Sesap orienta comunidade sobre o perigo dos carrapatos

Além de provocar coceira e irritação na pele, eles podem transmitir doenças

Por Nádia Almeida | 15/3/2007

A Secretaria de Saúde (Sesap), por meio da Divisão de Controle de Zoonoses, aproveita o projeto de castração itinerante de cães e gatos para levar informações a bairros distantes. Durante os meses de março e abril, período em que o grupo de voluntários responsável pela ação ficará no bairro Melvi, os moradores que levarem seus animais de estimação para esterilizar serão alertados sobre o perigo do carrapato, muito comum nessa época do ano e que, se contaminado, pode transmitir doenças a animais e humanos, como a temida febre maculosa.

Enquanto aguarda atendimento no posto instalado na Associação Veteranos do Melvi (Rua Heleni Rosa), o público recebe folhetos explicativos sobre a doença e seu agente transmissor, além de dicas e orientações da equipe. “Os cães são hospedeiros fáceis.

Recomendamos às pessoas que mantenham os locais onde eles ficam bem limpos. Higiene é fundamental para evitar o aparecimento de carrapatos”, explica a voluntária Maria Terezinha Bezan, que atua como protetora de animais.

A médica veterinária Ana Cristina Valera, que realiza as castrações, salienta que nenhum carrapaticida deve ser aplicado no animal ou no ambiente doméstico sem orientação de um profissional. Isso porque há risco de intoxicação, tanto do próprio animal (quando o produto é ministrado em excesso) quanto de crianças e até adultos. “A medicação é eficiente, mas pode ser tóxica”, alerta.

Como prevenção, Ana Cristina aconselha a limpar o quintal e remover o mato, se houver. O animal precisa ser examinado com freqüência porque o carrapato se esconde dentro das orelhas, entre os dedos, no rabo e em locais de difícil visualização, principalmente em raças de pêlos longos.

O responsável pela Divisão de Controle de Zoonoses, veterinário Ozório Gonçalves Júnior, ressalta que não se deve tentar matar o carrapato com as unhas, uma prática comum: “Não se deve macerar ou esmagar o parasita. Se a pessoa tiver um ferimento na pele, por exemplo, pode ser contaminada. O correto é retirá-lo com uma pinça”.

Hematófagos – Como os carrapatos se alimentam de sangue, a ponto de permanecerem sugando durante dias (alguns são chamados parasitas permanentes por passar a vida fixados no mesmo animal), podem causar até anemia na vítima. Além da coceira e irritação que provoca, são vetores de doenças transmitidas por vírus, bactérias, protozoários e outros microorganismos.

Geralmente têm forma oval. Quando em jejum, são planos no sentido dorso-ventral, mas se repletos de sangue assumem formatos convexos ou esféricos. Algumas espécies podem ter até 2,5 centímetros de diâmetro.

Dentre as muitas espécies, destacam-se o ‘Argas’, que atinge o homem e aves (domésticas e selvagens), podendo transmitir infecção paralítica em pombos; ‘Dermacentor marginatus’, transmissor da piroplasmose esporádica do cavalo e ‘Rhipicephalus sangüíneas’, transmissor da teileriose e piroplasmose ao cão. Diante de qualquer alteração na saúde do cão, deve-se levá-lo ao veterinário, já que doenças podem ser contidas se tratadas a tempo.

Febre maculosa - Em humanos, a febre maculosa é uma doença de gravidade variável, causada por bactéria (Rickettisia rickettsii) e transmitida por carrapatos infectados da espécie ‘Amblyomma cajennense’, conhecidos como “carrapato estrela”, “de cavalo” ou “rodoleiro”. Suas larvas são chamadas de “carrapatinhos” ou “micuins” e as ninfas por “vermelhinhos”.

A transmissão ocorre pela picada de carrapato infectado. Para que possa ocorrer a infecção no homem, há necessidade que o carrapato fique aderido de quatro a seis horas. Pode também haver contaminação através de lesões na pele, pelo esmagamento do carrapato.

No ser humano, o período de incubação é de 2 a 14 dias; ou seja, os primeiros sintomas podem surgir em uma semana, em média, após a picada. Os sintomas são: febre moderada ou alta (que dura de duas a três semanas), acompanhada de dor de cabeça, calafrios e congestão das conjuntivas. Ao terceiro ou quarto dia, pontinhos vermelhos podem surgir nas extremidades. Podem ocorrer hemorragias.

Os dados são da Divisão de Controle de Zoonoses, Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) e sites veterinários.