Prefeitura entrega reurbanização de imagem de Iemanjá

Durante a solenidade, religiosos entoam cantos aos 16 orixás

Por Pablo Solano | 18/9/2006

Após nove meses fechada para revitalização, a área junto à imagem de Iemanjá, na Praia Mirim, voltou a receber praticantes do espiritismo, umbanda e candomblé no último final de semana. A entrega da obra, no início da noite de sexta-feira (15), teve a participação de lideranças religiosas de todo o Estado. Eles entoaram cantos sagrados a Iemanjá e aos outros 15 orixás.

Durante a solenidade, o prefeito Alberto Mourão destacou a necessidade da tolerância religiosa. “Aqueles que praticam uma religião e que toleram as demais vão entender essa obra”, disse. “Eles poderão vir aqui querendo conhecer a história de Iemanjá, assim como quem entra na Basílica de São Pedro, em Roma, mesmo sem ser católico”.

Representantes das religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda) destacaram a importância da estátua e a estrutura que a Festa de Iemanjá ganhou nos últimos anos. Para eles, a revitalização é importante para a qualidade dos festejos e a prática da religiosidade.

“Hoje a Prefeitura cobra o estacionamento dos ônibus de excursão e a montagem das tendas durante a festa, em dezembro. Mas há organização. Antes nada se pagava, mas também não se tinha nada”, afirmou o presidente da Federação de Umbanda do Estado de São Paulo, Jorge Herrera Gomes Neto.

O mesmo pensa Jair Cardoso Neto, conhecido como Jair de Odé, diretor cultural da Federação Paulista de Umbanda. “Apesar da intolerância religiosa, continuamos porque acreditamos muito nos orixás e em Iemanjá. Participo há mais de 20 anos das festas. Para nós é uma alegria muito grande esta obra”.

Afirmando “ter nascido na umbanda”, Marisol Reis do Nascimento também comemora a obra. “A estátua está linda; maravilhosa. Para nós que somos umbandistas é um marco, já que foi a primeira construída à beira mar”.

Moradora da Capital, Marisol, de 42 anos, disse participar da Festa de Iemanjá desde criança. “Desde os anos 90, os festejos melhoraram. Hoje tem segurança, ação do Corpo de Bombeiros e setor para crianças perdidas. Nós descemos para Praia Grande com mais tranqüilidade”.

Com a obra, ela acredita que o local passará a receber mais visitantes. “A imagem estava muito danificada. Agora não, está um monumento. Com certeza receberá maior número de visitantes”.

Durante a Festa de Iemanjá, Praia Grande recebe cerca de 20 mil pessoas. A festa é disciplinada pela Secretaria de Cultura e Eventos desde 1993. Para participar, as entidades necessitam solicitar permissão para a Prefeitura e pagar taxa para instalação de tendas na faixa de areia.

Proprietária de uma loja de artigos religiosos em frente ao local, Ellen Martins de Castro acredita que a obra reativará o comércio. “É um dos principais pontos turísticos da Cidade. Agora, com local apropriado para acender velas e depositar oferendas, receberá mais visitantes”.

Obra – Com oito metros de altura, a estátua foi pintada de branco e durante a noite ficará iluminada com a tonalidade azul. “A obra se integra perfeitamente aos trabalhos já realizados de reurbanização do calçadão e também da Avenida dos Sindicatos”, explica o coordenador de Projetos Especiais da Prefeitura, o arquiteto Luiz Fernando Félix de Paula.

A escultura agora fica sobre um conjunto formado por dois espelhos d´água: um junto à areia e outro suspenso, na altura do calçadão da orla. A base foi transformada em uma cascata, transmitindo a sensação de que a imagem está sobre o mar.

A Festa de Iemanjá em Praia Grande nasceu em 1969, quando o então prefeito Dorivaldo Loria Júnior e o presidente do Conselho Municipal de Turismo, José Moura, idealizaram o evento em conjunto com federações de fiéis. Já no primeiro ano recebeu 15 mil pessoas.

Já na gestão de Leopoldo Estásio Vanderlinde a festa foi instituída em lei municipal e Praia Grande recebeu a estátua que atualmente encontra-se no calçadão da orla. O Bairro Mirim foi escolhido por ficar no centro dos 22,5 km de orla da Cidade.