500 atletas participam de seletiva para mundialito de caratê

Evento ocorre neste final de semana no Ginásio Rodrigão

Por João Carlos Miranda | 10/11/2006

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A seletiva nacional para o 8º Mundialito de Karate acontece neste final de semana em Praia Grande. O evento, no Ginásio Rodrigão, terá a participação de cerca de 500 atletas ligados a 45 academias. Sábado e domingo (11 e 12), das 9 às 17 horas, serão disputadas as modalidades kata, kumite e kobudo. A entrada é franca.

“Entre os destaques da seletiva estão o septa (sete vezes) campeão de kata do Mundialito, Paulo Aquino; e, de Praia Grande, a campeã mundial e vice dos Jogos Abertos 2006, Cristina do Vale, a Kika; e o campeão paulista de kata, Danilo Bispo Muniz”, informou o secretário-geral da Internation Union Shorin-Ryu Karate-Do Federation (IUSKFP), Jorge Yoshimura.

“No sábado ocorrem as apresentações de kata e no domingo, o kumite e kobudo”, detalhou Yoshimura, que também coordena a modalidade na Secretaria de Juventude, Esportes e Lazer de Praia Grande (Sejel).

O 8º Mundialito de Karate, programado para 2007, de 5 a 8 de abril, em Praia Grande, prestará homenagem especial ao mestre Yoshinide Shinzato, residente no Município. Aos 80 anos, Shinzato, 10º dan, grau máximo que pode ser atingido no caratê, é uma das personalidades mais renomadas da modalidade no mundo, além de ser considerado a maior autoridade na América do Sul.

Kata – É uma luta imaginária contra vários adversários, onde são utilizadas técnicas variadas de ataque, defesa e respiração. O objetivo do kata é estabelecer o equilíbrio entre o corpo, a mente e o espírito. O praticante deve conhecer todos seus movimentos e saber para que servem. Para alcançar este estágio, é necessário que se pratique um mesmo kata continuamente.

A luta imaginária começa e termina no mesmo lugar e seu praticante deve manter a feição tranqüila, característica de um artista marcial, além de estar sempre olhando para onde está sendo aplicado o golpe como se estivesse realmente vendo o oponente. O carateca deve também dar grande atenção às bases. Ao executar um kata, deve ter consciência de sua importância e não fazê-lo com desleixo.

Kumite – É um método de treinamento, em que dois homens se enfrentam mostrando suas técnicas adquiridas com o caratê. Conseqüentemente esse método pode ser considerado uma aplicação dos fundamentos aprendidos nos kata e pode ser considerado uma espécie de disputa.

Antigamente em Okinawa, o caratê baseava-se quase que exclusivamente no kata. Raramente a força de um soco ou bloqueio era medida pelo que se chamava kakedameshi.

Depois de sua introdução no Japão, o caratê aos poucos foi se tornando popular entre os jovens e passou a receber influências de outras artes marciais do Japão. O kumite passou a ser treinado no fim da década de 20, e foi estudado e aprimorado. Um dos resultados foi o desenvolvimento do jiu kumite (luta livre). Atualmente é amplamente praticado como método de treinamento.

“O treinamento de karate-do e kobudo cultiva um grande vigor espiritual e físico. Essas artes contribuem para construir um caráter forte, um sentido de responsabilidade social e o desenvolvimento saudável de corpos e mentes. O okinawa karate-do e kobudo hoje dão inspiração para pessoas por todo o mundo”, enfatiza Yoshimura.

Em Praia Grande a Sejel promove aulas gratuitas. Para participar, basta ter de 7 a 17 anos. Os interessados podem se informar sobre dias, locais e horários na secretaria, Avenida Ministro Marcos Freire, 33.579, Bairro Tupi, telefones 3472-4426 e 3472-4427.

Kobudo – O kobudo é uma combinação de técnicas com mãos vazias e com armas, desenvolvidas em Okinawa. Cada armamento utilizado era, na verdade, uma ferramenta ou utensílio dos agricultores, como por exemplo, o bo, nunchaku, tonfa e o kamá (foice) que foi a única ferramenta com lâmina de metal utilizada naquela época.

Grande parte dos documentos sobre esta arte marcial foram destruídos nos combates, bombardeios e incêndios que aconteceram durante a segunda guerra mundial. No entanto, segundo os historiadores, o desenvolvimento da técnica foi por volta do século XII, com os senhores regionais chamados Aji, que divididos em três pequenos reinos, viviam em guerras contínuas e internas, que perduraram de 1326 a 1429. Esta foi a melhor época para o desenvolvimento das artes marciais. Em 1429, Sho Hashi uniu à ilha de Okinawa e formou o Reino do Ryukyu.

Os séculos seguintes ficaram conhecidos como a Idade Dourada do Comércio. Okinawa, como centro de comércio com a China e outras nações, era constantemente ameaçada por piratas. Por essa razão, os marinheiros locais desenvolveram técnicas de autodefesa.

Em 1580, o então imperador Toyotomi Hideyoshi proibiu a posse de armas a fim de restaurar a paz e prosperidade no Reino do Ryukyu. Porém, esta lei deixou a população sem defesa contra os clãs dos samurais japoneses, os únicos com permissão de portar armas.

