse também nosso conteúdo através do Facebook e do site da Rádio do Paço. Veja também o Banco de Imagens.