Inauguração do Hospital Irmã Dulce é marco na região

Público lota a entrada do hospital, em solenidade marcada pela emoção

Por Nádia Almeida | 19/5/2008

O Hospital Municipal Irmã Dulce já é uma realidade para a população praiagrandense, mas deverá funcionar em toda plenitude a partir de julho. Ao entregá-lo em solenidade na última sexta-feira (16), o prefeito Alberto Mourão explicou que nas próximas semanas haverá a readequação de serviços e pacientes no prédio. Em junho chegarão novos equipamentos que completam a estrutura. “Estamos entregando um hospital com tecnologia de última geração. Vamos reformular todo o corpo administrativo, com uma nova dinâmica a partir de junho, quando entrará numa nova era”.

O prefeito destacou que a Prefeitura vem investindo no hospital ao longo de três anos, totalizando cerca de R$ 28 milhões nesse complexo. “Para dar esse passo, um novo hospital que dará resolutividade a todo sistema, contamos com recursos para bancar o custeio. Depois de longa negociação, aumentamos nosso teto. Temos alocado para a manutenção desse equipamento, com os 158 leitos que vínhamos operando, R$ 25 milhões no orçamento.”

Mourão frisou que, embora os recursos para a manutenção inicial dos leitos estejam assegurados, o Município continua buscando novo aumento do teto junto ao Governo Federal. A intenção é ampliar o número de leitos de 158 para 210, com mais 20 de UTI. “Estamos numa negociação com o Governo Federal, vamos credenciar os leitos e pedir reforço de recursos”, expôs. “Aumentaram os investimentos. Só em equipamentos foram R$ 16 milhões; R$ 8 milhões do Governo do Estado, com esforço do governador José Serra, e R$ 4 milhões da União, com a ajuda do (deputado) Michel Temer.”

Ao avaliar a evolução da obra, Mourão salientou que não foi fácil construir uma nova unidade e reformular as instalações antigas sem interromper o atendimento hospitalar. “Fazer a obra com o hospital em funcionamento foi complicado em função dos pacientes internados. Tivemos de reestruturar o prédio, trazer o centro cirúrgico para um novo espaço. Tudo isso requereu forte intervenção”, observou.

O secretário de Obras, Luiz Fernando Lopes, concordou com o prefeito e reafirmou que o maior desafio foi mesmo conciliar os inconvenientes de uma obra complexa, controlando excesso de barulho e sujeira e organizando o fluxo das equipes. “Quero agradecer a parceria com a saúde. Desde o início fizemos reuniões semanais para que os problemas fossem amenizados”, destacou. “Em nenhum momento a obra foi atrasada, mas contornada. Houve momentos em que não se podia dar seqüência ao serviço porque poderia prejudicar o atendimento aos pacientes.”

Impacto – A entrega do Irmã Dulce completa um processo de consolidação de um novo modelo de saúde, como esclareceu o secretário da pasta, Eduardo Dall´Acqua. “Certamente dará todas as condições de retaguarda da rede, atendendo melhor os pacientes do SUS e ampliando sua complexidade”, declarou. “Este hospital passa a ser uma grande referência da Baixada Santista. É um orgulho termos esse hospital de ponta que, com certeza, não fica devendo a nenhum outro do Brasil, tanto em estrutura como na questão do fluxo, porque foi projetado especialmente para dar qualidade no atendimento.”

O impacto do novo hospital não será sentido apenas por Praia Grande, mas por toda a região. “Somando com a unidade de Itanhaém, conseguiremos dar resolutividade a grande parte dos problemas do Litoral Sul. O pontapé inicial foi dado”, disse Mourão.

Representando o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, o responsável pelo Departamento Regional de Saúde (DRS), Gilberto Simão Elias, prevê benefícios para a região, até o Vale do Ribeira. “É um reforço fundamental para o Litoral Sul. Leito de UTI ainda é um grande estrangulamento, tem muita gente aguardando internação pelo SUS”, opinou.

Na inauguração estiveram presentes vereadores, secretários municipais, autoridades civis e militares, líderes de ONGs e moradores, que lotaram a Rua Dair Borges, na entrada do hospital, que recebeu um palanque para a cerimônia. O presidente da Câmara, Arnaldo Amaral; e o empresário Eládio Vasquez Gonzalez, que conduziu o hospital em momentos de crises financeiras por meio da antiga mantenedora, participaram do ato. Padres e um representante evangélico abençoaram o hospital, num culto ecumênico.

