Divisão de Zoonoses alerta para a “aids do gato”

Por Antonio Cassimiro | 23/1/2006

Para quem cria gatos e acha que a aplicação de vermífugos e vacinas anti-rábicas são cuidados suficientes para que os animais fiquem saudáveis, a Divisão de Controle de Zoonoses, da Secretaria de Saúde Pública (Sesap), alerta: gatos também podem contrair Aids. A FIV - Feline Immunodeficiency Virus ou imunodeficiência viral felina - mais comumente conhecida como “aids do gato”, como no ser humano resulta do mau funcionamento do sistema imune do organismo animal da espécie felina. Não deixar que os bichos de estimação fiquem na rua é a melhor forma de evitar a doença.

O vírus FIV é transmitido através da saliva de gatos doentes e o contágio acontece geralmente por mordidas, durante brigas daqueles com animais sadios. É uma doença que acomete mais gatos que gatas pelo fato de machos estarem mais propensos a brigas.

De acordo com o chefe da Divisão de Controle de Zoonoses, o veterinário Osório Gonçalves Júnior, animais com freqüentes acessos às ruas são mais suscetíveis à doença que gatos caseiros. “Um dos fundamentos do nosso programa, o Posse Responsável, é exatamente conscientizar donos de animais a evitar deixá-los na rua. Além de doenças, um animal na rua está sujeito a maus-tratos, atropelamentos e outros problemas”, advertiu.

Mesmo no quintal os animais não estão livres da ameaça da FIV, já que gatos doentes de rua podem entrar nas casas em busca de comida ou de acasalamento. Foi assim que dois animais do aposentado Heinz Lanz morreram no ano passado. Segundo ele, um gato de rua entrou em sua casa à noite e brigou com seus gatos, deixando-os levemente feridos. “Pouco tempo depois, um deles começou a ficar debilitado e não quis mais se alimentar. Mesmo medicado meu gato não resistiu. Dias depois o outro também apresentou os mesmos problemas”.

Intrigado, Lanz decidiu submeter seu animal doente a um exame de sangue, específico para detecção de FIV ou FeLV (Feline Leukemia Vírus ou leucemia viral felina), que deu positivo. “Tomas”, o gato do aposentado, de 7 anos, também morreu, já que até o momento não há cura para a doença.

No site Nossos Cães e Gatos, a médica veterinária Suzana Fernandes aborda os sintomas e estágios da FIV. No primeiro estágio, os gatos podem apresentar sinais pouco específicos, como febre e diarréia, ou não apresentar sinal algum que estejam doentes. Essa fase pode levar até quatro meses. No segundo, os gatos portam o vírus sem apresentar nenhum sinal. Esta fase pode durar de meses até anos.

Nos terceiro, quarto e quinto estágios da doença, o gato demonstra sinais de comprometimento do aparelho digestivo, respiratório e da pele. Assim, falta de apetite, lesões orais, diarréia crônica, rinite, conjuntivite, febre, infertilidade, aborto e até mesmo convulsões e anormalidades do sistema nervoso podem ser relatados.

Muitos animais doentes têm histórias de doenças crônicas, como otite ou dermatite, que melhoram, mas depois retornam, geralmente de forma mais grave. Se infectados, também podem desenvolver a FeLV.