Sucata vira música nas mãos do Batucamaré
Percussão corporal, coreografia e interatividade são outros elementos dos shows
Por Nádia Almeida | 11/12/2006

As fortes batidas do grupo Batucamaré lembram as do Olodum. Mas o afoxé que ecoa do prédio do Programa de Integração e Cidadania (PIC) Melvi nas tardes de quinta-feira, dia de ensaio, é produzido a partir de sucatas. Nas mãos dos integrantes do grupo, jovens carentes de 13 a 19 anos, residentes na região do bairro Trevo, materiais que iriam para o lixo, como gravetos e latas, viram instrumentos musicais.
Composto por cinco rapazes e seis moças, o grupo nasceu do curso de bateria e percussão ministrado pelo professor Emerson Délio Costato Berti no PIC que atende bairros densamente povoados. Com formação em Música pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (Faam) e Percussão Popular pela Universidade Livre de Música (ULM), Berti também desenvolve a oficina Construsom, de criação de instrumentos. “Temos o ‘quadrilata’, um quarteto de latas com tamanhos diferentes, e o agogô, também feito de lata”, exemplifica.
A criatividade agrega até uma preocupação ecológica. “A idéia é enxergar o mundo de uma forma diferente”, explica o professor. “Tudo se transforma. Às vezes, a pessoa olha um objeto e acha que não serve para nada; outra olha e vê nele um instrumento. Depende do ponto de vista. Isso também amplia a margem do conhecimento.”
Corpo - Mas o Batucamaré encontra outras formas inusitadas para produzir sons. “Eles têm aulas de percussão corporal e vocal”, acrescenta. “Além das sucatas, aproveitamos partes de instrumentos, como bateria, tambor, pandeiro e tamborim, garimpados por nós mesmos. A Prefeitura também colabora.”
Tocando atabaque, berimbau, zabumba e até um instrumento árabe chamado terbac, só para citar alguns dos instrumentos usados, o grupo busca inspiração na cultura afro-brasileira e na produção nordestina, mesclando isso com a própria influência caiçara. “Batuca, que vem da coisa do batuque, e maré, que dá a idéia de praia”, define. “Pegamos toda essa gama de ritmos brasileiros.”
Rock era preferência quase absoluta nas aulas de bateria, mas a percussão acabou abrindo espaço para os sons nordestinos. “Eles foram pegando gosto por essa área”, pontua o professor. Juntos, decidiram então montar o Batucamaré, que já tem até agenda de shows.
Nos palcos – Nas apresentações, além de tocar, o grupo canta, dança e interage com o público. “Sentimos que precisava ter movimento. Passamos a fazer malabarismos, mas vamos melhorar a coreografia. Inclusive, fazemos aquecimento de voz porque também há canto”, observa. “Nos shows, fazemos uma ciranda: as meninas puxam as pessoas para dançar; os meninos cantam.”
Para dar ainda mais charme a essa mistura de sons, há participações especiais do professor, no violão, e do aluno Augusto Luis Pinheiro Martins, 15 anos, no violino. De Rapa até Djavan, o repertório é vasto e eclético. “Fizemos uma pesquisa dos ritmos nacionais. Exploramos afoxé, samba-reggae, baião, black dance, drum´n bass e até as batidas do candomblé”, prossegue Berti.
Rock e igreja - Augusto Martins toca bateria na Igreja, violino na orquestra didática e ainda encontra tempo para se dedicar à pintura de azulejos, vendendo suas obras na Feira de Artesanato do Caiçara. “No início, o pessoal estava meio tímido, mas agora todos se identificam com o grupo; dão idéias”, afirma.
Aos 17 anos, Andrew Rugner Bisan procurou o curso de bateria para se aperfeiçoar, já que tocava em bandas. “Não tinha muito conhecimento de música”, justifica. Descobriu a percussão e está cada vez mais envolvido no projeto. “Quero me profissionalizar.”
Enquanto Bisan já tocava bateria quando o grupo foi criado, Diane da Silva, 19 anos, estava distante do mundo da música. Mas no Batucamaré passou a sentir efeitos positivos. “Melhora a coordenação, o reflexo e até a comunicação.”
O professor acrescenta que o grupo é como uma família. “E eu sou o pai, porque sou chato, aquele que dá bronca”, brinca. “No início, tinha tanto alunos que tocavam bem como aqueles que não tocavam. Mas o desafio foi juntar todo mundo para, na união, o pessoal sair tocando. Deu resultado.”
Planos - Não faltam planos para o grupo, que já tocou na USP, Festa das Nações de Itanhaém, Centro de Convenções de São Vicente e Litoral Plaza Shopping. “Com os Jogos Panamericanos, o próximo ano vai ser muito positivo para o projeto”, avalia Berti. “Esperamos que, em 2007, o Batucamaré tenha uma agenda intensa.”
