Praia Grande faz 39 anos e se projeta nacionalmente

Com projetos e obras arrojadas, a Cidade já se torna referência para vários municípios no Brasil

Por Antonio Cassimiro | 16/1/2006

Na próxima quinta-feira (19), Praia Grande completa 39 anos de emancipação político-administrativa e ganha uma de suas mais importantes obras: a Via Expressa Sul quase que totalmente concluída. Nesta mesma semana, outros dois empreendimentos são entregues à população e dão ao Município um expressivo perfil moderno, além de projetos arrojados como o da Infovia, que se tornou referência nacional e é procurado até por outros países.

A Avenida dos Sindicatos, com o maior número de colônias de férias da América Latina, recebe novo calçadão e uma urbanização ousada. Outra novidade regional é o lançamento da pedra fundamental, no Bairro Mirim, do Santuário Ecológico e Histórico de Anchieta, que será o ponto final das rotas de peregrinação Caminhos de Anchieta – iniciativa semelhante a de Santiago de Compostela, na Espanha – que deve atrair adeptos do mundo inteiro.

A entrega da terceira etapa da Via Expressa Sul, entre os bairros Boqueirão e Aviação, acontece até dia 20 e se constitui em uma obra que beneficia não somente a população local, mas quem mora ou visita as cidades de todo Litoral Sul. Um dos maiores projetos executados na região, pelo menos nos últimos 30 anos, o empreendimento teve um investimento da ordem de R$ 75 milhões, desde 1994, com o início do Complexo Viário Xixová, sendo R$ 28 milhões nesse trecho a ser entregue, que contempla Boqueirão-Aviação. De todos os recursos aplicados, mais de 90 % são dos cofres municipais.

A Via Expressa Sul substituiu o antigo Acesso 291 da Rodovia Padre Manuel de Nóbrega e encerra um passado de acidentes graves que ocorriam na pista por atropelamento ou colisões. O novo traçado transforma a via em uma auto-estrada, que permite ao motorista manter uma velocidade constante, proporcionando segurança e rapidez no percurso, isolando-o do fluxo de pedestres e ciclistas. Os trevos e cruzamentos perigosos cederam lugar a passagens sob a pista, para automóveis, ciclistas e pedestres, interligando a região da praia à periferia. Devido a essas peculiaridades, a obra é modelo para outras cidades, inclusive sendo reivindicada por quem sofre com congestionamentos nessa época do ano na região.

Além do paisagismo e das alças de acesso, a Via Expressa Sul ostenta 20 quilômetros de ciclovia, que margeia a pista e é usada por centenas de ciclistas que diariamente vão ao trabalho, escolas e até faculdades em outros municípios da Baixada Santista. A via liga as cidades de Santos e São Vicente aos municípios de Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe; da Ponte do Mar Pequeno, início da Rodovia dos Imigrantes, à Curva do “S”, no entroncamento entre as rodovias Padre Manoel da Nóbrega (SP-55) e Pedro Taques.

Empregos - A construção da Via Expressa Sul representou uma nova revolução em Praia Grande, como a ocorrida na Administração 1993-96, quando a Cidade ganhou uma nova cara, não apenas com a urbanização da orla, mas também com as mudanças no sistema viário. Como se sabe, essas obras causaram um grande impacto no desenvolvimento local. E os reflexos dessa nova obra estão sendo sentidos na economia local.

A interferência urbanística que o Governo Municipal vem fazendo desde 1994 no antigo Acesso 291 já provocou um aumento de 1000% no número de estabelecimentos comerciais ao longo dos seus dois corredores marginais. Desde o asfaltamento das avenidas Ministro Marcos Freire e Roberto Almeida Vinhas (duas marginais à Via Expressa), passando pela construção das rotatórias e viaduto na entrada da Cidade, até hoje, com as obras da nova via, foram registradas cerca de 300 novas empresas na área. Uma evolução considerável, levando-se em conta que, entre os anos de 1974 a 1993, havia uma média de 28 empresas nessa região, de acordo com os arquivos da Secretaria de Finanças. Com a Via Expressa Sul, os índices tendem a crescer ainda mais.

Avenida dos Sindicatos - A Avenida dos Sindicatos, que concentra o maior número de colônias da América do Sul, está de visual novo no trecho entre a Avenida Castelo Branco e a Rua Carlos Vanderlinde, Mirim. As obras de reurbanização realizadas pela Prefeitura estão praticamente finalizadas e serão entregues também como presente de aniversário até dia 20. O investimento é de aproximadamente R$ 600 mil.

Ao longo da avenida estão as colônias de férias com mais de 8 mil leitos. O trecho recebeu 34 boxes com instalações e desenhos atuais, onde serão comercializadas peças do artesanato e outros produtos que costumam ser adquiridos pelos milhares de visitantes que se hospedam nas colônias durante todo o ano. Além de um posto de informações, o local ganhou calçadas espaçosas, cobertura em policarbonato e a via toda remodelada e pavimentada.

Os velhos quiosques, calçadas estreitas e pavimento à base de blocos de concreto sextavados fazem parte de um cartão postal ultrapassado, que se distancia muito do atual retrato.

