Pacientes recebem próteses e órteses no Núcleo Henry

Aparelhos trazem benefícios a crianças e adultos portadores de deficiências

Por Nádia Almeida | 6/3/2008

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Em 1988, um acidente automobilístico mudou a vida do ex-cobrador de ônibus Alair Amadeu Galotti, 44 anos, morador do bairro Mirim, causando a amputação de uma das pernas. Três anos depois, teve que se adaptar ao uso de uma prótese. Francisco Manuel de Alencar, 62 anos, que reside no Antártica, também perdeu uma das pernas, mas por uma doença, trombose, em 2003, e se locomove com muletas. Galotti e Alencar são alguns dos 18 pacientes praiagrandenses que receberam próteses e órteses da Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Direção Regional de Saúde (DRS-IV), na última quarta-feira (5). Catorze receberam órteses (que ajuda a corrigir ou estabilizar uma deficiência) e quatro, próteses (em substituição ao membro amputado).

A entrega foi feita no Núcleo de Reabilitação Física e Mental Henry. Representando o Estado, o assistente técnico em Planejamento de Ações de Saúde, Márcio Rebuá, fisioterapeuta por formação, explica que a entrega é o último passo de um processo detalhado, considerando que as peças são sob medida. “Antes foi feita comprovação da prescrição dos equipamentos, tiradas as medidas e realizadas duas provas”, esclareceu.

Enquanto Galotti recebeu uma nova prótese (do tipo tibial) para substituir a antiga, que estava folgada, para Alencar tudo era novidade. “Dependo da muleta e acho que tudo vai ficar mais fácil com a prótese”, declara. Com sua experiência bem sucedida, Alencar lembra que teve que se adaptar, mas não se arrepende de optar pelo aparelho: “Ajuda muito. Dá mais autonomia”. A mesma opinião tem a aposentada Zélia Claudino de Figueiredo, 42 anos, moradora do Caiçara, que também perdeu uma perna num acidente de moto, há 10 anos: “Vou trocar a minha por outra nova”. Todos são pacientes do Centro de Especialidades Médicas, Ambulatoriais e Sociais (Cemas).

Rebuá observa que quem usa o equipamento pela primeira vez precisa passar por fases de adaptação antes e depois do recebimento. No caso de crianças, os pais são informados não apenas sobre o uso, mas também dos cuidados gerais de manutenção, incluindo limpeza, já que a falta de higiene pode causar problemas.

Os pacientes que receberam órteses são do Núcleo Henry, que atende crianças e jovens de zero a 18 anos de idade, na maioria portadores de limitações neurológicas, como paralisia cerebral e síndromes. Mãe de uma menina de 8 anos que apresenta comprometimento mental e limitações físicas, Rita Matos de Oliveira acha que a órtese de pé, chamada boteira, pode impedir mais problemas. “Acho que vai melhorar”, opina.

Segundo a fisioterapeuta do Núcleo Henry, Patrícia do Amaral, dependendo do caso, há pacientes que usam órteses por toda a vida. “Ela auxilia, por exemplo, o pé ou o braço a ficar numa determinada posição, impedindo o músculo de atrofiar. Fica mais confortável e impede deformidades que possam levar a cirurgias”, ilustra. Rebuá completa: “Uma deformidade pode não melhorar, mas pode piorar. A órtese previne complicações”.

Participaram da entrega o chefe do Departamento de Saúde Pública, Sérgio Nascimento; a supervisora do Henry, Maria Carmen Garcia Nieves; e, representando o Cemas, a assistente social Luciene de Oliveira Dutra.

Funcionando na Avenida Guilherme Penteado de Campos, s/nº, Mirim, o Núcleo Henry conta com uma equipe multidisciplinar e desenvolve várias ações, como o Teatro do Oprimido, voltado a adolescentes em tratamento.

Além de Praia Grande, outras cidades da região foram contempladas, totalizando 130 equipamentos para 74 pacientes.