‘Prodígio’, atleta gamer de Praia Grande, disputa o Mundial de FIFA

A diversão virou coisa séria! O lazer agora é profissão! Aos 17 anos, Pedro Lucas Alves de Lima, ou para os fãs de jogos de futebol de videogame, o ‘Prodígio’, está contando as horas para disputar o seu primeiro Campeonato Mundial. O atleta gamer de Praia Grande, que faz parte da equipe CM Sports, de São Paulo, representará o Brasil no FC Pro Open, um dos principais eventos do planeta da EA Sports, em Atlanta, nos Estados Unidos, no mês de novembro.

O talentoso jovem é um dos principais nomes da atualidade no cenário nacional quando o assunto é game de futebol. “Estou muito feliz pela oportunidade de jogar esta que é uma das principais competições do mundo. Serão jogos de alto nível, mas confio na minha qualidade técnica e preparação que venho fazendo. Sou novo e esse será o primeiro de muitos mundiais”, comentou o jogador.

Pedro começou a dominar os botões do controle logo cedo. Aos 5 anos já jogava futebol virtual. Primeiro, o PES (Pro Evolution Soccer). Não demorou muito para conhecer uma paixão: o FIFA, jogo de futebol mais popular do mundo no cenário gamer. Por conta de seu talento e velocidade de raciocínio, em pouco tempo já estava jogando de igual para igual e até vencendo competidores mais velhos. O apelido ‘Prodígio’ combinou perfeitamente com o surgimento daquela jovem revelação.

“Fazia campeonato de futebol com os amigos. O Pedro ia me acompanhar e quando tinha a oportunidade já estava com o controle na mão. E dando trabalho nas partidas contra os ‘marmanjos’. Ele evoluiu muito rápido e começou a se destacar. Notamos algo de especial e decidimos apoiá-lo nesse caminho”, contou o pai e principal incentivador, Pedro Michael Silva de Lima.

Os anos foram passando e os gols e vitórias no universo online se multiplicaram. Prodígio ganhou os holofotes e popularidade. Seus feitos atraíram fãs, seguidores espalhados por todo o Brasil e também a atenção e o respeito dos rivais. Conquistou títulos importantes, como o Conexão Games, em 2023, no Rio de Janeiro. Uma dessas taças é especial. Praia-grandense de nascimento e morador do Bairro Nova Mirim, Pedro teve o prazer de ser campeão em casa. Foi em 2019, quando garantiu o troféu do Praia Games, maior evento do setor da Região Metropolitana da Baixada Santista.

Todo esse sucesso chamou a atenção de grandes equipes do Brasil. Foi o primeiro atleta gamer a assinar um contrato profissional antes dos 16 anos. Mas os feitos não pararam por aí. Defendeu a R10, equipe de Ronaldinho Gaúcho, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Recebeu elogios públicos de Wendell Lira, ex-jogador de futebol profissional que ganhou o Prêmio Puskas de gol mais bonito do mundo na temporada 2015/2016 e que atualmente integra a Netshoes Miners na categoria de eSports.

Toda esta trajetória de sucesso nos games trouxe consigo a necessidade de uma tomada de decisão radical em sua vida. Algo que jamais tinha passado pela cabeça do Prodígio. Escolher entre dois amores que até aquele momento eram considerados ‘inseparáveis’: o futebol ou o mundo dos videogames.

“Foi muito difícil. Sempre gostei de tudo que envolve o futebol. Joguei na seleção de Praia Grande nas categorias sub-12 e 13. Mas as conquistas nos games me mostraram o caminho. Meu pai falou que o futebol depende de vários fatores para um atleta se tornar profissional. Por outro lado, no eSports dependo apenas do meu esforço, dedicação e empenho para seguir avançando”, comentou o jovem.

A escolha foi acertada. Em meio a mais de 2 mil participantes, Prodígio brilhou. O gamer avançou nas fases de classificação do FC Pro Open e carimbou o passaporte como um dos seis classificados do continente para o Mundial, que será nos Estados Unidos. Mais um feito histórico com pouco tempo de carreira.

“Foi um momento especial. Só avançaram aqui da América do Sul para esta competição eu e mais dois brasileiros, além de dois argentinos e um chileno. Será a minha primeira viagem internacional. Estou ansioso e ao mesmo tempo tranquilo porque confio no trabalho que estou desenvolvendo”, disse Prodígio.

O único ‘probleminha’ dessa primeira experiência internacional do jovem praia-grandense será a distância entre pai e filho que se estabelecerá por conta da viagem. Serão dias intensos para Prodígio devido a competição. E momentos de muita saudade para os familiares que ficarão em Praia Grande. Nada que as lives dos jogos não possam acalmar.

“Sou técnico de atendimento ao cliente externo da Sabesp e durante os jogos estarei trabalhando, mas de olho no celular e comemorando os gols dele pelas ruas. Alguns anos atrás o Pedro já estava se destacando. Eu peguei minha rescisão do trabalho, conversei com minha esposa e decidimos investir no sonho dele. Compramos modernos equipamentos. Na época, fiquei sem nenhum dinheiro. Foi uma decisão correta. Vê-lo brilhar me enche de orgulho. Só não jogo mais videogame com ele, não tem competição. Agora, no futebol de sábado, no campo, eu sou o artilheiro”, brincou o pai do Prodígio, abraçando fraternamente o filho.