Sesap implanta atendimento de saúde mental voltado aos servidores municipais
Escuta terapêutica visa oferecer mais saúde e bem-estar aos profissionais
Por Aline Gomes | 29/9/2022

Colaboração Rodrigo Herrero
A pandemia da covid-19 trouxe impactos à ao corpo e mente das pessoas e isso reflete também nos servidores de Praia Grande. Pensando em acolher os funcionários que sintam necessidade desse cuidado, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) da Cidade está implantando um atendimento de saúde mental. Por meio da escuta terapêutica, os profissionais são acolhidos e, quando necessário, encaminhados para a rede de atenção psicossocial do Município.
Uma das ações é realizada no Centro de Atenção Psicossocial (Caps II), do Bairro Mirim. Outra mais recente começou a ser desenvolvida Caps Álcool e Drogas III, no Boqueirão. O objetivo dos atendimentos é promover bem-estar e qualidade de vida aos profissionais da Administração Municipal.
Especialista em saúde mental e psiquiátrica, a enfermeira Ivani Aparecida dos Santos Oliveira tem feito sessões periódicas no Caps II Mirim com acolhimento e escuta aos trabalhadores para auxiliá-los a superar os problemas psicológicos. O interesse da enfermeira pela saúde do trabalhador surgiu na graduação, quando fez trabalhos científicos voltados para esse assunto, tendo um deles sido publicado em Portugal, durante um congresso da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, com o tema “A Saúde Mental do Enfermeiro Psiquiátrico”.
E diante desse cenário pandêmico, com colegas adoecendo, ela sugeriu colocar em prática esse projeto em Praia Grande. “A escuta é aberta aos servidores municipais. As chefias imediatas entram em contato diretamente comigo, estudamos a melhor maneira de não interferir nos fluxos das unidades e agendamos o horário das sessões no Caps II Mirim”, conta Ivani.
Discrição – A escuta terapêutica procura abordar atividades da vida diária, como relacionamento no trabalho, familiar, vida social, procurando detectar situações que estão gerando estresse, ansiedade ou algum outro problema. O objetivo é identificar potenciais riscos, como depressão, quebra de vínculos e até mesmo pensamentos suicidas, oferecendo outras formas de encarar os desafios e também formas de tratamento, quando necessário.
E isso tudo ocorre de maneira discreta, para preservar o funcionário e incentivá-lo a frequentar as sessões de escuta terapêutica. “Para não expor o servidor e manter o sigilo dos atendimentos, elaborei uma dinâmica de atendimentos com horário marcado. A recepcionista do Caps já tem uma relação de agendamentos de escuta e o servidor só precisa dizer seu primeiro nome e já é encaminhado para a minha sala. As fichas da escuta ficam arquivadas separadamente e apenas o terapeuta tem acesso”, afirma Ivani.
Os pacientes em que for identificada a necessidade de algum tipo de encaminhamento, o agendamento para psicólogo, psiquiatra e demais profissionais pode ser feito no próprio Caps. É possível ainda encaminhar o paciente para a medicina do trabalho, com a autorização do servidor.
Ampliação – Buscando ampliar a oferta desse serviço aos servidores do Município, a Sesap abraçou a iniciativa e começou a oferecer acolhimento semelhante aos servidores municipais no Caps AD III, no Bairro Boqueirão. A enfermeira Sabrina Marques Moraes, especialista em saúde mental e mestre em Ciências da Saúde com pesquisa sobre o tema, tem realizado atendimentos no local no período noturno para qualquer servidor que sinta a necessidade de conversar sobre qualquer questão relacionada à saúde mental. Basta o funcionário se dirigir à recepção do Caps AD III e solicitar o agendamento.
“É agendada uma primeira sessão, onde é realizada uma escuta ativa. Se houver necessidade, esse funcionário é encaminhado para os demais serviços da rede de Atenção Básica ou Especializada. Caso contrário, será desenvolvido um projeto terapêutico singular juntamente com o profissional com a quantidade de sessões a definir, para melhorar a qualidade de vida e prevenir o adoecimento mental”, explica Sabrina.