Caminhos de Anchieta - Praia Grande será a sede do Santuário Ecológico e Histórico de Anchieta, o ponto final das rotas de peregrinação Caminhos de Anchieta, que foram definidas e devem ser implantadas a partir deste ano. O projeto, desenvolvido pela Agência de Desenvolvimento da Baixada (Agem), pelo Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), em conjunto com a Associação Pró Canonização de Anchieta (Canan) e a UniSantos, é resultado da união de duas vertentes: uma religiosa, que pretende canonizar o padre jesuíta; outra turística, que deve explorar atrações turísticas, culturais e históricas.

O lançamento da pedra fundamental acontece às 10 horas do próximo dia 19, principal ato oficial na data magna do Município. O santuário será construído na Avenida Roberto de Almeida Vinhas, 11.211, com acesso também pela Avenida Presidente Kennedy, na altura do número 11.100, Mirim.

A rota Caminhos de Anchieta é composta por três vertentes: a primeira vinda do Litoral Sul, da cidade de Peruíbe, a segunda de Bertioga e a terceira será uma rota de mão de dupla que unirá Praia Grande a São Paulo. Essa acomodará equipamentos como pousadas, lanchonetes e pontos de parada. O projeto, além de servir o turismo religioso, deve fomentar o mercado com uma série de serviços e produtos que irão estimular a economia regional.

A área total, com 26.500 m², foi cedida pela Prefeitura de Praia Grande. Além do santuário, irá abrigar centro histórico, de estudos, cultural e biblioteca. Todo o acervo de Anchieta, localizado na Europa e principalmente em sua terra natal, nas Ilhas Canárias, foi microfilmado e será trazido para Praia Grande e servirá como um importante ponto de pesquisa.

Durante a solenidade do lançamento da pedra fundamental, uma caixa de madeira com objetos como moedas, medalhas, jornal do dia, a lei que possibilitou a doação, entre outros, será lacrada e enterrada e permanecerá sob o complexo.

O jesuíta José de Anchieta era espanhol, nascido em 1534, nas Ilhas Canárias. Chegou ao Brasil, em Salvador, no dia 13 de junho de 1554, seis meses antes da fundação de São Paulo de Piratininga. Em São Paulo, fundou o colégio que daria origem à cidade. Ficou conhecido como amigo dos índios, andarilho, professor, enfermeiro, construtor de capelas e pacificador – por ter evitado inúmeras mortes durante a
Revolução dos Tamoios, que uniu índios e franceses contra os portugueses, ao se oferecer como refém em 14 de setembro de 1563.

História - Praia Grande foi emancipada de São Vicente em 19 de janeiro de 1967. Possui uma área de 145 km² e uma altitude média de 5 metros em relação ao nível do mar. Distante 72 quilômetros da Capital, tem como acessos rodoviários a Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-55), Rodovia dos Imigrantes (SP-160) e Rodovia Anchieta (SP-150).

Inegavelmente, o Município possui como principal atração os 22,5 quilômetros de praias e uma temperatura média anual em torno de 24 ºC – tropical úmido, sem estação seca – o que o torna muito agradável. Trata-se de um balneário de topografia plana em 80 % de sua área urbanizada.

Limita-se geograficamente com o município de São Vicente ao Norte, Oceano Atlântico ao Sul, a Baia de Santos a Leste e o Município de Mongaguá a Oeste.

Conforme projeções do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o número de pessoas residentes no Município é de 250 mil habitantes. Mas, como tem 100 mil imóveis de veraneio, nunca fica com menos de 300 mil pessoas. Ainda segundo o IBGE, a Cidade cresce em torno de 6,5% ao ano, que é um percentual bem acima da média de crescimento nacional.

Todos os estudos realizados com maior ou menor profundidade - tais como o Viver Praia Grande; o estudo elaborado pelo Escritório Figueiredo Ferraz, que deu origem ao Plano Diretor de dezembro/96, e os workshops realizados pelo Centro de Informações e Pesquisas da Prodepg (Cipes) - sinalizam que o Município tem vocação turística.

Dados estatísticos da Fipe-Embratur indicam que Praia Grande é a oitava cidade do Brasil em número de visitantes e a primeira praia mais visitada do Estado.

O choque desenvolvimentista ocorrido em Praia Grande, a partir de 1993, causou significativa repercussão no mercado turístico do Estado. A urbanização da orla marítima foi a força propulsora desse desenvolvimento. O poder público municipal, o empresariado e a comunidade em geral se uniram em torno do projeto que mudou a imagem da Cidade.

Outras atividades no setor dos serviços públicos contribuíram também para que o Município começasse a delinear o perfil de uma cidade essencialmente turística. Despoluição e rigorosa limpeza das praias, implantação da Infovia, sistema de fibra ótica (que permite o monitoramento dos locais de maior movimento, além de próprios municipais), remodelação do trânsito e outras obras de grande vulto foram algumas das providências para sedimentação deste conceito de cidade turística. Uma cidade que a cada dia se transforma, orgulho de moradores e visitantes, e que oferece uma das melhores qualidades de vida dos municípios brasileiros.