Consumo de alimentos requer cuidados no verão

Vigilância Sanitária orienta população a evitar produtos de risco, como queijo coalho

Por Nádia Almeida | 28/12/2007

Sol, mar e descontração. Em clima de férias, muitas pessoas buscam praticidade na alimentação, optando por petiscos na praia e refeições em restaurantes fast food. Mas precaução deve ser palavra de ordem para evitar que problemas de saúde comprometam o lazer, já que alimentos de origem duvidosa podem ser perigosos. A advertência é feita pelo chefe da Divisão de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde Pública (Sesap), Luis Carlos Marono.

Um dos itens que encabeçam a lista dos salgados favoritos dos banhistas é o queijo coalho. Mas este é um dos produtos considerados mais prejudiciais à saúde, por várias razões. “Primeiro porque vem de outros Estados do Norte, dentro de bagageiro de ônibus, sem condições de transporte adequadas nem refrigeração”, revela Marono. Além do transporte e armazenamento inadequados, os queijos costumam ser assados em latas de tinta, substância tóxica. “Ou seja, além do produto não ter condições de higiene e do risco de contaminação bacteriológica, também pode se contaminar com a tinta.”

O cuidado na praia deve se repetir no restaurante ou lanchonete. “Recomendamos verificar se o local é confiável, está limpo, organizado, se os funcionários trabalham de forma higiênica, de maneira coerente com a atividade que estão desenvolvendo”, prossegue.

É importante observar, por exemplo, se as temperaturas estão sendo respeitadas. Enquanto alguns alimentos devem ser mantidos em temperaturas altas, acima de 60 graus (não só os ficam em estufas como os de réchaud, em banho-maria), outros devem permanecer sob refrigeração (por gelo ou sistema elétrico). Quando isso não é obedecido, há deterioração.

Aos donos de estabelecimentos, uma dica: não se deve colocar a comida recém preparada sobre a que está na bandeja. “A rotina de todo comerciante deve ser a de verificar constantemente os produtos. Deve-se tirar a vasilha e substituir por outra porque isso evita uma contaminação cruzada”, prossegue.

Supermercados - Mesmo em supermercados ou outros comércios, é preciso estar atento. “Os produtos clandestinos, de uma forma geral, são extremamente prejudiciais quando a origem é duvidosa, com prazos de validade vencidos, datas alteradas”, alerta. Por isso deve-se sempre verificar a qualidade do produto por suas características próprias: dificilmente uma peça de carne embalada a vácuo diretamente do matadouro, com prazo de validade estampado, apresentará problema de contaminação, mas um produto vendido a granel ou fracionado requer observações. Uma dica é ver se a temperatura indicada na embalagem é a mesma que está na ilha.

Nas feiras, pescados e camarões devem possuir gelo. Ao derreter, o gelo ajuda a preservar o muco da pele, que ajuda a preservar o peixe. “E por falar em gelo, vale lembrar que deve ser de água potável; o fracionado em cubos é ideal para consumo direto, enquanto o em barra é indicado para gelar os recipientes de bebidas”.

Na lanchonete ou na areia, sanduíche natural é perigoso pela presença de maionese, que pode estar contaminada com bactérias do tipo salmonella. A recomendação, para qualquer tipo de lanche, é não consumir maionese, catchup e mostarda em tubo, mas em sachê, que é lacrado e não necessita de refrigeração.

Por último, vale lembrar que o alimento não precisa ter cheiro ou odor desagradável para causar doenças infecciosas, que podem provocar desde um desarranjo intestinal até a morte. “O alimento pode não ter sofrido processo de deterioração, mas ter contaminação, que é mais séria. Pode existir a destruição do agente com liberação da toxina”, finaliza o técnico.