Cultivo de chuchu faz parte da história de PG

Praia Grande resgata participação de japoneses em seu desenvolvimento

Por Paola Vieira | 18/6/2008

Por aproximadamente 30 anos Praia Grande foi grande produtor de chuchu e chegou a ganhar o Prêmio de Produtividade da Secretaria de Agricultura do Estado. Isso graças aos imigrantes japoneses de Okinawa, que na década de 50 vieram para o Município em busca de seus sonhos, após a 2ª Guerra Mundial. Cerca de 30 famílias, todas de Okinawa, se instalaram no Bairro Sítio do Campo e começaram ali uma história de lutas e conquistas.

Segundo a historiadora da Secretaria de Cultura (Secult), Mônica Solange Rodrigues e Silva, a corrente migratória dos japoneses para o Brasil se divide em três fases: 1908-1925 é definida como a fase de tentativa e experiência, em que os imigrantes foram subsidiados, principalmente pelo governo do Estado que precisava de mão-de-obra para a lavoura cafeeira; 1926-1941, período considerado o auge do movimento, foi subsidiado e estimulado pelo governo japonês (nessa fase o Brasil reduziu a entrada de imigrantes japoneses); e 1942-1953, no período pós-guerra, o movimento foi retomado com o restabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão.

É nesta última fase que ocorre a imigração dos japoneses que se estabelecem em Praia Grande, na época ainda um distrito de São Vicente. “Okinawa foi uma base militar americana e por viverem em estado de miséria, esses japoneses optaram em migrar. Eles desceram do navio e vieram direto para Praia Grande. Depois de algum tempo chegaram outras famílias de outros lugares”.

Foi então que os imigrantes começaram o cultivo de chuchu. “Tanto na questão de qualidade quanto em quantidade, fomos a primeira cidade no Estado de São Paulo”, destaca Mônica.

O chuchu contava com grande aceitação no mercado e longo período de colheita, de maio a novembro. Colhia-se cerca de 80 a 100 caixas duas vezes por semana, num total de 6 mil caixas (cada uma com 25 quilos) por ano. “Essa produção seguia direto para o Mercado Municipal da Capital”, conta a historiadora.

Porém, com o passar do tempo, o cultivo de chuchu começou a se extinguir. Na década de 1980 a produção cessou. “Começou o “boom” imobiliário e os proprietários das terras não mais queriam arrendá-las. Ao mesmo tempo, os filhos dos imigrantes já estavam fazendo faculdade, se direcionando para outras profissões. Foi a junção de fatores que contribuiu para o término do cultivo do chuchu.”

Segundo Mônica, atualmente a colônia japonesa de Okinawa se concentra no Bairro Boqueirão. No Bairro Sítio do Campo existe a Associação Okinawa, que já não é tão atuante como foi um dia. “Não temos o número exato de pessoas que integram a colônia japonesa de Praia Grande, mas pretendemos realizar um censo”, disse Mônica.

História - O pai da administradora Maria Keiko Shinzato Nakana, Yoshio Shinzato, foi um dos imigrantes japoneses de Okinawa a desembarcar, em 1954, no Porto de Santos e seguir direto para Praia Grande. “Meu pai tinha um parente aqui e veio já com destino certo: Praia Grande”

De acordo com Keiko, seu pai trabalhava como taxista em Okinawa, mas com os maus tratos dos soldados americanos, decidiu se mudar para o Brasil, aos 23 anos. Em Praia Grande, o jovem começou a trabalhar no cultivo de chuchu. Quatro anos depois se casou e teve seis filhos “Meus pais trabalhavam na lavoura; 12 horas de trabalho pesado todos os dias da semana. Com o dinheiro do chuchu, ele comprou uma casa. Era um trabalho árduo, mas financeiramente, muito lucrativo.”

Keiko conta que cuidava de seus irmãos enquanto os pais cultivavam a terra. “Mas meus pais sempre priorizaram a educação. Eu e meus irmãos temos curso superior. Eles queriam que tivéssemos uma boa profissão e sempre investiram para que não precisássemos trabalhar na lavoura.”


Fonte: Livro- Furusato Hanarete (Longe do seu País)