Peixe barrigudinho é arma eficaz no combate à dengue em Praia Grande

Medida tem ajudado a diminuir os focos do mosquito em piscinas e obras

Por: RODRIGO HERRERO | 30/04/2024

Fotos Fred Casagrande/Prefeitura de Praia Grande

Uma estratégia bastante eficaz no combate ao Aedes Aegypti, que transmite o vírus da dengue, chikungunya e zika, é a colocação de peixes em grandes locais com água parada. Praia Grande utiliza esse mecanismo simples, natural e que traz ótimos resultados. Popularmente conhecidos como Barrigudinho (poecilia reticulata) e lebiste, esses peixinhos comem as larvas e os ovos do Aedes Aegypti e de outros mosquitos, evitando a proliferação das arboviroses.

 

Esse serviço costuma ser indicado especialmente para aqueles imóveis de veraneio, em que o proprietário deixa muito tempo fechado e não consegue limpar a piscina regularmente. Para evitar que o mosquito da dengue se crie no local, as equipes da Saúde Ambiental depositam os peixes na piscina. Esses pequenos seres se alimentam dos micro-organismos formados e, claro, das larvas e ovos.

 

“A colocação desses peixes nas piscinas faz parte do controle biológico que utilizamos e surte bastante efeito. E ainda ajuda muito economicamente porque evita de a pessoa ter que limpar sempre a piscina e colocar cloro”, afirma a diretora da Divisão de Saúde Ambiental, Maria Fernanda Gonçalves

 

Mas atenção! As piscinas que recebem o Barrigudinho não podem ter nenhum outro tipo de tratamento, como cloro, água sanitária ou sal, pois esses componentes matam esse peixe. Ou seja, se a pessoa limpa regularmente a piscina, já está combatendo a dengue e não precisa do peixinho.

 

“O ideal nesses casos é a piscina estar suja, com água turva, pois, assim, vai haver o micro-organismo para o peixe se alimentar, além do pH estar propício para que ele fique vivo. O peixe é larvófago, portanto, vai se alimentar das larvas e dos ovos que eclodirem na piscina”, explica Maria Fernanda.

 

Basta aplicar os peixes uma vez na piscina que o tratamento contra a dengue está garantido. “Esses peixes se multiplicam muito fácil, tem piscinas de casas de temporada que ficam um longo tempo sem uso e que a gente aproveita para ser nossos tanques, ou seja, nós vamos até lá para pegar os peixes para fazer a distribuição em outros lugares”, conta.

 

Esses peixes também são aliados nas grandes obras, pois eles são colocados no fosso do elevador assim que é feita a fundação do edifício. Isso porque, esses locais costumam reter água por longos períodos.

 

Em caso de denúncia sobre foco de dengue, ou solicitação dos peixes, o munícipe deve entrar em contato com a Ouvidoria SUS (telefones 0800-773-3020 / 3472-9764, e-mail: atendimentosaude@praiagrande.sp.gov.br ou presencialmente na Rua João de Souza, s/n°, Mirim, segunda à sexta, das 9h às 16h). Com a solicitação aberta, a equipe da Saúde Ambiental é acionada para fazer uma vistoria no imóvel.

 

Demais ações – Os agentes de combate às endemias estão percorrendo os bairros e visitando as residências para a realização do bloqueio de criadouros, além de orientar a população para evitar o surgimento de locais propícios para a criação de larvas do vetor das doenças. As equipes também têm feito a Avaliação de Densidade Larvária (ADL), coleta de larvas de mosquito nos imóveis para saber quais bairros concentram a maior quantidade e ajudar a direcionar as ações dos profissionais.

 

Praia Grande também tem reforçado os trabalhos de nebulização com a máquina pulverizadora acoplada ao carro, conhecido popularmente como fumacê. Atualmente, as ações ocorrem no Bairro Canto do Forte, após passar por Guilhermina e Tupi. Ao mesmo tempo, segue o trabalho de nebulização com a máquina costal em áreas de casos confirmados.

 

Outra iniciativa é a visita a obras e pontos estratégicos, casos de cemitério, desmanche de veículos, borracharias e locais de reciclagem de materiais. Ainda fazem parte das atividades as campanhas educativas nas unidades de saúde e nas escolas municipais, por meio do setor de Informação, Educação e Comunicação (IEC), da Divisão de Saúde Ambiental.

 

O uso das armadilhas ovitrampas, criadas para capturar o mosquito Aedes Aegypti, é mais uma arma na luta contra a dengue. Instaladas em lugares de maior risco, as armadilhas seguem sob monitoramento e servem para indicar os tipos de mosquitos que estão sobrevoando por aquele local, ampliando as possibilidades de vigilância e ação dos técnicos da Sesap.

 

Emergência – A Prefeitura de Praia Grande decretou em 8 de março situação de emergência em saúde pública para a dengue. Essa medida permite adotar todas as medidas administrativas necessárias a fim da imediata resposta por parte da Administração Municipal, visando o enfrentamento das arboviroses urbanas. Foi criado ainda o Centro de Enfrentamento das Arboviroses Urbanas de Praia Grande (CEAU-PG), que reúne diversas secretarias, instituições de saúde e órgãos públicos para fortalecer as atividades educativas.

 

Faça a sua parte – A população também precisa fazer a sua parte na guerra contra o mosquito Aedes Aegypti, pois mais de 90% dos focos do mosquito estão nas residências. Veja como:

 

- Mantenha a caixa d’água bem fechada e coloque uma tela no ladrão da caixa d’água;

- Remova folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas;

- Elimine os pratinhos de vasos de plantas ou coloque areia até a borda do prato;

- Mantenha os ralos telados e limpos jogando sal e cloro;

- Mantenha latas e garrafas com a boca virada para baixo e pneus em locais cobertos;

- Faça sempre a manutenção de piscinas ou fontes usando os produtos químicos apropriados.

 

Outra dica é descartar os pneus velhos e outros itens que acumulam água em um dos Ecopontos do Município. Os endereços podem ser consultados na Carta de Serviços, disponível no site (www.praiagrande.sp.gov.br).

 

Sintomas – Em caso de sintomas como febre alta de início súbito, dores pelo corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo, a pessoa pode procurar a Unidade de Saúde da Família (Usafa) na qual está cadastrada. Em caso de sangramento, dor abdominal intensa, vômitos persistentes, aumento do fígado ou acúmulo de líquido, o munícipe deve se dirigir às Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) Samambaia ou Quietude ou o Pronto-Socorro Central, no Bairro Guilhermina.