Fórum no Samambaia discute violência sexual contra crianças
Rap composto por adolescente infrator foi apresentado ao público
Por Nádia Almeida | 23/11/2006

Trabalhar em rede para proteger crianças e jovens da violência sexual. Esse tema abriu o IV Fórum de Mobilização e Sensibilização Comunitária para o Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil, que na última quarta-feira (22) reuniu 380 pessoas em palestras e oficinas temáticas na Escola Estadual Antonio Nunes da Silva, no loteamento Jardim Samambaia, bairro Trevo.
O evento, desenvolvido pela Secretaria de Promoção Social (Sepros), foi voltado a técnicos, profissionais da área e moradores do bairro. Pela manhã, participaram de palestras e apresentações culturais. À tarde, se envolveram em 12 oficinas para discussão de temas como “Prevenção à Violência Doméstica”, “O Trabalho com Famílias” e “Adolescência e Saúde”.
“Esta escola já desenvolve um trabalho preventivo junto à comunidade”, explica a chefe da Divisão da Infância e Juventude da Sepros, Sônia Gama, avaliando o resultado como positivo. “Alcançamos nosso objetivo. Tivemos a participação de muitos adolescentes e pais.”
Sentinela - Sônia menciona que desde que foi implantado o Programa Sentinela em Praia Grande, em julho de 2002, 334 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes foram atendidos. “A maior incidência é na faixa etária de 7 a 14 anos, mas também tivemos casos de crianças de até 6 anos. Depois dos 14 anos é mais raro porque o jovem já consegue entender o que está se passando e se protege”, ressalta.
Para ela, o aumento do número de casos decorre da divulgação do programa. “O registro cresceu porque as pessoas começaram a sentir mais segurança. Até então, não sabiam que há um equipamento na acolhê-las. A nossa meta agora é reduzir os casos”, ressalta.
Para resgatar a dignidade dos que sofreram abuso, a psicóloga Rose Miyahara, coordenadora do Instituto Sedes Sapientiae, de São Paulo, enfatizou a necessidade de um trabalho em rede eficiente, integrado e cooperativo em sua palestra “O Trabalho em Rede”, voltada aos técnicos.
“A rede somos nós”, definiu. “Serve para nos apoiar mutuamente, trocando experiências, desenvolvendo projetos e tomando ações conjuntas. O funcionamento da rede depende da cooperação, confiança, solidariedade, transparência e co-responsabilidade.”
O evento contou ainda com as apresentações do grupo de dança de rua de alunos daquela escola e do rap “Marcado na Lembrança” (de autoria de E.H.M.J., 18 anos, que cometeu ato infracional e atualmente cumpre medida sócio-educativa), com a participação de alunos do PIC Melvi.
Leia, abaixo, a letra do rap, apresentado na Universidade de São Paulo (USP), no 3º Seminário Internacional de Violência e Juventude, no último dia 6.
Música: “Marcado na Lembrança”
Autor: E.H.M.J.
E com dez anos de idade a sua vida mudou,
Dez horas da “madruga” o seu pai a violentou.
A pobre da menina começou a gritar,
“Pelo amor de Deus, papai!”
Mas ele não quis parar.
Refrão:
É! Tá marcado na lembrança!
Perdeu a infância, tão cedo deixou de ser criança.
É! Tá marcado na lembrança!
E na estrada, agora o que resta é esperança.
Olhando para o céu encontrei inspiração,
Lembrei daquela cena, aquela situação.
Vendo aquela menina “zuada”, jogada no chão,
Violentada pelo pai, que dor no coração.
Imagina a dor daquela criança tão inocente,
É um trauma na sua infância,
E para sempre sua vida foi danificada,
Uma menina na estrada
Refrão:
É! Tá marcado na lembrança!
Perdeu a infância, tão cedo deixou de ser criança.
É! Tá marcado na lembrança!
E na estrada, agora o que resta é esperança.
Envergonhada, aquela menina fugiu de casa,
Sabendo que sua inocência, nunca será restaurada.