Inicialmente, o atendimento era direcionado aos servidores da Saúde, mas já está sendo expandido para as demais pastas da Municipalidade. “Essa iniciativa condiz com um olhar de cuidado e acolhimento que a Administração Municipal está tendo com os servidores, ainda mais nesse período de pandemia que trouxe tantos transtornos. Esse serviço é voltado não apenas aos profissionais da Saúde, mas também às demais secretarias. Quem sentir necessidade de buscar ajuda e conversar pode procurar esse serviço”, destaca a subsecretária de Atenção à Saúde, Bruna Renó.
Setembro Amarelo – No Brasil são registrados cerca de 13 mil suicídios por ano, segundo o relatório Suicide Worldwide in 2019, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 98% dos suicídios estão relacionados a distúrbios mentais. A depressão está no topo das causas, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Por isso, é importante abordar o assunto e oferecer ajuda a quem necessita. Se precisar conversar ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV), telefone 188, sem custo de ligação, 24 horas todos os dias.
Atendimento psicossocial – Praia Grande possui uma rede psicossocial completa para atendimento em saúde mental. São dois Centros de Atenção Psicossocial (Caps II) Boqueirão e Mirim, dividindo a Cidade em duas regiões, o Caps Infantil (Caps i) e o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD III) 24 horas. Os locais contam com médico, psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, equipe de enfermagem.
As Unidades de Saúde da Família (Usafas) também são importantes neste processo de atendimento. A Sesap realizou uma série de treinamentos com os profissionais dessas unidades para atender casos de menor gravidade.
A rede conta ainda com o suporte do Núcleo Ampliado da Saúde da Família na Atenção Básica (Nasf-AB) e do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade, que acolhem os pacientes e realizam ações como a terapia comunitária integrativa. A partir de rodas de conversa, os indivíduos são ouvidos e recebem apoio dos profissionais e da comunidade.
Confira os endereços dos Caps:
- Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II – Boqueirão)
Rua Cidade de Santos, 89 – Boqueirão
- Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II – Mirim)
Rua Nossa Senhora da Conceição, 400 – Mirim
- Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS I)
Rua São Bernardo, 401 – Boqueirão
- Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III)
Rua São Caetano, 400 – Boqueirão.
A pandemia da covid-19 trouxe impactos à ao corpo e mente das pessoas e isso reflete também nos servidores de Praia Grande. Pensando em acolher os funcionários que sintam necessidade desse cuidado, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) da Cidade está implantando um atendimento de saúde mental. Por meio da escuta terapêutica, os profissionais são acolhidos e, quando necessário, encaminhados para a rede de atenção psicossocial do Município.
Uma das ações é realizada no Centro de Atenção Psicossocial (Caps II), do Bairro Mirim. Outra mais recente começou a ser desenvolvida Caps Álcool e Drogas III, no Boqueirão. O objetivo dos atendimentos é promover bem-estar e qualidade de vida aos profissionais da Administração Municipal.
Especialista em saúde mental e psiquiátrica, a enfermeira Ivani Aparecida dos Santos Oliveira tem feito sessões periódicas no Caps II Mirim com acolhimento e escuta aos trabalhadores para auxiliá-los a superar os problemas psicológicos. O interesse da enfermeira pela saúde do trabalhador surgiu na graduação, quando fez trabalhos científicos voltados para esse assunto, tendo um deles sido publicado em Portugal, durante um congresso da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, com o tema “A Saúde Mental do Enfermeiro Psiquiátrico”.
E diante desse cenário pandêmico, com colegas adoecendo, ela sugeriu colocar em prática esse projeto em Praia Grande. “A escuta é aberta aos servidores municipais. As chefias imediatas entram em contato diretamente comigo, estudamos a melhor maneira de não interferir nos fluxos das unidades e agendamos o horário das sessões no Caps II Mirim”, conta Ivani.
Discrição – A escuta terapêutica procura abordar atividades da vida diária, como relacionamento no trabalho, familiar, vida social, procurando detectar situações que estão gerando estresse, ansiedade ou algum outro problema. O objetivo é identificar potenciais riscos, como depressão, quebra de vínculos e até mesmo pensamentos suicidas, oferecendo outras formas de encarar os desafios e também formas de tratamento, quando necessário.
