Readaptação: procedimento é caminho para retorno ao ambiente profissional

Objetivo é adequar capacidade do servidor à necessidade do trabalho

14/8/2017

Qualquer pessoa, a qualquer tempo, está suscetível a algum problema de saúde, seja de ordem física ou psicológica. Estes problemas podem levar a alteração nos rendimento do trabalho. Quando um funcionário público de Praia Grande deixa de ter condições para executar sua função, o Município disponibiliza a readaptação. Este procedimento permite que funcionários possam voltar ao trabalho, se sentindo valorizados e contribuindo para o atendimento da população.

Quando entrou na rede, em 2014, a auxiliar técnica de enfermagem, Myrian Márcia Pereira Carvalho, de 42 anos, passou por alguns setores, mas onde ficou mais tempo foi na remoção de pacientes. Dentro da ambulância, era responsável por manter os pacientes estáveis, enquanto o veículo estava em movimento. Um trabalho diário que exigia muita força e movimentação nos braços.

Um problema em uma prótese mamária provocou uma inflamação que fez com que ela ficasse com os movimentos dos braços limitados. Após três meses afastada do serviço, recebeu do seu médico a notícia de que nunca mais voltaria ao serviço de remoção. “Não poderia executar meu serviço, poderia ter sido encaminhada para o setor administrativo, mas fui encaminhada para uma Unidade de Saúde da Família (Usafa)”.

Na unidade, ela atende aos moradores, coleta sangue, atende a farmácia, mede pressão arterial, diabetes, participa da triagem antes de cada consulta, acompanha o preventivo e muitas outras coisas. “Estou gostando. Aqui posso continuar atuando na minha área, porém de maneira que não prejudique a minha saúde”.

A auxiliar de merendeira de uma escola municipal, Priscila Gomes de Oliveira, de 43 anos, foi diagnosticada com uma fissura no tendão na altura do ombro, que dificultou os movimentos do braço esquerdo. Canhota, Priscila não conseguia realizar tarefas simples como pentear o cabelo da filha. As funções diárias do trabalho, como lavar louça, descascar legumes, limpar fogão e servir as quase 1.000 crianças também não poderiam mais ser feitas por ela.

Após quase um ano de afastamento, retornou à escola e, inicialmente, não voltou para a cozinha. A convite da diretora, e com o incentivo das ex-colegas de trabalho, voltou a ajudar nas tarefas da merenda. “Tinha medo da cozinha. Não poderia mais lavar a louça, pegar fardo de arroz ou caixas de bebida. Nada que fosse necessário forçar o braço. Minhas colegas merendeiras me acolheram muito bem e entenderam que eu tinha restrições”.

Assim, cinco anos se passaram e desde que foi atendida pelo setor de Medicina do Trabalho da Prefeitura, Priscila pôde se sentir ativa, novamente. “Não posso falar que tive algum tipo de problema no meu retorno. Sempre fui bem atendida e me explicaram como seria o passo a passo da readaptação. É bom poder voltar ao trabalho, ficar em casa não é bom, gosto de estar na ativa. Amo lidar com crianças, vê-las dizer que a comida está gostosa é maravilhoso”.

O setor de Medicina do Trabalho é responsável pelo serviço de readaptação dos servidores. Há casos em que o funcionário se afasta mais de uma vez no ano. O ano de 2016 fechou com o seguinte balanço. Dos 10.795 servidores, 531 estavam afastados e 53 em readaptação.

De acordo com o diretor da Medicina do Trabalho, Everton Ferreira Francisco, a meta é fazer com que o número de servidores afastados diminua e para isso, a readaptação será usada como umas das formas de garantir o retorno de maneira saudável para o funcionário. “A ideia é trazê-lo de volta, mas não agravar as condições de Saúde deste servidor evitando assim outro afastamento temporário ou até definitivo do trabalho”.

O procedimento é simples. O médico do Trabalho avalia a condição de saúde, o local de atuação e a função do servidor. A primeira tentativa é readequá-lo ao posto. A partir daí o médico define as restrições de cada caso e só então é realizado um período de adaptação.
“Nos casos em que a condição de Saúde não permite continuar na função, recorremos à readaptação em outro setor ou outra secretaria, sempre de acordo com a legislação. Essa é a maneira mais segura e humanizada de resgatar a autoestima do funcionário que estava sem trabalhar, fazendo com que se sinta útil, sem deixar de respeitar seus limites e valorizá-lo, o que é de extrema importância para manter os serviços do Município funcionando normalmente”, explicou Francisco.