Sem o que comer, sem um lugar para dormir,
Em uma cama, virou garota de programa!
Refrão:
É! Tá marcado na lembrança!
Perdeu a infância, tão cedo deixou de ser criança.
É! Tá marcado na lembrança!
E na estrada, agora o que resta é esperança.
O evento, desenvolvido pela Secretaria de Promoção Social (Sepros), foi voltado a técnicos, profissionais da área e moradores do bairro. Pela manhã, participaram de palestras e apresentações culturais. À tarde, se envolveram em 12 oficinas para discussão de temas como “Prevenção à Violência Doméstica”, “O Trabalho com Famílias” e “Adolescência e Saúde”.
“Esta escola já desenvolve um trabalho preventivo junto à comunidade”, explica a chefe da Divisão da Infância e Juventude da Sepros, Sônia Gama, avaliando o resultado como positivo. “Alcançamos nosso objetivo. Tivemos a participação de muitos adolescentes e pais.”
Sentinela - Sônia menciona que desde que foi implantado o Programa Sentinela em Praia Grande, em julho de 2002, 334 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes foram atendidos. “A maior incidência é na faixa etária de 7 a 14 anos, mas também tivemos casos de crianças de até 6 anos. Depois dos 14 anos é mais raro porque o jovem já consegue entender o que está se passando e se protege”, ressalta.
Para ela, o aumento do número de casos decorre da divulgação do programa. “O registro cresceu porque as pessoas começaram a sentir mais segurança. Até então, não sabiam que há um equipamento na acolhê-las. A nossa meta agora é reduzir os casos”, ressalta.
Para resgatar a dignidade dos que sofreram abuso, a psicóloga Rose Miyahara, coordenadora do Instituto Sedes Sapientiae, de São Paulo, enfatizou a necessidade de um trabalho em rede eficiente, integrado e cooperativo em sua palestra “O Trabalho em Rede”, voltada aos técnicos.
“A rede somos nós”, definiu. “Serve para nos apoiar mutuamente, trocando experiências, desenvolvendo projetos e tomando ações conjuntas. O funcionamento da rede depende da cooperação, confiança, solidariedade, transparência e co-responsabilidade.”
O evento contou ainda com as apresentações do grupo de dança de rua de alunos daquela escola e do rap “Marcado na Lembrança” (de autoria de E.H.M.J., 18 anos, que cometeu ato infracional e atualmente cumpre medida sócio-educativa), com a participação de alunos do PIC Melvi.
Leia, abaixo, a letra do rap, apresentado na Universidade de São Paulo (USP), no 3º Seminário Internacional de Violência e Juventude, no último dia 6.
Música: “Marcado na Lembrança”
Autor: E.H.M.J.
E com dez anos de idade a sua vida mudou,
Dez horas da “madruga” o seu pai a violentou.
A pobre da menina começou a gritar,
“Pelo amor de Deus, papai!”
Mas ele não quis parar.
Refrão:
É! Tá marcado na lembrança!
Perdeu a infância, tão cedo deixou de ser criança.
É! Tá marcado na lembrança!
E na estrada, agora o que resta é esperança.
Olhando para o céu encontrei inspiração,
Lembrei daquela cena, aquela situação.
Vendo aquela menina “zuada”, jogada no chão,
Violentada pelo pai, que dor no coração.
Imagina a dor daquela criança tão inocente,
É um trauma na sua infância,
E para sempre sua vida foi danificada,
Uma menina na estrada
Refrão:
É! Tá marcado na lembrança!
Perdeu a infância, tão cedo deixou de ser criança.
É! Tá marcado na lembrança!
E na estrada, agora o que resta é esperança.
Envergonhada, aquela menina fugiu de casa,
Sabendo que sua inocência, nunca será restaurada.
Sem o que comer, sem um lugar para dormir,
Em uma cama, virou garota de programa!
Refrão:
É! Tá marcado na lembrança!
Perdeu a infância, tão cedo deixou de ser criança.
É! Tá marcado na lembrança!
E na estrada, agora o que resta é esperança.