Usafas de Praia Grande passam por capacitação sobre atendimento a vítimas de violência
Ação do Agosto Lilás envolveu diversas secretarias e a ONG DCM
Por: RODRIGO HERRERO MTB: 46.260 | 07/08/2025
A Prefeitura de Praia Grande promoveu nesta semana uma capacitação sobre violência contra a mulher e criança para os profissionais de saúde que atuam nas Unidades de Saúde da Família (Usafas). Com o tema “Cuidar e Proteger: enfrentando a violência contra a mulher”, o encontro ocorreu na terça (5) e quarta-feira (6) no Auditório Jornalista Roberto Marinho, no Bairro Mirim. O objetivo é ampliar o conhecimento para toda a rede dos serviços oferecidos para as vítimas serem acolhidas e terem seus direitos garantidos.
Promovido pelo Núcleo de Educação Permanente em Saúde (NEPS), da Secretaria de Saúde Pública (Sesap), o evento foi realizado em parceria com a Secretaria de Assuntos de Segurança Pública (Seasp), por meio da Guarda Civil Municipal, a Secretaria de Assistência Social (Seas), a Secretaria de Diversidade e Inclusão (Sedi) e a ONG Defesa e Cidadania da Mulher (DCM). A ação faz parte do Agosto Lilás, mês de conscientização e combate à violência contra a mulher.
Para o responsável pelo NEPS e pela Comissão de Humanização da Sesap, Guilherme Augusto Braga Silva, a ação intersetorial visa fazer com que as pessoas se conheçam e dialoguem de forma integrada, compartilhando os saberes sobre os funcionamentos dos serviços existentes na rede. “Além de formar e trazer uma base teórica, que é importante, conhecer a legislação, os tipos de violência que acometem às mulheres, é preciso saber como lidar com essas situações. Para isso, nós oferecemos essa capacitação para mostrar a importância de os profissionais de saúde conhecerem como os fluxos são direcionados para o melhor atendimento a essas mulheres”.
O mesmo pensamento é corroborado pela assistente social Alessandra Ramos, da Seas, que apresentou os serviços de sua pasta que podem ser acessados pelas vítimas de violência. “Informação também é prevenção. Então, é extremamente pertinente esse tema para que a gente fortaleça os servidores, para que se consiga ofertar os serviços da rede e compartilhar essa informação, se juntando nesse enfrentamento da violência contra a mulher”.
A ONG DCM é uma parceira importante nesse trabalho no Município. Com 20 anos de atuação na defesa de mulheres vítimas de violência doméstica, a entidade age em colaboração com a Defensoria Pública para o atendimento jurídico dessas mulheres, além de oferecer assistente social e psicóloga. “Nós trabalhamos em rede como o Município, temos contatos de todos os atores envolvidos e, além de fazer o atendimento delas na ONG, encaminhamos para os serviços municipais, quando há necessidade, para que as vítimas tenham o devido atendimento”, explica a psicóloga Adriana Thomaz, da ONG DCM.
Outro ator essencial nesse processo é o Grupamento Guardiã Maria da Penha, que integra a Guarda Civil Municipal (GCM) de Praia Grande. Desde 2023, quando foi implantado na Cidade, o serviço que atua especificamente na proteção dessas vítimas, já atendeu 443 mulheres.
A inspetora Mayara Paiva palestrou sobre o serviço que é destaque no Município. “A presença da equipe Guardiã Maria da Penha em eventos como essa capacitação é fundamental, pois muitas pessoas ainda não conhecem o nosso trabalho. Então, a gente vem para passar o conhecimento, auxiliando no atendimento que esses profissionais vão dar para essas mulheres e crianças que podem sofrer violência doméstica, que seria um acolhimento empático, sigiloso, com privacidade, sem julgamento”, diz. “A ideia é que essas mulheres se sintam acolhidas, mesmo que elas ainda não estejam prontas para denunciar e, se elas tiverem prontas para fazê-lo, a nossa rede já saberá quando solicitar a equipe Guardiã Maria da Penha e quando vai fazer o encaminhamento para o setor de assistência social da nossa cidade”, complementa a inspetora.
Esse acolhimento, inclusive, é o que pode fazer a diferença para encorajar a mulher a procurar ajuda. “Precisamos desse treinamento porque comunicação e acolhimento pode parecer como um dom, mas isso é técnica que precisamos desenvolver para estarmos sempre atentos em como podemos melhorar e multiplicar essa informação nas nossas unidades. Precisamos despertar isso no servidor para conseguir acolher melhor essa mulher e direcioná-la corretamente para os próximos passos”, explica a médica de família da Usafa Quietude, Amaralina Duarte Gonçalves, uma das palestrantes da capacitação.
O recorte LGBT também foi abordado durante a capacitação. A diretora da Divisão de Assuntos LGBTQIAPN+ Ana Beatriz Miranda Ferreira, da Secretaria de Diversidade e Inclusão (Sedi), ressaltou que a violência contra a mulher independe de condição, cor, gênero e sexualidade. “A violência atinge as mulheres em todo o recorte interseccional, ou seja, a sociedade é mais violenta com as mulheres negras, com as mulheres LBT (lésbicas, bissexuais e transexuais), com as mulheres com deficiência. E agosto também é o mês da visibilidade lésbica, então, trouxe a importância deste aspecto, pois quando a gente pensa na violência foca na relação heternormativa de homem e mulher cis heterossexuais, onde o homem é o agressor. Mas hoje o panorama é diferente, a violência está contida em todas as relações humanas, inclusive nas homoafetivas. Então, nossa ideia foi capacitar os servidores da saúde para que eles consigam enxergar e acolher todas as mulheres, independente das questões de gênero e sexualidade”.
Denúncia – Qualquer mulher em situação de violência doméstica pode denunciar pelo telefone 153, da Guarda Civil Municipal.
Data – O Agosto Lilás é uma campanha estabelecida pelo governo federal, transformando o mês de agosto em um período dedicado à conscientização e combate à violência contra a mulher. A escolha deste mês se deu pela sanção da Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/ 2006), assinada no dia 7 de agosto, uma referência fundamental no enfrentamento da violência doméstica no Brasil. A campanha visa sensibilizar e informar a população sobre a identificação de situações de violência e os canais disponíveis para denúncias, promovendo uma rede de apoio e proteção para as vítimas.