E isso tudo ocorre de maneira discreta, para preservar o funcionário e incentivá-lo a frequentar as sessões de escuta terapêutica. “Para não expor o servidor e manter o sigilo dos atendimentos, elaborei uma dinâmica de atendimentos com horário marcado. A recepcionista do Caps já tem uma relação de agendamentos de escuta e o servidor só precisa dizer seu primeiro nome e já é encaminhado para a minha sala. As fichas da escuta ficam arquivadas separadamente e apenas o terapeuta tem acesso”, afirma Ivani.
Os pacientes em que for identificada a necessidade de algum tipo de encaminhamento, o agendamento para psicólogo, psiquiatra e demais profissionais pode ser feito no próprio Caps. É possível ainda encaminhar o paciente para a medicina do trabalho, com a autorização do servidor.
Ampliação – Buscando ampliar a oferta desse serviço aos servidores do Município, a Sesap abraçou a iniciativa e começou a oferecer acolhimento semelhante aos servidores municipais no Caps AD III, no Bairro Boqueirão. A enfermeira Sabrina Marques Moraes, especialista em saúde mental e mestre em Ciências da Saúde com pesquisa sobre o tema, tem realizado atendimentos no local no período noturno para qualquer servidor que sinta a necessidade de conversar sobre qualquer questão relacionada à saúde mental. Basta o funcionário se dirigir à recepção do Caps AD III e solicitar o agendamento.
“É agendada uma primeira sessão, onde é realizada uma escuta ativa. Se houver necessidade, esse funcionário é encaminhado para os demais serviços da rede de Atenção Básica ou Especializada. Caso contrário, será desenvolvido um projeto terapêutico singular juntamente com o profissional com a quantidade de sessões a definir, para melhorar a qualidade de vida e prevenir o adoecimento mental”, explica Sabrina.
Inicialmente, o atendimento era direcionado aos servidores da Saúde, mas já está sendo expandido para as demais pastas da Municipalidade. “Essa iniciativa condiz com um olhar de cuidado e acolhimento que a Administração Municipal está tendo com os servidores, ainda mais nesse período de pandemia que trouxe tantos transtornos. Esse serviço é voltado não apenas aos profissionais da Saúde, mas também às demais secretarias. Quem sentir necessidade de buscar ajuda e conversar pode procurar esse serviço”, destaca a subsecretária de Atenção à Saúde, Bruna Renó.
Setembro Amarelo – No Brasil são registrados cerca de 13 mil suicídios por ano, segundo o relatório Suicide Worldwide in 2019, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 98% dos suicídios estão relacionados a distúrbios mentais. A depressão está no topo das causas, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Por isso, é importante abordar o assunto e oferecer ajuda a quem necessita. Se precisar conversar ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV), telefone 188, sem custo de ligação, 24 horas todos os dias.
Atendimento psicossocial – Praia Grande possui uma rede psicossocial completa para atendimento em saúde mental. São dois Centros de Atenção Psicossocial (Caps II) Boqueirão e Mirim, dividindo a Cidade em duas regiões, o Caps Infantil (Caps i) e o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD III) 24 horas. Os locais contam com médico, psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, equipe de enfermagem.
As Unidades de Saúde da Família (Usafas) também são importantes neste processo de atendimento. A Sesap realizou uma série de treinamentos com os profissionais dessas unidades para atender casos de menor gravidade.
A rede conta ainda com o suporte do Núcleo Ampliado da Saúde da Família na Atenção Básica (Nasf-AB) e do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade, que acolhem os pacientes e realizam ações como a terapia comunitária integrativa. A partir de rodas de conversa, os indivíduos são ouvidos e recebem apoio dos profissionais e da comunidade.
Confira os endereços dos Caps:
- Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II – Boqueirão)
Rua Cidade de Santos, 89 – Boqueirão
- Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II – Mirim)
Rua Nossa Senhora da Conceição, 400 – Mirim
- Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS I)
Rua São Bernardo, 401 – Boqueirão
- Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III)
Rua São Caetano, 400 – Boqueirão.