Campanha Setembro Verde incentiva a doação de órgãos

Conversa com a família é fundamental, pois doação depende de autorização dos parentes

Por: RODRIGO HERRERO MTB: 46.260 | 25/09/2025

O Dia Nacional da Doação de Órgãos é celebrado neste sábado (27) e tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação. Com a campanha, o desejo é esclarecer as dúvidas das pessoas sobre o tema e estimular que mais indivíduos se tornem doadores.

 

O Brasil é um dos países que mais faz transplantes no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, em 2024 foram mais de 30 mil procedimentos do gênero, salvando milhares de vidas. Das famílias entrevistadas, 55% disseram sim à doação de órgãos. No entanto, dados mais recentes informam existir ainda uma fila de mais de 70 mil pessoas aguardando órgãos. Para reverter esse quadro e angariar mais pessoas, além do dia específico, este mês é celebrado o Setembro Verde, o mês da doação de órgãos, reforçando a campanha sobre o assunto.

 

De acordo a legislação brasileira, somente a família da pessoa que morreu pode autorizar a doação de órgãos. Por isso, é tão importante as pessoas que têm o desejo de serem doadoras se manifestarem para seus familiares a respeito.

 

Uma outra medida adotada em 2024 para deixar esse desejo mais evidente foi a possibilidade de os doadores poderem registrar esse desejo no site ou no aplicativo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com isso, os familiares e o sistema de saúde vão saber da decisão do indivíduo. A autorização familiar permanece, porém, a ideia dessa iniciativa é tornar essa intenção mais transparente.

 

Com a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo), será possível registrar esse desejo em uma plataforma online, com certificação em cartório. Os interessados em registrar a doação deverão acessar o app ‘e-Notariado’ ou o site www.aedo.org.br.

 

Como doar – Se você tem a intenção de ser doador, converse com a sua família, pois somente ela é quem poderá autorizar a retirada e doação dos órgãos e tecidos, conforme determina a Lei federal nº 9.434/2007, regulamentada pelo Decreto nº 9.175/2017. Os órgãos doados são encaminhados para indivíduos que precisam de um transplante e aguardam em lista única, controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde.

 

Importante lembrar que, além da doação em morte, existe a doação em vida. Neste caso, ela pode ser feita por pessoas com mais de 21 anos, conforme avaliação médica, e apenas entre cônjuges ou parentes de até quarto grau com compatibilidade sanguínea. Entre não familiares, a doação só ocorre mediante autorização judicial.

 

Referência – O Hospital Municipal Irmã Dulce é referência na Baixada Santista em captação de órgãos e tecidos. Só em 2024, o Hospital registrou 45 notificações de morte encefálica, resultando em 18 captações de órgãos. Ao todo, foram disponibilizados 57 órgãos, incluindo 33 rins, oito fígados, 10 córneas, um pâncreas, dois pulmões e três corações.

 

De acordo com a Organização de Procura de Órgãos da Escola Paulista de Medicina (OPO-EPM), responsável por procurar e captar órgãos e notificar à Central de Transplantes, o Irmã Dulce foi o segundo hospital que mais realizou notificações de morte encefálica na região Sul e Litoral de São Paulo em 2024, demonstrando todo o comprometimento da instituição com a doação de órgãos e a importância desse trabalho que traz esperança a quem aguarda por um transplante.

 

Outro dado interessante é quanto às doações efetivas, ou seja, quando o processo iniciado na notificação de morte encefálica gera a captação do órgão e o transplante é concluído com sucesso. “Segundo a OPO do Estado, o Hospital Irmã Dulce é o primeiro lugar dos hospitais do Estado que mais teve doadores efetivos e transplantados em 2024. Esse é um dado fantástico, pois entre o diagnóstico de morte encefálica e o transplante efetivado tem um longo caminho, tem a manutenção do corpo e dos órgãos extraídos, a busca pela pessoa compatível para receber o órgão e são várias entidades que trabalham junto, respeitando a fila única do Sistema Nacional de Transplantes”, disse o coordenador de enfermagem e presidente da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Municipal Irmã Dulce, Luiz Henrique Pereira.