Lobo-marinho recebe tratamento no Aquário

O animal, encontrado na praia de Ocian, foi levado para Santos

18/8/2005

O lobo-marinho macho, que desde sábado (13) descansava na praia de Ocian, em Praia Grande, foi transportado para o Aquário Municipal, em Santos, onde passará por tratamento intensivo. O animal está anêmico, com parasitas e tem uma infecção, como atestaram os exames médicos realizados antes da remoção do animal.

Segundo a veterinária da ONG Grupo de Resgate de Mamíferos, Andréa Maranho, a chance de sobrevivência está em torno de 50%. “Como, apesar de ministrado tratamento no local, não houve reação, a remoção foi necessária. Estamos intensificando as ações, com a aplicação de mais antibióticos e hidratação. Devemos obter uma resposta mais concreta sobre a possibilidade de sobrevivência dentro de dois dias”.

Atualmente o animal se encontra letárgico e hipoglicêmico. Apesar da infusão de glicose, ainda sente frio. “É importante lembrar que a natureza tem uma seleção natural, onde só os mais fortes sobrevivem. Sem o apoio humano, este espécime não sobreviveria. Por enquanto, não respondeu satisfatoriamente ao tratamento. Não significa que vá morrer, mas também não podemos afirmar que sobreviverá. Depende só dele”.

Segundo a veterinária, o índice de mortalidade desta espécie é grande até os quatro anos, devido aos predadores, doenças e ritmo de vida que levam, percorrendo grandes distâncias na busca de alimentos. O animal em tratamento tem entre dois e quatro anos, estando no grupo de risco. Os lobos-marinhos vivem, em média, 20 anos.

A Prefeitura de Praia Grande, desde a chegada do animal, providenciou o isolamento e acompanhou, por meio da Guarda Civil Municipal, todo o processo de atendimento, colaborando com a ONG Grupo de Resgate de Mamíferos, que realizou os exames e a remoção do animal para o Aquário de Santos.

Lobo-marinho - Duas espécies ocorrem na costa brasileira: Arctocephalus australis e A. tropicalis, sendo de difícil distinção. A. australis é mais comum, raramente atingindo dois metros de comprimento. Chega até 180 quilos (1,5 metro e 60 quilos para as fêmeas).

Os machos adultos são de coloração cinza-escuro e apresentam uma juba de pêlos longos semelhantes à do leão marinho. As fêmeas e machos imaturos são cinzentos no dorso e com a região ventral bem mais clara. Em novembro inicia-se a estação reprodutiva. Ocorre do litoral do Rio de Janeiro ao canal de Beagle (Sul da Argentina), e de lá até a costa do Peru.

“A Baixada Santista deve se acostumar, pois com o aumento da população deste e de outros espécimes, como os pingüins, verificada nos últimos anos, será mais freqüente a visita destes animais”, informou Andréa.

Porém, a veterinária alerta para o perigo de se aproximar de espécimes como este, já que ao se sentir acuado, pode reagir com agressividade: “O ideal é não mexer. Se possível, deve-se isolar a área e comunicar o fato às autoridades”. O Grupo de Resgate de Mamíferos também pode ser contatado pelos telefones 3236-9996, 9721-0343 e 9702-4787.