Secretário fixa prazo para definição de projeto regional

Reunião no início da noite de ontem (8) resulta na formação de grupo de trabalho

Por | 9/3/2007

Um grupo de trabalho regional deverá chegar a um consenso, dentro de 60 dias, sobre o melhor projeto para a integração do transporte coletivo na Baixada Santista. O prazo foi fixado pelo novo secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella Pereira. No início da noite de ontem (8), ele foi recebido no gabinete do prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão. O prefeito de São Vicente, Tércio Garcia, também participou do encontro, no qual foram discutidas as alternativas em estudo para a integração do transporte metropolitano, como a criação do Sistema de Veículo Leve sobre Pneus (VLP) e o sobre trilhos (VLT).

Mais de 200 mil passageiros/dia se movimentam entre os nove municípios. Mourão falou ao secretário dos problemas provocados pela falta de agilidade e fluidez do transporte e suas altas tarifas: “Não se pode falar em metropolização verdadeira se não se der acessibilidade aos serviços de forma igualitária aos cidadãos da Baixada. Se um morador de Itanhaém tiver de pagar R$ 30,00 para ir e voltar de um ambulatório de especialidades em Santos, o serviço estará inacessível a ele, que, por isso, jamais se sentirá e nem será um cidadão metropolitano.” Para ele, os problemas no sistema viário também impedem essa acessibilidade, pois resultam num gasto excessivo de tempo para a locomoção entre as cidades.

O prefeito de Praia Grande frisou que parte da população mora numa das nove cidades, estuda em outra, trabalha numa terceira e, às vezes, ainda se diverte numa quarta cidade. “Precisamos conhecer esse deslocamento para depois definirmos a matriz do transporte regional, se será VLT, VLP , usando-se bi ou tri-articulados ou uma mistura que contemple as demandas da região”.

Os prefeitos Mourão e Tércio obtiveram apoio do secretário para que o Governo do Estado agilize obras viárias em São Vicente, como os viadutos na Imigrantes, previstos quando da construção da segunda pista. Ambos concordam que é em São Vicente que se encontra o grande gargalo do transporte. “Se não forem feitos os viadutos, nenhum sistema de integração vai funcionar”, afirmou Tércio Garcia, que demonstrou ainda preocupação no sentido de que nenhum projeto venha a segregar e dividir mais a cidade, como já ocorre em função da Imigrantes e da linha férrea que cortam o município.

Tarifas - O secretário estadual garantiu que qualquer proposta a ser adotada não deverá onerar os usuários do sistema. Um dos problemas a ser resolvido de forma conjunta na região, conforme explicou Portella Pereira, é a política tarifária: “Essa política tem de ser articulada entre os nove municípios para não onerar o passageiro”.

Praia Grande foi pioneira na integração das suas linhas municipais com as intermunicipais. Iniciou também a integração regional do Litoral Sul, criando uma linha expressa que reduziu custos e tempo de percurso. O Serviço Expresso Litoral Sul, ônibus que servem a milhares de trabalhadores e estudantes que partem diariamente de Peruíbe, Itanhaém e Mongaguá em direção a outros municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista, é integrado no Terminal Tatico, em Praia Grande. Dependendo dos municípios de origem e de destino, houve economia de cerca de 40 minutos nos percurso e redução da tarifa em até 23,5% .

Pelas negociações entre os dois prefeitos e o secretário, que continuaram por telefone na manhã desta sexta-feira (9), o VLT, que prevê utilização de trens, sistema defendido pelo prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, deve ser implantado apenas naquela cidade. O VLT tem custo bem maior, em torno de R$ 700 milhões, contra os cerca de R$ 360 milhões estimados para o VLP, que prevê a criação de um corredor de ônibus regional e que, segundo essas tratativas, deverá ser operado em Praia Grande e São Vicente.

Estudo da secretaria prevê a implantação desse corredor na faixa de domínio da linha férrea em Santos e em São Vicente. Seria criado o “Expresso da Baixada” como principal corredor de transporte, ligando a Ponte dos Barreiros, em São Vicente, ao Porto de Santos, passando pela Avenida Conselheiro Nébias. Três terminais seriam construídos, além de pontos de parada e de uma estação de transbordo.

Mudanças - Uma das alterações no projeto do Estado, acordadas ontem à noite, foi no trajeto por São Vicente: ao invés de passar na área central (Biquinha), onde já há forte saturação de trânsito, o transbordo ocorreria na Imigrantes, na altura da linha amarela. “Vamos intensificar a concretização de um projeto que priorize a construção de passagens subterrâneas na Imigrantes, em São Vicente, e outras obras viárias, talvez um viaduto, na linha amarela, nas proximidades do Carrefour, onde haveria a maior estação de transbordo”, revelou Mourão.

O grupo de trabalho regional deve começar a se reunir já na próxima semana. O secretário estadual explicou que sua pasta dispõe de R$ 120 milhões para aplicar este ano no projeto e não pode esperar mais por uma definição: “Quem vai decidir o que é melhor para a Baixada são os prefeitos”.

A integração regional do transporte deve resultar na diminuição do número de linhas: as atuais 46 linhas intermunicipais seriam reduzidas para 10, com a frota de ônibus caindo de 533 para 306 veículos. Mas, segundo o secretário, esse novo sistema atenderia de melhor forma os quase 200 mil passageiros/dia que utilizam o transporte intermunicipal.

O grupo de trabalho terá como representantes de Praia Grande os secretários de Trânsito e Transporte e o de Obras Públicas, respectivamente Antonio Freire de Carvalho Filho e Luiz Fernando Lopes.