Mulheres buscam prevenção ao câncer de colo de útero

Cresce o interesse pela realização de exames preventivos

Por Nádia Almeida | 31/3/2008

O interesse das usuárias da rede básica sobre como evitar câncer de colo de útero vem aumentando: o número de participantes das palestras sobre o tema promovidas na Semana da Mulher aumentou 97,8% em um ano. Na VI Campanha Municipal de Prevenção do Câncer de Colo Uterino, realizada na primeira semana de março deste ano, 1.968 mulheres participaram dos eventos nas 20 unidades de saúde espalhadas pelo Município. Em 2007, foram 995 participantes.

“Comparando-se com anos anteriores, o saldo foi bem positivo”, avaliou a médica ginecologista e obstetra Marivel Gómez Barreiro, do Apoio Técnico à Saúde da Mulher da Secretaria de Saúde Pública (Sesap). “O mesmo se deu quanto à coleta de exame preventivo, que também é realizada durante a campanha. Tivemos um saldo bem maior que no ano passado.” Enquanto em 2007 foram feitas coletas em 638 mulheres na campanha, neste ano o número subiu para 1.002.

Marivel explica que a Sesap aproveita as comemorações do Dia da Mulher para incentivar a população feminina a cuidar mais da saúde, reforçando um trabalho que é feito o ano inteiro. “Nas palestras são abordados prevenção do câncer de colo de útero e planejamento familiar porque, dentre os métodos que se utiliza, temos o preservativo, tanto masculino quanto feminino, que protege contra as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis)”, prossegue. “Já se sabe que uma das grandes causas do câncer de colo de útero é o HPV, o Papiloma Vírus Humano.”

Inimigo oculto - Assintomático na maioria das vezes, esse vírus raramente se apresenta com verrugas nos genitais. “Temos mais de 170 tipos e apenas dois são os que causam verruga”, prossegue. Na mulher, o exame preventivo, também chamado de Papanicolau, pode revelar indícios, depois comprovados por outros exames. “O homem não tem essa rotina, não existe um preventivo para ele.” Quando a mulher apresenta o HPV, a indicação é que seu parceiro procure um urologista para diagnóstico e tratamento.

O exame preventivo deve ser feito uma vez por ano. “Dependendo de alterações, até antes”, pontua a médica. E vale lembrar que é possível fazer a coleta durante a gravidez, se houver indicação.

Já para a detecção precoce do câncer de mama, outra preocupação feminina, a mamografia é recomendada dos 35 aos 40 anos em pacientes sem antecedentes familiares (ou seja, mãe, filha ou irmã com a doença). Quem tem histórico genético, deve fazer o exame anualmente a partir dos 35 anos. Quem não tem, uma vez por ano, a partir dos 40 anos. E uma recomendação adicional da coordenadora: “Mamografia não se joga fora. É para guardar porque o médico faz a comparação da antiga com a atual”.

Uma dúvida freqüente entre as mães é quando levar a adolescente ao ginecologista. “Precisa iniciar o acompanhamento a partir do momento que se tem dúvida, independente da faixa etária. Há mães que levam as adolescentes, mas muitas delas vão sozinhas à consulta”, prossegue. “Mesmo não tendo a maioridade, a jovem tem todo direito de se consultar, sem necessariamente a participação de um adulto.”

Antes dos 12 anos, o atendimento é feito pelo pediatra, que encaminha para o especialista se houver necessidade. Logo após a primeira menstruação, chamada menarca, ou até antes, aos primeiros sinais da puberdade, as mães devem conversar com suas filhas. “É importante ter um diálogo aberto.”

Planejamento - Tão logo a mulher inicie sua vida sexual, e não deseje ter filhos, um método anticoncepcional deve ser adotado. No caso de adolescentes, isso evita o risco de uma gravidez de risco. “Há dois tipos de método: os reversíveis e os irreversíveis, que são vasectomia e laqueadura”, esclarece. Para os últimos, a referência é o Hospital Guilherme Álvaro (em Santos). Os demais são disponibilizados pela rede gratuitamente.

“Temos a pílula oral, a injetável, camisinhas masculina e feminina, o DIU (Dispositivo Intra-Uterino). Mas qualquer método precisa de orientação médica porque cada um possui indicações e contra-indicações”, recomenda. “No caso do DIU, em nossa rede a paciente é encaminhada para um ginecologista, que avalia exames e constata se ela está apta ou não para usá-lo.”

Também disponível, a pílula do dia seguinte é um método especial, de anticoncepção de emergência. É quando rompe o preservativo e a mulher está em seu período fértil, por exemplo. “Não pode ser usada como de rotina, mesmo porque sua eficácia é menor em relação à outra pílula, a chance de falha é maior”, alerta Marivel.

Métodos alternativos, como a própria amamentação ou a antiga tabelinha, não são tão eficazes. “Os nossos hormônios são controlados pela parte externa, pela área emocional. Um dia pode, de repente, ter mudado o ciclo naquele mês e falhar”, discorre. “Para usar a amamentação como método anticoncepcional, a mãe teria de amamentar o bebê exclusivamente. Chorou, tem de dar de mamar, seja de noite ou de dia. Isso nos primeiros meses. Depois começam a ser introduzidos outros alimentos e vai cada vez falhando mais. Mas existem preservativos e métodos hormonais que não interferem na liberação do leite.”