Em 1609, o clã Satsuma atacou e varreu as defesas de Okinawa. Os nativos utilizavam apenas punhais, ineficazes contra o arsenal dos samurais e os navios de guerra. Os únicos instrumentos que os fazendeiros e pescadores tinham eram as ferramentas simples de trabalho.

Artes marciais únicas de Okinawa, o karatê-do (To-De) e o kobudo (Ti-Gua) nasceram nesta época. Por longos anos, as técnicas de foram incorporadas para estabelecer o que conhecemos hoje.

Estilos distintos e variados emergiram durante a Era do Reino Ryukyu: o Shuri-Te (Shorin-Ryu) foi centralizado em Shuri, capital do Reino Ryukyu, Naha-Te (Shorei-Ryu e Goju-Ryu) no centro comercial de Naha, e Tomari-Te (Motobu-Ryu e Matsubayashi-Ryu) no distrito portuário de Tomari, localizado entre Shuri e Naha. Cada estilo teve seus mestres, os quais estabeleceram as tradições preservadas até os nossos dias.

As técnicas de karate-do e kobudo foram, por suas naturezas, guardadas em segredo. Assim, há poucos registros históricos. Foram praticamente passadas oralmente de pai para filho ou de mestre para discípulo. Desde a invasão pelos Satsuma, Okinawa foi controlada por diversos shogunatos (períodos de governo de imperadores, chamados shoguns), até a restauração Meiji (1867-1912).

Em 1879 ocorre a anexação de Okinawa à nação japonesa como um Estado e novas instituições de karate-do e kobudo foram incorporadas ao sistema Meiji de educação pública.

Durante a Era Taisho (1912-1926), demonstrações desta arte foram feitas por todo o Japão continental. E na Era Showa (1926-1989) várias escolas ou estilos foram criados, como Shorei-Ryu, Shorin-Ryu, Goju-Ryu, Isshin-Ryu, Uechi-Ryu, Ryuei-Ryu e Matsubayashi-Ryu.

Atualmente existem muitas subescolas (ryuha) e facções (kaiha). Cada uma com sua forma de lutar ou kata (luta imaginária contra vários adversários em todas as direções, onde são utilizadas técnicas variadas de ataque, defesa e respiração). Apesar disso, todas derivam dos movimentos básicos (Kihon-Kata), como uma sistematização de técnicas de ataque e defesa.

Armas – Entre as armas do kobudo temos o bastão (bo ou kun), haste de mais de 1,5 metro (geralmente alguns centímetros maior do que o praticante, torneado com madeira resistente). Sua origem é o tenbin, colocado ao longo dos ombros para transportar peixe ou baldes de água pelos pescadores.

Já a tonfa era utilizada originalmente para separar a casca do arroz, fazer farinha ou como manivela do poço da aldeia, que facilmente podia ser removida. As tonfas são utilizadas aos pares; o sai, assim como as outras armas, era um simples instrumento agrícola (o forcado).

Há também o nunchaku ou so-setsu-kon. Usado para o preparo dos cereais, separa o grão da palha por meio de batimentos. Existem diversas variações de nunchaku normal. E ainda a kama, também conhecida como "gama", outra arma de nítida origem agrícola. Trata-se de uma foice de cabo comprido utilizada para a ceifa de cereais. Sua forma é diferente da foice ocidental, pois a curvatura começa no cabo.

Milenar – Karate, palavra japonesa que significa "mãos vazias" (em português, é escrita caratê), é uma arte altamente científica, fazendo uso de todas as partes do corpo para a autodefesa. O maior objetivo é a perfeição do caráter, por meio de treinamento e disciplina da mente e do corpo. O carateca utiliza como armas as mãos, os braços, as pernas, os pés, enfim, qualquer parte do corpo.

Além de ser um excelente meio de autodefesa, o caratê também é ótimo exercício. Desenvolve a força, velocidade, coordenação motora, condicionamento físico e é reconhecido também por seus valores terapêuticos.

O combate desarmado nasceu antes da história escrita, mas a origem tem versões segundo o folclore de várias culturas no mundo. Algumas formas eram praticadas na Índia, na China e em Okinawa, uma ilha ao sul do Japão, onde recebeu o nome de “karate”.

Em Okinawa, as lutas desarmadas foram desenvolvidas em segredo, já que os fidalgos japoneses que conquistaram a ilha haviam proibido o porte de armas a seus súditos.

O caratê moderno nasceu em 1922, quando o mestre Gichin Funakoshi (1868-1957), então líder da Sociedade Okinawa de Artes Marciais, foi convidado pelo Ministério da Educação do Japão para conduzir apresentações de caratê em Tóquio. A nova arte foi introduzida em várias universidades.

Devido ao fato de ter sido praticado secretamente no passado, surgiu um grande número de escolas e estilos (Ryus). Hoje existem inúmeras escolas no Japão, sendo as mais destacadas: Shotokan, Goju-Ryu, Shito-Ryu e Wado-Ryu, todas com ramificações no mundo.