Falta de informação aumenta demanda nos PSs

Unidades buscam conscientizar a população sobre melhor uso da rede

Por Nádia Almeida | 23/4/2007

Dermatite de fraldas ou assadura, como é mais conhecida, um problema simples causado pela higiene incorreta de bebês, está entre os casos levados ao Pronto-Socorro Quietude. Responsável por 70% da demanda de urgência e emergência de Praia Grande, a unidade recebe média de 600 pacientes adultos e 350 crianças a cada plantão 24 horas. A maioria dos atendimentos deveria ser feita na rede ambulatorial (composta por 15 Unidades de Saúde da Família, as Usafas, e cinco multiclínicas), mas acaba congestionando uma unidade criada para atender pessoas com a vida em risco.

O diretor técnico do Hospital Municipal de Praia Grande, Adriano Bechara, que passa a acompanhar pessoalmente o funcionamento do PS a partir desta semana, explica que está discutindo o assunto com o Departamento de Assistência à Saúde da Secretaria de Saúde Pública (Sesap). “Há um foco importante de discussões: a interface entre o atendimento de urgência e emergência e a rede ambulatorial”, explica.

A supervisora da unidade, Karina Oliveira, menciona que na temporada de verão e feriados há aumento da demanda, ocasiões em que a procura desnecessária por pronto atendimento torna a situação complicada. “Aqui temos clínica geral e pediatria. Casos mais complexos são encaminhados ao PS Central (que funciona anexo ao hospital)”, cita. “Chegam à unidade casos de rotina, como dermatite de fraldas, mas não podemos negar atendimento.”

Segundo Bechara, o problema não é exclusivo do PS Quietude, atingindo também os prontos-socorros Central e Samambaia. “Temos até 70% de atendimento ambulatorial, que poderia ser resolvido na rede, não na emergência”, cita.

Ação Global - Para o responsável pelo Departamento de Assistência à Saúde, Sérgio Paulo Almeida Nascimento, a questão é cultural. “A população ainda está acostumada àquele modelo imediatista, que busca resolver o problema no ‘agora’. Na ocorrência de uma dermatite de fraldas, a pessoa pode esperar alguns dias para uma consulta pediátrica de rotina sem que isso traga prejuízos para a criança”, expõe.

No esforço de fazer os usuários entenderem como funciona o sistema, a Sesap aproveita eventos como o Ação Global, que será realizado em Praia Grande no próximo dia 5 de maio, no Centro de Eventos do Boqueirão. O programa é do Sesi e da Rede Globo de Televisão, em parceria com o Sistema Fiesp e Prefeitura de Praia Grande. “Vamos tentar passar essa idéia para a população, eliminando a mentalidade antiga. Logo na recepção, vamos mostrar esse fluxo e esclarecer que entrada no pronto-socorro é só para urgência e emergência.”

Sérgio Nascimento ressalta que a “porta de entrada” do atendimento na saúde, as unidades básicas, é a maior da rede pública. “Na antiga Terceira Zona da Cidade, estamos 100% cobertos. Em outras áreas, além das Usafas, ainda existem UBS (Unidades Básicas de Saúde ou multiclínicas)”, prossegue. “Casos ambulatoriais chegam aos prontos-socorros porque nas Usafas, como o atendimento é agendado, as pessoas não querem esperar. Com o tempo, temos de mudar essa mentalidade.”