Mutirão de limpeza evita proliferação de ratos

Programa Arrumando a Casa recebe elogios da comunidade

Por Nádia Almeida | 28/6/2007

Elogiado pela população, o programa “Arrumando a Casa”, desenvolvido pela Secretaria de Serviços Urbanos (Sesurb), percorre os bairros semanalmente num grande mutirão de limpeza e conscientização. Quando os caminhões passam pelas ruas recolhendo os materiais colocados nas calçadas, os moradores recebem cartilhas, folders e ímãs de geladeira.

O objetivo é popularizar o Disk Serviços Urbanos (0800-102027), para evitar que se jogue móveis e eletrodomésticos inúteis em terrenos ou locais públicos, e sensibilizar aqueles que estão reformando a casa para alugar uma caçamba. Agindo da forma certa, o cidadão não apenas poupa recursos públicos como protege a própria saúde, já que a sujeira atrai ratos, entre outros animais nocivos.

Responsável pela Divisão de Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde Pública (Sesap), o veterinário Osório Gonçalves Júnior explica que os ratos são considerados animais sinantrópicos, que estão próximos do homem e podem transmitir doenças. Entre as causadas por roedores, a leptospirose é a mais conhecida e uma das mais graves, podendo ser fatal. Mas esses animais também podem provocar sarnas de vários tipos, gastroenterites, peste bubônica (transmitida por pulgas) e outros problemas, além de acidentes por mordedura, contaminação de caixas d´água e prejuízos econômicos, como danos à estrutura física de móveis e parte elétrica.

A recomendação é manter os ambientes limpos. “Só teremos a presença desses animais se oferecermos as condições adequadas: oferta de alimento e de abrigo, como entulho no quintal, lixo e materiais inservíveis. É o lixo doméstico”, explica Gonçalves. “Todos os animais sinantrópicos estão relacionados à área urbana porque a presença dos resíduos facilita sua permanência. A dengue ocorre em área urbana em virtude do lixo urbano, de embalagens descartáveis em grande número que servem de criadouros.”

Sempre que acionada para atender moradores, a divisão vistoria o local antes de qualquer medida. Quando não há condições de fazer a desratização, um dos vários métodos de combate, providencia a limpeza. Gonçalves faz um apelo: “Não se deve permitir o despejo de entulho e lixo em terrenos baldios próximos a residências. Essas pessoas precisam ser denunciadas, inclusive proprietários de caçambas que jogam esse tipo de material em terrenos pela Cidade ou carroceiros”.

Ele frisou que a Prefeitura age do portão da residência para fora. “Se o problema ocorrer dentro de casa, é preciso contratar uma empresa especializada. A Prefeitura faz um bloqueio ao redor do domicílio e dá orientações aos moradores”, salienta. Recorrer ao “chumbinho”, além de proibido, é muito perigoso porque a substância pode matar crianças e animais domésticos por envenenamento.

Elogios – No último sábado (23), o “Limpando a Casa” foi elogiado por moradores da Vila São Jorge. “Essa iniciativa é ótima porque chama atenção das pessoas para o problema. Tem gente que joga o lixo em qualquer lugar, mas nós é que ficamos doentes, não o lixo”, afirma o morador Ailton Santos, que trabalha em construção civil.

O mecânico Divino Sérgio Pinheiro concorda: “É muito bom porque o lixo entope bueiros e provoca enchentes. Se tiver ratos, podemos ficar doentes”. Por dever de ofício, ele se preocupa com o abandono de pneus, objeto que liderou o ranking de produtos descartados na primeira edição do programa. “Prejudica o meio ambiente.”

A dona-de-casa Angélica Soares de Matos Muniz enfatiza que os pneus podem causar outro problema: a dengue. “Acho que essa medida é eficiente porque, às vezes, o pessoal joga lixo no terreno e junta bicho. Ajuda na limpeza da Cidade”.

O secretário de Serviços Urbanos, Sérgio Bonito, que também faz palestras em escolas, conta que o resultado do programa tem sido positivo. No contato com moradores, ele detalha como é realizada a limpeza de bocas-de-lobo, valas e canais, frisando o quanto seria economizado se houvesse conscientização. “Só com retirada de entulho, o que gastamos por ano, R$ 2 milhões e 400 mil, daria para fazer a urbanização de uma avenida como a Presidente Costa e Silva”, ressalta. “Só com mata-mato gastamos quase R$ 1 milhão por ano.”