Câncer de mama: campanha municipal começa na segunda

Evento precederá mutirão estadual de mamografia, este mês

Por Nádia Almeida | 1/11/2007

Para incentivar o diagnóstico precoce do câncer de mama, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) inicia, nesta segunda-feira (5), a Campanha Municipal de Saúde Mamária nas 20 unidades básicas de saúde. O evento, que se estende até sexta-feira (9), visa mobilizar a população feminina com palestras e orientações sobre o auto-exame das mamas. Casos suspeitos terão encaminhamento médico.

Levantamento da Sesap junto ao DataSUS indicou que no período de 2003 a 2005 a doença matou 29.339 mulheres e 221 homens no Brasil. De 2003 ao ano passado, Praia Grande registrou 57 óbitos da doença, computados os dados do governo federal e da Fundação Seade.

A campanha municipal precede o próximo mutirão estadual de mamografia, programado para 24 de novembro, com consultas agendadas e encaminhamento médico. A lista dos estabelecimentos que realizarão o exame será divulgada posteriormente. A Secretaria de Estado da Saúde quer atender 100 mil mulheres no Estado.

Para a coordenadora de Apoio Técnico à Saúde da Mulher da Sesap, Marivel Gomez Barreiro, as duas ações se completarão. “É importante que toda mulher passe pela primeira mamografia na faixa etária de 35 a 40 anos. A partir dos 40 anos, ela deve ser feita todo ano”, explica. “As mamografias devem ser guardadas, em especial as duas últimas, mesmo as que não revelaram nada, para eventuais comparações em consultas futuras.”

Detecção — Como médica ginecologista, Marivel acredita que a mamografia é essencial na detecção precoce do câncer de mama, mas pondera que, por si só, é insuficiente, uma vez que nem todas as alterações podem ser reveladas. Para maior exatidão no diagnóstico, a paciente deve passar pelo mastologista ou ginecologista. “A mamografia tem 90% de sensibilidade e 90% de especificidade. Por isso, nada substitui o exame clínico”, opina.

A mobilização em Praia Grande visa conscientizar munícipes sobre os riscos da doença que, ao contrário do que se pensa, não afeta apenas mulheres no climatério. “Quanto mais jovem a mulher, mais agressivo é o tumor. Depois dos 50 anos, ele demora mais para se desenvolver”, pontua. “E vale frisar que nem sempre dor é sintoma. Há tumores silenciosos.”

Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, em três anos triplicou o número de mulheres vítimas da doença com menos de 40 anos. Em 2003, a incidência nas mais jovens era de 5,6%. No ano passado, o índice saltou para 16,8%. As causas do aumento ainda são desconhecidas, mas suspeita-se do estilo de vida estressante das mulheres contemporâneas, além de fatores como hereditariedade e tabagismo.

De acordo com o mastologista Marco Antonio Dugatto, que atende no Centro de Especialidades Médicas, Ambulatoriais e Sociais (Cemas), 90% dos casos que chegam a ele, encaminhados pelas unidades básicas de saúde, são de tumores benignos. “Os outros 10% são suspeitos, encaminhados para o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, que é nossa referência regional neste serviço”, relata.