Pedagogo Comunitário já é realidade nas escolas de PG

Profissional faz a ponte escola-comunidade

Por Ana Flávia Scarelli | 30/3/2006

Após um semestre de cursos, capacitações e visitas a projetos e instituições, o pedagogo comunitário, novo profissional da Secretaria de Educação de Praia Grande (Seduc), já está trabalhando. A primeira ação do educador, que fará a ligação entre escola e a comunidade, começa com o mapeamento do bairro onde está localizada a unidade escolar e a elaboração do perfil do aluno e de seus pais.

O projeto fará com que a escola seja vista como ponto de referência em seu bairro. A partir daí, o pedagogo vai explorar o que a comunidade tem de melhor e verificar quais são as necessidades dos moradores. O resultado será uma verdadeira teia, onde quem tem um pouco a oferecer, terá ligação direta com quem precisa.

Entre as ações que já viraram realidade, está o projeto da Escola Municipal Roberto Shoji sobre o lixo reciclável. Desenvolvido pela pedagoga comunitária Simone Aparecida da Silva Gonzalez, o projeto ajuda quem vive da venda deste material.

“Os alunos colaboram, entregando lixo reciclável. O material coletado é separado e depois entregue a uma família já cadastrada. Além da ajuda, trabalhamos a questão ambiental”, disse Simone Gonzalez.

Outro trabalho acompanhado por Simone é a escolinha de futsal para os meninos do bairro. “Com a colaboração de um voluntário, todos os finais de semana a escola está aberta para o treino dos garotos. E eles retribuem, cuidando das instalações que utilizam”.

A Roberto Shoji fica na região dos loteamentos Caieiras e Tupiry, no bairro Quietude. “Moro aqui desde 1991, mas agora, como pedagoga comunitária, passei a conhecer todos os pontos bairro. E fui muito bem recebida pelos moradores”. Ela acredita que se a comunidade estiver próxima da escola, participando do dia-a-dia do estudante, todos ganham. “Quando a comunidade participa de atividades na escola, a unidade e os profissionais que nela trabalham são mais valorizados”.

Comunidade – A iniciativa do projeto nasceu em uma visita de Gilberto Dimenstein a Praia Grande, quando o jornalista falou sobre a ong Cidade Escola Aprendiz, o projeto Bairro-Escola e a figura do pedagogo comunitário, profissional que age como elo entre a comunidade, a família e a escola. Os educadores do Aprendiz buscam dar resposta ao desafio de promover maior integração dos alunos com a sua história e sua comunidade.

Iniciado na Vila Madalena, na zona Oeste da Capital, onde está a sede do Aprendiz, o conceito Bairro-Escola está ganhando a adesão dos responsáveis pelas políticas públicas de educação nos municípios, especialmente pelo fato de permitir diferentes formas de aplicação. A proposta foi abraçada pelo prefeito Alberto Mourão e pela secretária de Educação, Maura Lígia Costa Russo.

“Num primeiro momento discutimos quem seria a figura e estabelecemos o perfil deste profissional: um professor titular integrado à comunidade onde atua. A partir daí fizemos uma sensibilização dos diretores e professores das escolas. Um processo eleitoral definiu os nomes”, detalhou a secretária. “Hoje, a maioria dos pedagogos já está nas ruas”.

“Queremos que a escola seja vista como referência e que a família e a comunidade tenham participação direta na vida escolar, usando as ferramentas do Bairro-Escola”, explicou Maura Ligia.

Curso – Durante o segundo semestre de 2005, os pedagogos participaram de curso de formação ministrado pela arte-educadora Márcia Borges e a psicanalista Karen Harari, ambas da ong Aprendiz.

Apesar de trazerem o know-how do trabalho desenvolvido na Capital, as professoras lembraram que não existe uma fórmula. “Não há um modelo. Mostramos o que já deu certo e o que não foi aprovado na Vila Madalena. Os pedagogos daqui vão descobrir o que pode dar certo com experimentos”, disse Karen Harari.

“Ensinamos apenas a identificar as ferramentas”, afirmou Márcia Borges. “O contato com a comunidade, o mapeamento do local, diagnosticar problemas e soluções e estabelecer as redes de contato”.

A formação do pedagogo é complexa e a capacitação continua este ano. No primeiro semestre, os trabalhos serão direcionados ao mapeamento sócio-cultural e à articulação dos projetos e novas ofertas educativas. De agosto a dezembro, acontece o acompanhamento de projetos e a troca de vivências.

Para a secretária Maura Lígia, a meta mais importante do projeto é o sucesso escolar do aluno. “Com o estreitamento da relação escola/comunidade esperamos melhorar o aproveitamento do aluno na escola. Se isso acontecer elevando a qualidade de vida de toda a comunidade onde está a escola, melhor ainda. Estaremos formando nosso estudante e nosso cidadão”.

Outras informações sobre o programa e os projetos desenvolvidos nas unidades pelo telefone da Seduc, 3496-2350.