Após descerrar a placa inaugural, Mourão e a primeira-dama Maria del Carmen Padin Mourão, visitaram as novas instalações. Após um discurso emocionado, o secretário-adjunto de Saúde, Adriano Bechara, foi homenageado pelo prefeito com a entrega de uma réplica da placa inaugural.

“Lindo” - Para a administradora do hospital, Mônica Bastos, o resultado final compensou a tensão durante a obra. “Foram nove meses, tudo muito difícil, mas valeu, está lindo”, comemorou.

Situado na Rua Dair Borges esquina com a Avenida São Paulo, no Boqueirão, o Irmã Dulce ocupa prédio novo, de seis pavimentos (cinco andares mais o térreo) e parte das instalações do atual Hospital Municipal de Praia Grande (antiga Santa Casa).

O fluxo foi estudado e preparado para que não ocorram cruzamentos entre funcionários, pacientes, materiais e visitantes, reduzindo as possibilidades de infecção. Equipamentos modernos foram adquiridos para o hospital, que tem capacidade instalada para 210 leitos.

Abaixo, a distribuição dos setores e serviços do hospital, por pavimento:

Térreo – O pavimento térreo abriga 26 leitos de maternidade, sendo 13 quartos de dois leitos; 9 leitos de berçário de baixo e médio risco e 10 leitos de Terapia Intensiva Neonatal. Um centro obstétrico com duas salas cirúrgicas (uma para cesárea e outra para parto normal), sala de recuperação anestésica, três leitos pré-parto, sala de espera e recepção completam a estrutura.

Além de quatro elevadores (dois para pacientes internos, funcionários e materiais e dois para visitantes e pacientes externos), o pavimento térreo conta ainda com recepção com balcão de informações, triagem de fluxo de acesso e serviços de apoio à internação, como um posto avançado do Cartório de Registro Civil.

Primeiro - O primeiro pavimento compreende 52 leitos de clínica médica, sendo 10 quartos de 5 leitos e 2 quartos de 1 leito (isolamento).

Segundo - No segundo pavimento estão 43 leitos de clínica cirúrgica, sendo 21 quartos de 2 leitos e 1 quarto com leito de isolamento.

Intermediário - Entre o segundo e o terceiro andares, há um andar técnico, destinado a manutenções elétricas, hidráulicas e de gases, entre outras. Trata-se de uma inovação, que evita intervenções invasivas nos andares de internação: com esse pio intermediário não há necessidade de destruir piso para efetuar algum reparo nas instalações

Terceiro - O terceiro pavimento reúne sete salas cirúrgicas, sendo cinco para cirurgias de médio e grande porte e duas salas para pequenas operações. Também abriga duas salas de recuperação pós-anestésicas e nove leitos de hospital-dia, sendo quatro pediátricos e cinco adultos.

Quarto - No quarto andar serão 15 leitos de internação para cirurgias eletivas, sendo sete quartos de dois leitos e um quarto com leito de isolamento. Eletivas são as cirurgias programadas. No geral, esses pacientes estão bem de saúde, entram num dia, operam e saem em outro, com alta rotatividade de leitos, o que vai desafogar as filas por esse tipo de intervenção.

Último - O quinto pavimento possuirá 19 leitos de internação pediátrica, sendo nove quartos de dois leitos e um quarto com isolamento, e 10 leitos de Terapia Intensiva Pediátrica, sendo 9 leitos gerais e um de isolamento. São destaques a Brinquedoteca e sala de apoio aos pais.

Antiga - Na parte da antiga Santa Casa, frente para a Avenida São Paulo, estarão dispostos os serviços do setor administrativo (diretoria, controle de entrada e saída de funcionários, vestiários, Departamento de Recursos Humanos, arquivo de prontuários, PABX e outros), recursos materiais (almoxarifado e farmácia), apoio (lavanderia, central de material esterelizado, morgue, marcenaria e carpintaria, manutenção, refeitório e serviço de nutrição e dietética) e diagnóstico e tratamento (Banco de Sangue, exames radiológicos, tomografia, serviço de imobilização ortopédica, endoscopia, ultrassonografia e área para futura instalação de laboratório de análises clínicas).