Praia Grande esteriliza mais de 5 mil cães e gatos

Este mês, a cirurgia ocorre no posto itinerante montado no bairro Melvi

Por Nádia Almeida | 9/3/2007

Praia Grande é a única cidade do Estado de São Paulo que já conseguiu castrar 10% da população estimada de cães e gatos, como informa o chefe da Divisão de Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde Pública (Sesap), o veterinário Ozório Gonçalves Júnior. Atualmente, calcula-se que o Município tenha 39 mil cães e 12 mil gatos.

“Concluímos 2006 com mais de 5 mil cirurgias de esterilização. É importante destacar que este número se refere apenas à Prefeitura. Se somarmos ao trabalho realizado por outras entidades e clínicas, o volume será muito maior”, ressalta Gonçalves. “Este ano, queremos ultrapassar essa marca”.

Este mês, o atendimento ocorre no bairro Melvi todas as terças, quintas e sábados, das 8h30 às 15 horas. O posto está instalado no campo de futebol da Rua Heleni Rosa. Os interessados devem agendar a cirurgia junto aos voluntários no próprio local ou ligar para os telefones 3477.4454 ou 3479.3032.

A operação, que numa clínica particular pode ultrapassar R$ 200,00, sai por apenas R$ 10,00. O valor simbólico cobre parte das despesas com transporte e alimentação.

Interesse – A experiência bem sucedida de Praia Grande, pioneira na região ao promover castrações itinerantes para atender comunidades carentes, será exposta no X Congresso e XXI Encontro de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, em Araraquara (SP), de 14 a 17 deste mês.

Nesta segunda-feira (12), representantes da divisão estarão em Jandira e Barueri, na Grande São Paulo, também para falar sobre o trabalho. “Vamos transmitir nossa experiência. Outros municípios, como Americana, também estão interessados em conhecer detalhes de como alcançamos esse objetivo”, informou Gonçalves.

O veterinário explica que o serviço itinerante é fruto de parceria entre o setor de Zoonoses, encarregado da estrutura para as cirurgias, e pessoas que se dedicam à proteção de animais. São elas que identificam as localidades mais críticas nas regiões periféricas. “Priorizamos áreas do Município habitadas por pessoas de baixa renda, mas não restringimos o serviço. Simplesmente localizamos os pontos para facilitar o acesso desses moradores, que não têm meio de transporte”. O atendimento também é oferecido no Centro de Zoonoses, na Avenida Roberto de Almeida Vinhas, 3.839, bairro Antártica.

Sem dor - Aos que pensam no sofrimento que o animal pode vir a ter durante a cirurgia (retirada de útero e ovários nas fêmeas e testículos nos machos), Gonçalves esclarece: “O veterinário aplica anestesia geral durante a operação. Claro que pode ser passível de dor como qualquer procedimento cirúrgico, mas o animal toma analgésico e antiinflamatório após a cirurgia, além de antibiótico”, diz, afirmando que a recuperação costuma ser rápida. “O animal tem sua vida normal em menos de uma semana, podendo, inclusive, já ir andando para casa.”

Além de evitar ninhadas, a castração pode até proteger a saúde do animal, no caso de fêmea. “Esterilizamos a partir dos dois meses de idade. Se a castração acontecer antes do primeiro cio, evita-se o câncer de mama e o desenvolvimento de tumores uterinos, porque esse órgão é retirado junto com os ovários.”

Crenças como a de que o animal castrado engorda, para o veterinário, não têm comprovação. “Isso é muito relativo. O animal engorda com a idade, em virtude de problemas hormonais e até por sua alimentação. São vários fatores. Não dá para atribuir obesidade à castração.”

Consciência - Além de causar problemas de saúde pública, a proliferação de cães e gatos estimula abandono, sofrimento e até matança de filhotes por pessoas que querem se livrar do problema. Para evitar tudo isso, Gonçalves faz um apelo: “Pedimos muita consciência antes da decisão de levar um animal para casa, seja ele comprado ou adotado. A pessoa precisa pensar muito, saber que ele faz coco e xixi - parece besteira, mas há quem devolva o animal por sujar o quintal. Tem de saber que terá despesas com alimentação adequada, consultas veterinárias, vacinação, banho e tosa”, enumera. “O animalzinho vem com um ‘pacote’ de gastos e manutenção.” Como um cão, por exemplo, tem uma estimativa de vida de 12 anos, é preciso levar em conta que neste período o dono assumirá todas as responsabilidades com o animal, da infância à velhice, etapas que exigem tratamentos especiais.

Outra dica do veterinário é adequar o objetivo ao perfil do animal. Se a pessoa mora em apartamento, o ideal é ter um cão pequeno. Se a intenção é adquiri-lo para fazer companhia às crianças, a raça deve ser dócil. Já quem deseja proteger a casa, deve optar por cães treinados. Vale lembrar que raças consideradas violentas exigem equipamentos de segurança, como focinheira e criação em local adaptado.

Doações – Quem deseja um gato ou cão pode comprá-lo numa pet shop ou adotá-lo no próprio Centro de Zoonoses. Além de fazer uma boa ação, levando para casa um animal que estava abandonado, a pessoa terá certeza de que estará na companhia de um animal saudável, já vacinado contra a raiva, vermifugado e castrado. Se não se adaptar, pode devolvê-lo.

“Temos diversos animais disponíveis no centro, que chegam por meio de resgate das ruas ou são deixados na unidade”, informa. “Infelizmente, o número de abandonos supera, e muito, o número de adoções.”