Servidores da rede de Atenção Primária de PG recebem capacitação sobre endometriose

Evento aconteceu na Usafa Noêmia e reuniu mais de 260 profissionais de saúde

Por: RODRIGO HERRERO MTB: 46.260 | 28/02/2025


 

Para ampliar o conhecimento dos servidores da rede municipal de saúde sobre a endometriose e auxiliar na promoção do diagnóstico precoce da doença e no tratamento mais adequado, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande realizou dois dias de capacitação sobre o assunto na Unidade de Saúde da Família (Usafa) Noêmia, no Bairro Tupi. Os encontros ocorreram em quatro períodos dos dias 25 e 26 de fevereiro e reuniram mais de 260 profissionais da rede de Atenção Primária.

 

O encontro foi organizado de forma conjunta pelo Núcleo de Educação Permanente em Saúde (NEPS) da Sesap e pelo Núcleo de Educação Permanente do Complexo Hospitalar Irmã Dulce (CHID). Participaram ainda profissionais e residentes de ginecologia da Santa Casa de Santos e a ONG Endomulheres, que presta apoio às mulheres portadoras de endometriose da Baixada Santista.

 

Para o ginecologista Antonio Xavier de Castro Neto, membro do serviço de cirurgia ginecológica do Hospital Irmã Dulce, a capacitação visa dar maior divulgação sobre a doença. “É importante que os profissionais de saúde tomem conhecimento da existência da endometriose e de suas características, porque o diagnóstico precoce é fundamental para a gente evitar sequelas. Então, quanto mais cedo o diagnóstico, melhor é para a paciente. Colocar a par da rede básica essas características muda o futuro das pacientes”, afirma o médico, que também é coordenador do serviço de ginecologia do Hospital Guilherme Álvaro e coordenador do serviço de Tocoginecologia da Santa Casa de Santos.

 

“Para a gente são muito importantes capacitações como essa, pois a gente está trazendo uma conscientização sobre a endometriose para a rede primária, que é o primeiro lugar onde a mulher vai buscar ajuda. Essa ação já está dando frutos, já tem profissionais de saúde nos procurando, passando alguns casos para que a nossa rede de apoio possa ajudar a orientar essa mulher. Atividades assim têm que ser permanentes”, diz Flavia Marcelino, da ONG EndoMulheres, que desenvolve inúmeras ações de acolhimento ao público feminino com esse problema.

 

“Uma capacitação como essa é importante, pois mostra a integração cada vez maior da rede de saúde de Praia Grande, com um olhar mais ampliado, abrangendo todos os níveis de atenção à saúde. Essa ação integrada com o Complexo Hospitalar Irmã Dulce é fundamental para a melhoria da qualidade do serviço ofertado à população”, destaca o responsável pela Divisão de Educação Permanente em Saúde e Comissão de Humanização da Sesap, Guilherme Augusto Braga Silva.

 

Sobre a doença – De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que 8 milhões de mulheres sofrem com a endometriose no Brasil. E uma das principais coisas que caracteriza essa doença é a dor intensa, muitas vezes incapacitante.

 

“Nós as chamamos de seis Ds, que são: dor na menstruação, dor para urinar, dor para evacuar, dor na relação sexual, dor pélvica fora do ciclo e dificuldade para engravidar. Muito se fala que é normal ter cólica, mas ser incapacitada pela cólica não é normal. A principal mensagem é essa, a intensidade e a duração da dor. Uma coisa é você ter três horas de dor no primeiro dia em que está forçando a menstruação, a outra coisa é você ter dor 15 dias no mês”, explica a ginecologista, obstetra e mastologista Mariana Baraldi Quintiliano Xavier de Castro, membro da coordenação do serviço de Tocoginecologia da Santa Casa de Santos, coordenadora da residência médica em Tocoginecologia da Santa Casa de Santos e coordenadora da preceptoria do internato em Ginecologia e Obstetrícia da Universidade São Judas na Santa Casa de Santos.

 

O tratamento indicado depende do estágio da doença que a pessoa se encontra. Por isso, a importância do diagnóstico o mais rápido possível. “Hoje a média de tempo do diagnóstico desde a primeira procura até o diagnóstico de fato é de sete a 10 anos. Isso deveria ser muito mais rápido, diagnosticando no início para evitar as sequelas da doença”, comenta Castro Neto.

 

“Uma vez que a paciente tem o diagnóstico, ela vai ser tratada com medicações e mudança de hábitos de vida, que são bastante efetivas. Então, se ela não tem desejo de engravidar nesse momento, a gente vai bloquear as menstruações, o que bloqueia a doença, associando à dieta correta, exercício físico, exercício perineal, dependendo do estágio em que ela for diagnosticada. Depois, se for desejo engravidar, a gente não pode bloquear a menstruação, então, alguns desses casos passam para indicação cirúrgica. E, infelizmente, em casos mais tardios, a indicação cirúrgica é para tratar as sequelas. Mas, se for diagnosticado no início, a gente consegue na própria unidade básica controlar os sintomas e tratar adequadamente a paciente”, aponta Mariana.