A próxima apresentação será na ExpoPIC Melvi, na próxima sexta-feira (15), às 15 horas. O endereço é Rua Heleni Rosa, 114. As matrículas para o curso de percussão e bateria estarão abertas nos PICs Melvi e Vila Alice (Rua Renata Agondi, 50) a partir de fevereiro. Basta apresentar documento de identidade, comprovante de residência (conta de água, luz ou telefone), uma foto 3x4 e atestado de matrícula na rede de ensino.
Composto por cinco rapazes e seis moças, o grupo nasceu do curso de bateria e percussão ministrado pelo professor Emerson Délio Costato Berti no PIC que atende bairros densamente povoados. Com formação em Música pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (Faam) e Percussão Popular pela Universidade Livre de Música (ULM), Berti também desenvolve a oficina Construsom, de criação de instrumentos. “Temos o ‘quadrilata’, um quarteto de latas com tamanhos diferentes, e o agogô, também feito de lata”, exemplifica.
A criatividade agrega até uma preocupação ecológica. “A idéia é enxergar o mundo de uma forma diferente”, explica o professor. “Tudo se transforma. Às vezes, a pessoa olha um objeto e acha que não serve para nada; outra olha e vê nele um instrumento. Depende do ponto de vista. Isso também amplia a margem do conhecimento.”
Corpo - Mas o Batucamaré encontra outras formas inusitadas para produzir sons. “Eles têm aulas de percussão corporal e vocal”, acrescenta. “Além das sucatas, aproveitamos partes de instrumentos, como bateria, tambor, pandeiro e tamborim, garimpados por nós mesmos. A Prefeitura também colabora.”
Tocando atabaque, berimbau, zabumba e até um instrumento árabe chamado terbac, só para citar alguns dos instrumentos usados, o grupo busca inspiração na cultura afro-brasileira e na produção nordestina, mesclando isso com a própria influência caiçara. “Batuca, que vem da coisa do batuque, e maré, que dá a idéia de praia”, define. “Pegamos toda essa gama de ritmos brasileiros.”
Rock era preferência quase absoluta nas aulas de bateria, mas a percussão acabou abrindo espaço para os sons nordestinos. “Eles foram pegando gosto por essa área”, pontua o professor. Juntos, decidiram então montar o Batucamaré, que já tem até agenda de shows.
Nos palcos – Nas apresentações, além de tocar, o grupo canta, dança e interage com o público. “Sentimos que precisava ter movimento. Passamos a fazer malabarismos, mas vamos melhorar a coreografia. Inclusive, fazemos aquecimento de voz porque também há canto”, observa. “Nos shows, fazemos uma ciranda: as meninas puxam as pessoas para dançar; os meninos cantam.”
Para dar ainda mais charme a essa mistura de sons, há participações especiais do professor, no violão, e do aluno Augusto Luis Pinheiro Martins, 15 anos, no violino. De Rapa até Djavan, o repertório é vasto e eclético. “Fizemos uma pesquisa dos ritmos nacionais. Exploramos afoxé, samba-reggae, baião, black dance, drum´n bass e até as batidas do candomblé”, prossegue Berti.
Rock e igreja - Augusto Martins toca bateria na Igreja, violino na orquestra didática e ainda encontra tempo para se dedicar à pintura de azulejos, vendendo suas obras na Feira de Artesanato do Caiçara. “No início, o pessoal estava meio tímido, mas agora todos se identificam com o grupo; dão idéias”, afirma.
Aos 17 anos, Andrew Rugner Bisan procurou o curso de bateria para se aperfeiçoar, já que tocava em bandas. “Não tinha muito conhecimento de música”, justifica. Descobriu a percussão e está cada vez mais envolvido no projeto. “Quero me profissionalizar.”
Enquanto Bisan já tocava bateria quando o grupo foi criado, Diane da Silva, 19 anos, estava distante do mundo da música. Mas no Batucamaré passou a sentir efeitos positivos. “Melhora a coordenação, o reflexo e até a comunicação.”
O professor acrescenta que o grupo é como uma família. “E eu sou o pai, porque sou chato, aquele que dá bronca”, brinca. “No início, tinha tanto alunos que tocavam bem como aqueles que não tocavam. Mas o desafio foi juntar todo mundo para, na união, o pessoal sair tocando. Deu resultado.”
Planos - Não faltam planos para o grupo, que já tocou na USP, Festa das Nações de Itanhaém, Centro de Convenções de São Vicente e Litoral Plaza Shopping. “Com os Jogos Panamericanos, o próximo ano vai ser muito positivo para o projeto”, avalia Berti. “Esperamos que, em 2007, o Batucamaré tenha uma agenda intensa.”
A próxima apresentação será na ExpoPIC Melvi, na próxima sexta-feira (15), às 15 horas. O endereço é Rua Heleni Rosa, 114. As matrículas para o curso de percussão e bateria estarão abertas nos PICs Melvi e Vila Alice (Rua Renata Agondi, 50) a partir de fevereiro. Basta apresentar documento de identidade, comprovante de residência (conta de água, luz ou telefone), uma foto 3x4 e atestado de matrícula na rede de ensino.